O Papa Francisco, celebrando hoje a Solenidade de Pentecostes, dirigiu a todos nós uma belíssima mensagem (leia na íntegra aqui). A simplicidade e a coragem são as características notáveis da pregação do Papa Francisco. E quando leio as suas palavras, da perspectiva de um homossexual, batizado na Igreja Católica, encontro nelas uma mensagem de consolação e esperança. Os trechos que especialmente chamaram a minha atenção são estes:
A novidade causa sempre um pouco de medo, porque nos sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós a construir, programar, projetar a nossa vida de acordo com os nossos esquemas, as nossas seguranças, os nossos gostos. E isto verifica-se também quando se trata de Deus [...] temos medo que Deus nos faça seguir novas estradas, faça sair do nosso horizonte frequentemente limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes. Mas, em toda a história da salvação, quando Deus Se revela traz novidade – Deus traz sempre novidade. [...] A novidade que Deus traz à nossa vida é verdadeiramente o que nos realiza, o que nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira serenidade, porque Deus nos ama e quer apenas o nosso bem. Perguntemo-nos hoje a nós mesmos: Permanecemos abertos às “surpresas de Deus”? Ou fechamo-nos, com medo, à novidade do Espírito Santo? Mostramo-nos corajosos para seguir as novas estradas que a novidade de Deus nos oferece, ou pomo-nos à defesa fechando-nos em estruturas caducas que perderam a capacidade de acolhimento? [...] À primeira vista o Espírito Santo parece criar desordem na Igreja, porque traz a diversidade dos carismas, dos dons. Mas não; sob a sua ação, tudo isso é uma grande riqueza, porque o Espírito Santo é o Espírito de unidade, que não significa uniformidade, mas a recondução do todo à harmonia. Só Ele pode suscitar a diversidade, a pluralidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade. [...] Se [...] nos deixamos guiar pelo Espírito, a riqueza, a variedade, a diversidade nunca dão origem ao conflito, porque Ele nos impele a viver a variedade na comunhão da Igreja. [...] O Espírito Santo é a alma da missão. O Espírito Santo ergue o nosso olhar para o horizonte e impele-nos para as periferias da existência a fim de anunciar a vida de Jesus Cristo. Perguntemo-nos, se tendemos a fechar-nos em nós mesmos, no nosso grupo, ou se deixamos que o Espírito Santo nos abra à missão.
Há alguns anos tenho conversado com várias pessoas a respeito de uma "Pastoral para homossexuais". A ideia, evidentemente, não é minha. Por mais incrível que pareça, ela vem da própria Santa Sé (leia a "Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre o atendimento pastoral das pessoas homossexuais"). Sempre procurei, como interlocutores nesse assunto, as pessoas que se identificam com a Igreja Católica e que são (ou simpatizam com) homossexuais. Todas as reações, até agora, variam entre o espanto e um pouco de admiração para com a ideia (desde que fique em dimensão de ideias). Ou seja, nunca consegui chegar, com ninguém, à decisão: "Está bem! Vamos começar!".
Continuo, então, escrevendo. E clamando pelo novo Pentecostes!
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