O tamanho, sem dúvida, não é documento! Quando recebi a encomenda, enviada pelo Grupo Summus [Edições GLS], antes de abrir o pacote, pensei que tivesse sido enganado. A coisa não pesava quase nada e ao rasgar camadas e mais camadas de papelão, encontrei... um fino livreto de capa colorida:
Ah, como me enganei! A inicial decepção logo deu lugar à fascinação. Em pouco mais de um total de 100 páginas, mergulhei profundamente nos mais graves e reais dilemas da vida em dois e encontrei muitas pistas e soluções. O texto de Klecius Borges é baseado em sua prática clínica de psicólogo, dedicado ao atendimento de gays, lésbicas, bissexuais e seus familiares de acordo com a visão afirmativa. A principal tese, repetida em todos os capítulos, de maneira altamente objetiva, na abordagem de historias de vida real, é que não se pode tratar os problemas e desafios vividos nos relacionametos homoafetivos a partir de uma perspectiva heteronormativa. “Por mais que certas questões relacionais sejam comuns a todos os indivíduos, afirmar que casais são casais, não importando sua orientação e identidade sexual, é no mínimo um reducionismo. Para mim, essa atitude é inaceitável” - diz o Autor.
Digo mais: além de toda ajuda direta em questões que são também minhas, encontrei um argumento, ou melhor, uma analogia [ou lógica] que confirma todo o objetivo dos meus esforços relacionados à Pastoral para Homossexuais. Klecius escreve: Em minha prática clínica, predominantemente voltada para gays, lésbicas, bissexuais e seua familiares, as questões sobre relacionamentos são talvez as mais frequentes. Acredito não ser muito diferente em outras clínicas, mas no meu caso há uma particularidade: gays, lésbicas e bissexuais, ao contrário dos heterossexuais, não encontram nas livrarias, no cinema ou na televisão muitas referências ou representações sobre a natureza de seus relacionamentos - que, por razões óbvias, têm catacterísticas e desafios bastante diferentes daqueles que seguem heteronormatividade. Exatamente o mesmo pode ser dito sobre a falta de referências na assistência espiritual e pastoral da Igreja em relação às pessoas homo- e bissexuais. Por mais que se queira negar tal coisa, existe na Igreja (usando os termos do Autor) uma cultura não apenas heteronormativa, mas muitas vezes opressora e dominada, ainda hoje, por práticas e atitudes fortemente discriminatórias.
A Pastoral para Homossexuais não pretende substituir o trabalho de psicólogos e outros profissionais. Ela vem para somar e ocupar o seu lugar próprio. Basta ler a seguinte frase de Klecius Borges, com o devido "enxerto" da minha parte: Questões como autoaceitação, [espiritualidade, oração, vida sacramental, dilemas de consciência], visibilidade social, homofobia, visão patológica da sexualidade e preconceito em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e à homopaternalidade, entre outras, além de específicas desse grupo, carregam em si um elevado teor emocional que requer, a meu ver, uma escuta distinta.
Enfim, recomendo a leiura do livro "Muito além do arco-íris: amor, sexo e relacionamentos na terapia homoafetiva" de Klecius Borges (Edições GLS, São Paulo, 2013). Compre aqui.
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