A frase acima [o título] parece estar incompleta. É a minha reação espontânea que faz acrescentar ali as palavras que faltavam. Seria assim: "Deixar de usar o termo 'lesbianismo', bem como 'homossexualismo' e 'gayzismo' - este último que nem existe nos dicionários legítimos e sérios, pois é uma debochada criação de Olavo de Carvalho [o ex-mago] e repetida pelo seu discípulo, padre Paulo Ricardo, seguido pelos milhares católicos homofóbicos". Tudo bem, a "minha frase" ficou mais longa e distante da "revelação" feita pelo portal "nova guia". O título original da matéria é: "Atriz global Claudia Jimenez deixa lesbianismo".
O título é como a chave de uma fechadura. Se estiver enferrujada, não vai funcionar bem. Não preciso ser um profissional de jornalismo para detectar os erros grosseiros, pelo menos dois, na abertura da matéria. Não sei de onde surgiu a mania de chamar atores e atrizes da Rede Globo de Televisão de "globais", se 99% deles não passam de nacionais. É quase como atribuir aos atores da Band o apelido de bandidos. Mas isso é de menos.
O que é que queria dizer a expressão "deixar lesbianismo"? Será que a pessoa que fez esse "anúncio de um milagre" ouviu falar de bissexualidade? De fato, vivemos numa época de notícias igualmente rápidas e superficiais. Isto é, uma época da difusão de burrices, a verdadeira epidemia de palavras sem conteúdo.
O próprio artigo cita os desabafos da atriz que disse, por exemplo: "Não tinha sensualidade, era muito mais gorda do que sou hoje. Não tinha forma nem vaidade. Achava que não tinha cacife para seduzir um homem. Como tinha de ser amada, me joguei nas mulheres". Tirando a curiosa ingenuidade da atriz, ao considerar mais fácil encontrar (sim, seduzir) alguém dentro de uma minoria, parece ser uma enorme arrogância afirmar que para se relacionar, ou - usando a sua expressão - se jogar nos braços de uma mulher, não precisava de sensualidade, forma e vaidade. Por que? Porque o relacionamento homoafetivo é um vaso sanitário?
A matéria fornece várias "pérolas" que seriam cômicas se não fossem trágicas: "As declarações da atriz, que não associa homossexualidade a algo inato à pessoa e sim como comportamento que pode ser superado, deixou a militância LGBT do país em polvorosa"; "Claudia deixou nas entrelinhas que sua opção pelo lesbianismo se deveu a diversos fatores externos como trauma de infância, rejeição e carência afetiva". No cotexto da última frase, acho interessante mencionar aqui o título da entrevista, concedida pela atriz ao jornal "Folha de São Paulo" (que, aliás, é a única fonte devidamente citada no artigo): "Claudia Jimenez diz que rejeição fez florescer seu lado cômico". Coerência jornalística? Que nada!
Quando a gente pensa que uma tese bizarra já tenha sido superada, neste caso de "cura gay", de repente aparece alguém que lança uma declaração brilhante, como esta: "Que outros sigam o exemplo de Claudia. Há saída para o comportamento homossexual". Só faltou o final lógico da frase: "...no caso de pessoas bissexuais".
Realmente a quantidade de informações desnecessárias e jornalistas preguiçosos atualmente é gritante, gerando diariamente pérolas como essas. É o preço a pagar pela facilidade e disseminação atual da informação. Cadê a imparcialidade? O profissionalismo? O bom senso? Otimo texto senhor, eu ri dos "bandidos".
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