ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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7 de junho de 2013

Muito além do arco-íris

O tamanho, sem dúvida, não é documento! Quando recebi a encomenda, enviada pelo Grupo Summus [Edições GLS], antes de abrir o pacote, pensei que tivesse sido enganado. A coisa não pesava quase nada e ao rasgar camadas e mais camadas de papelão, encontrei... um fino livreto de capa colorida:



Ah, como me enganei! A inicial decepção logo deu lugar à fascinação. Em pouco mais de um total de 100 páginas, mergulhei profundamente nos mais graves e reais dilemas da vida em dois e encontrei muitas pistas e soluções. O texto de Klecius Borges é baseado em sua prática clínica de psicólogo, dedicado ao atendimento de gays, lésbicas, bissexuais e seus familiares de acordo com a visão afirmativa. A principal tese, repetida em todos os capítulos, de maneira altamente objetiva, na abordagem de historias de vida real, é que não se pode tratar os problemas e desafios vividos nos relacionametos homoafetivos a partir de uma perspectiva heteronormativa. “Por mais que certas questões relacionais sejam comuns a todos os indivíduos, afirmar que casais são casais, não importando sua orientação e identidade sexual, é no mínimo um reducionismo. Para mim, essa atitude é inaceitável” - diz o Autor.

Digo mais: além de toda ajuda direta em questões que são também minhas, encontrei um argumento, ou melhor, uma analogia [ou lógica] que confirma todo o objetivo dos meus esforços relacionados à Pastoral para Homossexuais. Klecius escreve: Em minha prática clínica, predominantemente voltada para gays, lésbicas, bissexuais e seua familiares, as questões sobre relacionamentos são talvez as mais frequentes. Acredito não ser muito diferente em outras clínicas, mas no meu caso há uma particularidade: gays, lésbicas e bissexuais, ao contrário dos heterossexuais, não encontram nas livrarias, no cinema ou na televisão muitas referências ou representações sobre a natureza de seus relacionamentos - que, por razões óbvias, têm catacterísticas e desafios bastante diferentes daqueles que seguem heteronormatividade. Exatamente o mesmo pode ser dito sobre a falta de referências na assistência espiritual e pastoral da Igreja em relação às pessoas homo- e bissexuais. Por mais que se queira negar tal coisa, existe na Igreja (usando os termos do Autor) uma cultura não apenas heteronormativa, mas muitas vezes opressora e dominada, ainda hoje, por práticas e atitudes fortemente discriminatórias.

A Pastoral para Homossexuais não pretende substituir o trabalho de psicólogos e outros profissionais. Ela vem para somar e ocupar o seu lugar próprio. Basta ler a seguinte frase de Klecius Borges, com o devido "enxerto" da minha parte: Questões como autoaceitação, [espiritualidade, oração, vida sacramental, dilemas de consciência], visibilidade social, homofobia, visão patológica da sexualidade e preconceito em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e à homopaternalidade, entre outras, além de específicas desse grupo, carregam em si um elevado teor emocional que requer, a meu ver, uma escuta distinta.

Enfim, recomendo a leiura do livro "Muito além do arco-íris: amor, sexo e relacionamentos na terapia homoafetiva" de Klecius Borges (Edições GLS, São Paulo, 2013). Compre aqui.

30 de maio de 2013

A arte de confundir



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Antes de comentar uma situação concreta e atual, gostaria de recorrer à reflexão bíblica, para mostrar a verdadeira origem da confusão que consiste em levar os interlocutores (sejam ouvintes, ou leitores) a conclusões precipitadas e equivocadas, usando para tal objetivo o proposital e maléfico jogo de palavras. Vamos ao Livro de Gênesis: A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha formado. Ela disse a mulher: É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?” (Gn 3, ,1). Com outras palavras: "Querida mulher, eu vim para ajudar, mas permita-me, primeiro, confundir a sua cabeça!"...

Agora vamos aos fatos. Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, Presidente do Pró-Vida de Anápolis, escreveu uma carta à Presidência da CNBB, sobre a recente "Nota sobre uniões estáveis de pessoas do mesmo sexo", emitida pela instituição. Não vou analisar, hoje, nenhum dos mencionados textos em sua totalidade, quero, porém, apontar um fenômeno que, imediatamente, me lembrou a passagem bíblica, mencionada acima.

Enquanto os Bispos do Brasil, de acordo com o oficial e atual ensinamento da Igreja, escrevem: "Desejamos também recordar nossa rejeição à grave discriminação contra pessoas devido à sua orientação sexual, manifestando-lhes nosso profundo respeito", o Padre Lodi, com a reverência devida aos Sucessores dos Apóstolos, toma a ousada [e astuta] liberdade, para chamar a sua atenção (os grifes são meus):

Logo no primeiro parágrafo, diz a Nota: "Desejamos também recordar nossa rejeição à grave discriminação contra pessoas devido à sua orientação sexual...". A Santa Sé tem evitado sistematicamente usar o termo "orientação sexual", tão caro à ideologia de gênero. Com efeito, o homossexualismo – dado o seu caráter antinatural – não é uma "orientação", mas uma desorientação sexual. Quanto à discriminação contra as pessoas homossexuais, o Catecismo da Igreja Católica condena-a, mas acrescenta um importante adjetivo, que não foi reproduzido na Nota: "Evitar-se-á para com eles [os homossexuais] todo sinal de discriminação injusta" (Catecismo, n. 2358). Ao usar ao adjetivo "injusta", o Catecismo dá a entender que existem discriminações justas para com os homossexuais. E de fato há. Uma delas é a proibição de se aproximarem da Sagrada Comunhão (o que vale para qualquer pessoa em pecado grave). Outra delas é o impedimento de ingressarem em Seminários ou Institutos Religiosos. Um terceiro exemplo seria o de uma mãe de família que demite a babá que cuida de seus filhos, ao constatar que ela é lésbica... Considerar que toda discriminação aos homossexuais é injusta seria dar direitos ao vício contra a natureza.

O padre que fala de "uma desorientação sexual", mostra claramente a sua desorientação doutrinal, afirmando a existência de "discriminações justas", sendo uma delas, a proibição de [os homossexuais] se aproximarem da Sagrada Comunhão, o que vale para qualquer pessoa em pecado grave. Usando a mesma linguagem - e a lógica - da CNBB, que diz: "As uniões de pessoas do mesmo sexo não podem ser simplesmente equiparadas ao casamento", eu digo: "A homossexualidade não pode ser simplesmente equiparada ao pecado grave", de acordo com a doutrina da Igreja. É o Catecismo da Igreja Católica que, ao mencionar pessoas homossexuais, usa os termos: "experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo"; "Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas", o que "constitui, para a maior parte deles, uma provação" [cf. CIC 2357-2359]. Ou seja, em nenhum momento, a Igreja, nem a lógica, define "tendência", "experiência", "atração", ou "provação", como um pecado. Pelo que aprendemos, já na catequese infantil, o pecado consiste em ato consciente e deliberado, contrário à vontade de Deus (em particular, aos seus Mandamentos).

Dizer, portanto, que os homossexuais, só por serem homossexuais, estão vivendo no pecado grave e são proibidos de se aproximarem à Sagrada Comunhão, é uma tentativa nítida de confundir a cabeça, especialmente daqueles que estão vivendo a delicada realidade de conflito interior, entre a sua consciência religiosa e a identidade homossexual. Digo mais: é um ato de agressão aos indefesos. É o claro incentivo à discriminação e ao preconceito, portanto, à violência. É uma atitude demoníaca, cuja essência está em uma total ausência de amor, em astúcia e má fé.

Se você quiser continuar a reflexão sobre a busca de uma atitude mais consciente das pessoas homossexuais, em relação à Eucaristia, leia - neste blog - "Corpus Christi", "Analogias de Corpus Christi", "Homossexuais e Eucaristia (1)" e "Homossexuais e Eucaristia (2)".

Em breve pretendo escrever, um pouquinho, sobre a "ideologia de gênero" (mencionada, também, pelo padre Lodi no texto citado acima). O ponto de partida será um discurso, bem interessante, do Papa (hoje Emérito) Bento VXI.

Até em breve!

19 de maio de 2013

Pentecostes: novidade, harmonia, missão




O Papa Francisco, celebrando hoje a Solenidade de Pentecostes, dirigiu a todos nós uma belíssima mensagem (leia na íntegra aqui). A simplicidade e a coragem são as características notáveis da pregação do Papa Francisco. E quando leio as suas palavras, da perspectiva de um homossexual, batizado na Igreja Católica, encontro nelas uma mensagem de consolação e esperança. Os trechos que especialmente chamaram a minha atenção são estes:

A novidade causa sempre um pouco de medo, porque nos sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós a construir, programar, projetar a nossa vida de acordo com os nossos esquemas, as nossas seguranças, os nossos gostos. E isto verifica-se também quando se trata de Deus [...] temos medo que Deus nos faça seguir novas estradas, faça sair do nosso horizonte frequentemente limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes. Mas, em toda a história da salvação, quando Deus Se revela traz novidade – Deus traz sempre novidade. [...] A novidade que Deus traz à nossa vida é verdadeiramente o que nos realiza, o que nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira serenidade, porque Deus nos ama e quer apenas o nosso bem. Perguntemo-nos hoje a nós mesmos: Permanecemos abertos às “surpresas de Deus”? Ou fechamo-nos, com medo, à novidade do Espírito Santo? Mostramo-nos corajosos para seguir as novas estradas que a novidade de Deus nos oferece, ou pomo-nos à defesa fechando-nos em estruturas caducas que perderam a capacidade de acolhimento? [...] À primeira vista o Espírito Santo parece criar desordem na Igreja, porque traz a diversidade dos carismas, dos dons. Mas não; sob a sua ação, tudo isso é uma grande riqueza, porque o Espírito Santo é o Espírito de unidade, que não significa uniformidade, mas a recondução do todo à harmonia. Só Ele pode suscitar a diversidade, a pluralidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade. [...] Se [...] nos deixamos guiar pelo Espírito, a riqueza, a variedade, a diversidade nunca dão origem ao conflito, porque Ele nos impele a viver a variedade na comunhão da Igreja. [...] O Espírito Santo é a alma da missão. O Espírito Santo ergue o nosso olhar para o horizonte e impele-nos para as periferias da existência a fim de anunciar a vida de Jesus Cristo. Perguntemo-nos, se tendemos a fechar-nos em nós mesmos, no nosso grupo, ou se deixamos que o Espírito Santo nos abra à missão.

Há alguns anos tenho conversado com várias pessoas a respeito de uma "Pastoral para homossexuais". A ideia, evidentemente, não é minha. Por mais incrível que pareça, ela vem da própria Santa Sé (leia a "Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre o atendimento pastoral das pessoas homossexuais"). Sempre procurei, como interlocutores nesse assunto, as pessoas que se identificam com a Igreja Católica e que são (ou simpatizam com) homossexuais. Todas as reações, até agora, variam entre o espanto e um pouco de admiração para com a ideia (desde que fique em dimensão de ideias). Ou seja, nunca consegui chegar, com ninguém, à decisão: "Está bem! Vamos começar!".

Continuo, então, escrevendo. E clamando pelo novo Pentecostes!

15 de maio de 2013

Retorno ao "Retorno G-A-Y"


Muito tempo se passou desde a minha última postagem neste blog. Aconteceram, também, muitas coisas: no mudo, na Igreja, no "Universo GLBTS", na minha vida... Enfim, talvez esteja na a hora de voltar a escrever aqui. Recebi vários sinais de apoio, inclusive em outros idiomas (só tratei como spam os textos de propaganda de produtos que não têm nada a ver com o contexto do blog). Publiquei, também, as críticas recebidas no espaço de comentários (às quais, sucessivamente, vou tentar responder). Agradeço a todos pelas visitas e prometo continuar a reflexão que pretende buscar (ou construir) as pontes entre a homossexualidade e a fé cristã [católica], por mais que isso seja considerado (por muitos) impossível. O impossível era o fato de andar sobre as águas, mesmo assim aconteceu. Aos Leitores "casuais" e aos "de propósito", dirigo este pedido: "FAVOR, NÃO ALIMENTAR OS MEDOS!".

17 de julho de 2012

JMJ RIO2013


É muito natural que a Jornada Mundial da Juventude ocupe o lugar de destaque em todos os meios católicos de comunicação, bem como em nossas paróquias. Temos agora apenas um ano de contagem regressiva. Será que a Igreja (enquanto a instituição e enquanto o povo) saberá aproveitar esta HORA DA GRAÇA? Ou, mais uma vez, deixará tudo escorrer por entre os dedos...? E tudo isso, de novo, pela falta de atenção que, neste contexto, é o sinônimo de arrogância. O Idealizador (Fundador) das Jornadas, Beato João Paulo II, em sua última mensagem designada a tal evento [aqui] - que por isso pode ser lida como um testamento - escreveu:

São tantos os nossos contemporâneos que ainda não conhecem o amor de Deus, ou procuram encher o coração com alternativas insignificantes. É urgente, por conseguinte, ser testemunhas do amor contemplado em Cristo. O convite para participar na Jornada Mundial da Juventude é também para vós, queridos amigos que não sois batizados ou que não vos reconheceis na Igreja. Não é porventura verdade que também vós tendes sede de Absoluto e andais em busca de "algo" que dê significado à vossa existência? Dirigi-vos a Cristo e não sereis desiludidos.


Os homossexuais (entre tantos outros) não somente são ignorados/banalizados/desprezados (etc.) no ambiente eclesial, mas, eles próprios, em grande maioria, não admitem qualquer ligação sua com a Igreja. Há uns meses conversei com um gay assumido, católico, sobre a ideia de encontros para promover uma "Pastoral para homossexuais". Mesmo com todos os dilemas próprios para essa (aparente) dupla identidade, o rapaz definiu tal ideia como improvável.

Posso sonhar? Os grupos organizados de jovens homossexuais católicos, em vez de protagonizar atos do tipo "beijação" (a exemplo de Madri), poderiam formar núcleos da JMJ-GLBTS. Não para protestar, contestar e atrapalhar. Seria para marcar presença (na linguagem cristã: dar testemunho) e, justamente, aproveitar a HORA DA GRAÇA...

EI, VOCÊ QUE FAZ PARTE DA COMUNIDADE GLBTS!
EXERÇA SUA JUVENTUDE
E SEJA UM(A) VOLUNTÁRIO(A) DA JMJ RIO2013!
[AQUI]

23 de junho de 2012

Retorno do "Retorno (G-A-Y)"


Meus amores, desculpem-me por ter abandonado este espaço virtual ao longo de vários meses. Não sei explicar diteito o que houve. Talvez tenha sido algo como deixar a roupa suja de molho ou um frango temperado de repouso para o dia seguinte... Aos eventuais preocupados digo: não deixei de ser gay nem de ser católico. Não desisti também da ideia de promover a reconciliação desses dois mundos, pois creio que, como aconteceu em mim, pode acontecer no mundo também. Acontecer o que mesmo? A reconciliação entre gay e católico, entre o "mundo gay" e a Igreja Católica. Antigamente este blog levava o nome de "Reconciliado consigo mesmo". Um dia desisti dele, mas, voltei correndo e criei este "retorno". Quem sabe, dei uma pausa agora, para reviver, de fato, um retorno.. Há muitos temas, várias reflexões, experiências boas e menos boas... Enfim ,creio que a inspiração tenha voltado.

Agora assistam um interessante (e provocante) vídeo:

29 de novembro de 2011

André e os gregos

Havia alguns gregos entre os que tinham subido a Jerusalém para adorar durante a festa. Eles se aproximaram de Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e disseram: “Senhor, queremos ver Jesus”. Filipe conversou com André, e os dois foram falar com Jesus. (Jo 12, 20-22)

O Papa Bento XVI dedicou uma das suas catequeses [em junho de 2006 - leia aqui] à figura de Santo André (cuja festa é celebrada no dia 30 de novembro):

A primeira característica que em André chama a atenção é o nome: não é hebraico, como teríamos pensado, mas grego, sinal de que não deve ser minimizada uma certa abertura cultural da sua família. Estamos na Galileia, onde a língua e a cultura gregas estão bastante presentes. (...)

Para a festa da Páscoa narra João tinham vindo à cidade santa alguns Gregos, provavelmente prosélitos ou tementes a Deus, que vinham para adorar o Deus de Israel na festa da Páscoa. André e Filipe, os dois apóstolos com nomes gregos, servem como intérpretes e mediadores deste pequeno grupo de Gregos junto de Jesus.

A resposta do Senhor à sua pergunta parece como muitas vezes no Evangelho de João enigmática, mas precisamente por isso revela-se rica de significado. Jesus diz aos dois discípulos e, através deles, ao mundo grego: "Chegou a hora de se revelar a glória do Filho do Homem. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto" (12, 23-24).

O que significam estas palavras neste contexto? Jesus quer dizer: sim, o encontro entre mim e os Gregos terá lugar, mas não como simples e breve diálogo entre mim e algumas pessoas, estimuladas sobretudo pela curiosidade. Com a minha morte, comparável à queda na terra de um grão de trigo, chagará a hora da minha glorificação. A minha morte na cruz originará grande fecundidade: o "grão de trigo morto" símbolo de mim crucificado tornar-se-á na ressurreição pão de vida para o mundo; será luz para os povos e para as culturas. Sim, o encontro com a alma grega, com o mundo grego, realizar-se-á naquela profundidade à qual faz alusão a vicissitude do grão de trigo que atrai para si as forças da terra e do céu e se torna pão. Por outras palavras, Jesus profetiza a Igreja dos gregos, a Igreja dos pagãos, a Igreja do mundo como fruto da sua Páscoa.

Tradições muito antigas vêem em André, o qual transmitiu aos gregos esta palavra, não só o intérprete de alguns Gregos no encontro com Jesus agora recordado, mas consideram-no como apóstolo dos Gregos nos anos que sucederam ao Pentecostes; fazem-nos saber que no restante da sua vida ele foi anunciador e intérprete de Jesus para o mundo grego. Pedro, seu irmão, de Jerusalém, passando por Antioquia, chegou a Roma para aí exercer a sua missão universal; André, ao contrário, foi o apóstolo do mundo grego. (...)

Todas essas afirmações podem nos ajudar a reconhecer em Santo André o símbolo de um intercâmbio entre dois mundos diferentes. Antes: a civilização grega e a realidade judaica (depois cristã). Hoje, por que não: uma ponte, um encontro possível, entre o mundo cristão e o "mundo gay" (coincidentemente, o amor homossexual, é chamado de "amor grego").

Jesus insiste em nos convencer de todas as maneiras (hoje, por meio de Santo André) de que esse diálogo é possível e é necessário. Com outras palavras: fazem-se necessários homens e mulheres que, como André, pertençam a dois mundos, reconciliando-os mutuamente com o seu testemunho e a sua identidade...

Santo André, rogai por nós!