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Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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30 de maio de 2013

A arte de confundir



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Antes de comentar uma situação concreta e atual, gostaria de recorrer à reflexão bíblica, para mostrar a verdadeira origem da confusão que consiste em levar os interlocutores (sejam ouvintes, ou leitores) a conclusões precipitadas e equivocadas, usando para tal objetivo o proposital e maléfico jogo de palavras. Vamos ao Livro de Gênesis: A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha formado. Ela disse a mulher: É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?” (Gn 3, ,1). Com outras palavras: "Querida mulher, eu vim para ajudar, mas permita-me, primeiro, confundir a sua cabeça!"...

Agora vamos aos fatos. Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, Presidente do Pró-Vida de Anápolis, escreveu uma carta à Presidência da CNBB, sobre a recente "Nota sobre uniões estáveis de pessoas do mesmo sexo", emitida pela instituição. Não vou analisar, hoje, nenhum dos mencionados textos em sua totalidade, quero, porém, apontar um fenômeno que, imediatamente, me lembrou a passagem bíblica, mencionada acima.

Enquanto os Bispos do Brasil, de acordo com o oficial e atual ensinamento da Igreja, escrevem: "Desejamos também recordar nossa rejeição à grave discriminação contra pessoas devido à sua orientação sexual, manifestando-lhes nosso profundo respeito", o Padre Lodi, com a reverência devida aos Sucessores dos Apóstolos, toma a ousada [e astuta] liberdade, para chamar a sua atenção (os grifes são meus):

Logo no primeiro parágrafo, diz a Nota: "Desejamos também recordar nossa rejeição à grave discriminação contra pessoas devido à sua orientação sexual...". A Santa Sé tem evitado sistematicamente usar o termo "orientação sexual", tão caro à ideologia de gênero. Com efeito, o homossexualismo – dado o seu caráter antinatural – não é uma "orientação", mas uma desorientação sexual. Quanto à discriminação contra as pessoas homossexuais, o Catecismo da Igreja Católica condena-a, mas acrescenta um importante adjetivo, que não foi reproduzido na Nota: "Evitar-se-á para com eles [os homossexuais] todo sinal de discriminação injusta" (Catecismo, n. 2358). Ao usar ao adjetivo "injusta", o Catecismo dá a entender que existem discriminações justas para com os homossexuais. E de fato há. Uma delas é a proibição de se aproximarem da Sagrada Comunhão (o que vale para qualquer pessoa em pecado grave). Outra delas é o impedimento de ingressarem em Seminários ou Institutos Religiosos. Um terceiro exemplo seria o de uma mãe de família que demite a babá que cuida de seus filhos, ao constatar que ela é lésbica... Considerar que toda discriminação aos homossexuais é injusta seria dar direitos ao vício contra a natureza.

O padre que fala de "uma desorientação sexual", mostra claramente a sua desorientação doutrinal, afirmando a existência de "discriminações justas", sendo uma delas, a proibição de [os homossexuais] se aproximarem da Sagrada Comunhão, o que vale para qualquer pessoa em pecado grave. Usando a mesma linguagem - e a lógica - da CNBB, que diz: "As uniões de pessoas do mesmo sexo não podem ser simplesmente equiparadas ao casamento", eu digo: "A homossexualidade não pode ser simplesmente equiparada ao pecado grave", de acordo com a doutrina da Igreja. É o Catecismo da Igreja Católica que, ao mencionar pessoas homossexuais, usa os termos: "experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo"; "Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas", o que "constitui, para a maior parte deles, uma provação" [cf. CIC 2357-2359]. Ou seja, em nenhum momento, a Igreja, nem a lógica, define "tendência", "experiência", "atração", ou "provação", como um pecado. Pelo que aprendemos, já na catequese infantil, o pecado consiste em ato consciente e deliberado, contrário à vontade de Deus (em particular, aos seus Mandamentos).

Dizer, portanto, que os homossexuais, só por serem homossexuais, estão vivendo no pecado grave e são proibidos de se aproximarem à Sagrada Comunhão, é uma tentativa nítida de confundir a cabeça, especialmente daqueles que estão vivendo a delicada realidade de conflito interior, entre a sua consciência religiosa e a identidade homossexual. Digo mais: é um ato de agressão aos indefesos. É o claro incentivo à discriminação e ao preconceito, portanto, à violência. É uma atitude demoníaca, cuja essência está em uma total ausência de amor, em astúcia e má fé.

Se você quiser continuar a reflexão sobre a busca de uma atitude mais consciente das pessoas homossexuais, em relação à Eucaristia, leia - neste blog - "Corpus Christi", "Analogias de Corpus Christi", "Homossexuais e Eucaristia (1)" e "Homossexuais e Eucaristia (2)".

Em breve pretendo escrever, um pouquinho, sobre a "ideologia de gênero" (mencionada, também, pelo padre Lodi no texto citado acima). O ponto de partida será um discurso, bem interessante, do Papa (hoje Emérito) Bento VXI.

Até em breve!

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