tag:blogger.com,1999:blog-43730011293176200432024-02-07T01:27:31.310-04:00retorno (G-A-Y)telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.comBlogger458125tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-18630170714436886052022-06-28T12:53:00.001-03:002022-06-28T12:53:39.765-03:00Sweaty sexy twink bondage<a href="https://thisvid.com/videos/sweaty-sexy-twink-bondage/">Sweaty sexy twink bondage</a>telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-9078795526549549872014-05-28T23:16:00.000-03:002014-05-28T23:16:13.749-03:00Uma bela tentativa, mas...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG8nJFxvvVmzvwHFXOorndUBmeNqmc-wC0GgHh2jtEBEC1kvZz9qVD3OvO7RCs5pfCYtaha0vr4OSzlQZzmgO8MktS9-LGxmQiJfbETR7_Pml-zKiqxnl-xqaT1H6_5o7Fl4dVn1a2muAv/s1600/philippe.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG8nJFxvvVmzvwHFXOorndUBmeNqmc-wC0GgHh2jtEBEC1kvZz9qVD3OvO7RCs5pfCYtaha0vr4OSzlQZzmgO8MktS9-LGxmQiJfbETR7_Pml-zKiqxnl-xqaT1H6_5o7Fl4dVn1a2muAv/s1600/philippe.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
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A homossexualidade continua despertando grandes polêmicas em todos os campos, desde o religioso, pelo moral, social e cinematográfico, até o político. Enquanto a reflexão não sai da pura teoria, os efeitos de tal discussão - além de elevar a temperatura do discurso - geralmente permanecem na mesma dimensão, quer dizer, na teoria. Eu sempre senti falta de uma voz nestas polêmicas. A voz essencial e mas preciosa: de próprias pessoas homossexuais que não se limitariam ao que "está escrito na Bíblia" ou ao que "dizem as estatísticas", mas compartilhariam a sua experiência pessoal. Foi por isso que fiquei tão feliz, quando o Papa Francisco, em sua entrevista à revista "La Civiltá Cattolica", no ano passado, disse: <i>"Deus, quando olha a uma pessoa homossexual, aprova a sua existência com afeto ou rejeita-a, condenando-a? É necessário sempre considerar a pessoa. Aqui entramos no mistério do homem"</i>. [Leia mais <a href="http://teleny-retorno.blogspot.com.br/2013/09/o-que-o-papa-disse.html">aqui</a>] </div>
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<br /></div>
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Pois bem... A quem "<b>eles</b>" irão querer escutar? Um(a) homossexual que se sente feliz, ao realizar o maior sonho de sua vida, tendo vivido em um relacionamento duradouro e feliz? Certamente não, pois o objetivo "<b>deles</b>" é encontrar mais um pau para bater no cachorro. A meta aqui, por mais que pareça ser, não é um diálogo, nem qualquer tentativa de conhecer objetivamente o "<b>nosso</b>" lado. Quando se parte daquela predominante repulsa à homossexualidade (leia-se: a homofobia), nenhum diálogo é possível, tampouco qualquer conhecimento objetivo.</div>
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Achei necessária esta introdução à leitura de uma <a href="http://www.aleteia.org/pt/sociedade/entrevistas/ser-homossexual-e-um-sofrimento-5718446847295488?">entrevista</a>, publicada recentemente no portal "Alateia" e intitulada <i>"Ser homossexual é um sofrimento, não uma escolha nem um pecado em si"</i>. O entrevistado é Philippe Ariño, homossexual espanhol de 34 anos, que mora atualmente na França.</div>
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Nesta entrevista (e também em outra, ao portal "Zenit" - <a href="http://www.zenit.org/pt/articles/homossexual-e-fiel-a-igreja-e-possivel-primeira-parte">aqui</a>), Philippe faz uma apologia à continência sexual, o que, em si, até parece louvável. Como o seu argumento, porém, usa o exemplo das próprias frustrações nos relacionamentos homossexuais do passado: <i>"Ao me relacionar com outros homens ou olhar para eles de maneira possessiva, eu sentia satisfação no momento. Mas estava sozinho e nunca me sentia completo. É então que caímos na tentação de achar que podemos viver a sexualidade como os outros, mas, na verdade, a sexualidade só pode ser vivida na diferença sexual"</i>.</div>
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A mesma frustração pessoal do rapaz aparece ainda mais claramente em seguida: <i>"Antes eu me sentia sempre inferior aos homens, porque a homossexualidade é invejosa. Agora, após descobrir que Deus me ama e que sou seu filho, querido e amado, não me sinto inferior a nenhum homem. Assim, depois de muitos anos, descobri a beleza da amizade masculina, que eu não trocaria pelas relações do passado - quando eu fingia estar me realizando"</i>.</div>
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Sem dúvida, para quem nunca experimentou o amor em sua relação homossexual, não é tão difícil preferir a amizade e não querer trocá-la pelas relações frustradas do passado. A lógica das afirmações acima lembram-me muito aqueles testemunhos fervorosos de ex-católicos que "encontraram Jesus" em uma comunidade evangélica e se tornaram fiéis devotos (não raramente fanáticos), só porque - devido à própria ignorância e à preguiça - no passado viviam como "católicos de carteirinha". Nada mais fácil do que transferir aos outros a culpa pelos próprios defeitos pessoais...</div>
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A frustração do passado é uma geradora de desprezo em relação a todos que, numa realidade semelhante, conseguiram ser felizes. O texto da entrevista traz a pergunta (associada a uma imposição):<i> "Pessoas como você, que abandonam seu passado, não são muito queridas pela comunidade LGBT. Como você se relaciona com o universo que frequentava?"</i>. A resposta revela o real objetivo da entrevista "politicamente correta":</div>
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<i>"Eles me colocaram na lista negra. Ficam me ameaçando</i> [sic!] <i>e me etiquetam de homofóbico, mas eu não teria sobrevivido junto deles: é um mundo de mentiras, que exteriormente se mostra alegre, mas dentro está cheio de raiva e tristeza.</i> (...) <i>Os ativistas podem aplaudir quando você fala, mas você só é visto em sua sexualidade, como se fosse um animal </i>[sic!] <i>ou um indivíduo de série B que precisa ter direitos especiais. É por isso que eu digo que somos os piores inimigos de nós mesmos"</i>.</div>
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<br /></div>
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Quem quiser, leia o texto inteiro da entrevista. Entre outros assuntos, há indiretas à adoção das crianças pelos casais homoafetivos, junto com a crítica do casamento entre as pessoas do mesmo sexo e, finalmente, a "definição" do relacionamento homossexual como <i>"uma amizade ambígua, incapaz de amor, da qual só deriva o sofrimento"</i>.</div>
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<br /></div>
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Uma analogia simples que me vem à mente é com alguém que, por algum motivo, nunca aprendeu a nadar (ou a andar de bicicleta) e agora cria uma "definição" daquilo, como algo terrível, impossível, prejudicial e, certamente, antinatural. Isso acontece sempre quando se procura colocar as próprias frustrações pessoais como uma base do discurso.</div>
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<br /></div>
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Enfim, <b>Philippe Ariño</b>, por mais que se apresente como um homossexual e católico,<b> não me representa</b>...</div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-83041793626439506312014-05-16T19:28:00.001-03:002014-05-16T23:37:24.482-03:00Onde está o Demônio?<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFyFxYlyGXiqRlSHkEJBgrCa4Rzh6XfjU5OGp49_w7Oj3XPDBmlpslVkEsByodk6AAqeapvFJO6Pv2RIuArni4ZJWYAtldBdwB3grySgBvHxBKvQLeUX31CQPJ3CDpWivVIaNKnVQDNWRB/s1600/padre+michele1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFyFxYlyGXiqRlSHkEJBgrCa4Rzh6XfjU5OGp49_w7Oj3XPDBmlpslVkEsByodk6AAqeapvFJO6Pv2RIuArni4ZJWYAtldBdwB3grySgBvHxBKvQLeUX31CQPJ3CDpWivVIaNKnVQDNWRB/s1600/padre+michele1.jpg" height="212" width="320" /></a></div>
<br />
É um saco viver numa época em que a menor notícia boa tem que ser ofuscada pelos fanáticos da Igreja Católica Apostólica Furiosa. Coitados, não sabem (porque não consta na Bíblia) que a mentira - à qual com tanta frequência recorrem - tem pernas curtas e ainda é a obra do Demônio (isso sim, eles devem saber, pois consta na Bíblia: Jo 8, 44). Vamos, porém, aos poucos, seguindo a ordem das coisas...</div>
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<br /></div>
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<b>1. A NOTÍCIA BOA</b></div>
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No último dia 6 de maio (terça-feira), o Papa Francisco teve como um dos concelebrantes da Santa Missa na capela da Casa de Santa Marta, o Padre Michele De Paolis (salesiano italiano, nascido em 09 de março de 1921), um dos fundadores da Comunidade "<a href="http://www.emmausfoggia.org/">Emmaus</a>" (1978) e, segundo algumas fontes, cofundador do grupo italiano <a href="http://www.agedo.roma.it/">AGEDO</a> (associação de amigos, parentes e pais de pessoas homossexuais e transexuais, fundada em 1992 na cidade de Milão [breve história em italiano, <a href="http://www.agedonazionale.org/chi-siamo/quando-e-perche-e-nata-lagedo/">aqui</a>]). O próprio Padre Michele assim relata o encontro [<a href="http://www.foggiatoday.it/cronaca/incontro-don-michele-de-paolis-papa-francesco.html">fonte</a>, em italiano - o texto traduzido graças aos recursos da tecnologia]: </div>
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<br /></div>
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<i>Eu concelebrei com o Papa Francisco. Li o Evangelho. Após a celebração, o Papa recebeu os presentes em outra sala. Eu e o meu companheiro fomos os últimos. Em apenas alguns minutos - muito intensos - eu falava de "pedras rejeitadas", com as quais convivo. Entreguei ao Papa alguns presentes (um crucifixo, um cálice com a patena em madeira de oliveira, belíssimos) e falei sobre as nossas iniciativas em andamento, relacionadas aos imigrantes de Lampedusa. O Papa ficou muito feliz. Eu disse ao Papa: "Nós adoraríamos ser recebidos em uma audiência com o pessoal da [Comunidade] Emmaus! É possível?" Ele respondeu: "Tudo é possível! Converse com o Cardeal Maradiaga e combine tudo com ele". Em seguida, ele beijou a minha mão! Eu o abracei e chorei... </i></div>
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<i><br /></i></div>
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A informação sobre o encontro do Padre Michele com o Papa Francisco foi publicada na página "Católicos LGBT's" no <a href="https://www.facebook.com/pages/Cat%C3%B3licos-LGBTs/170341749747241">facebook</a>. A mesma página cita o trecho de um artigo do Padre Michele De Paolis, escrito para um grupo LGBT de Lecce (Itália):</div>
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<br /></div>
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<i><span style="color: blue;">Aqueles que desejam transformá-los em 'heterossexuais', por assim dizer, estarão forçando-os a agir contra a sua natureza e tornando-os psicopatas infelizes. Precisamos colocar em nossas cabeças que Deus, nosso Pai, quer que nós, suas crianças, sejamos felizes e frutifiquemos com os dons que Ele colocou em nossa natureza! (...) Vocês têm o direito de procurar um parceiro. E não se preocupem: onde existe o ágape, existe Deus. Vivam a sua vida com alegria. E com a nossa mãe Igreja precisamos ter paciência. A atitude da Igreja com os homossexuais mudará. Neste sentido, inúmeras iniciativas já foram empenhadas.</span> </i></div>
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<i><br /></i></div>
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<b>2. A NOTÍCIA RUIM</b><br />
A "fumaça de Satanás", isto é, a repercussão na "mídia católica [furiosa]" foi abundante. As aspas referem-se tanto ao termo "mídia" (pois trata-se de portais, páginas etc. - nada que seja um veículo oficial da Igreja, enquanto instituição), quanto à palavra "católica" (porque, no momento em que o autor questiona a legitimidade do ministério petrino do Papa Francisco, de fato, deixa de ser católico).</div>
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<br /></div>
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A notícia sobre o encontro do Padre Michele De Paolis com o Papa Francisco foi repetida pelos blogueiros (ditos) católicos e - como de costume - distorcida. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um blog de Portugal, "<a href="http://espectivas.wordpress.com/">perspectivas</a>", assinado por Orlando <a href="http://espectivas.wordpress.com/autor/">Braga</a>, abre mão de sua "catolicidade" ao dizer (<a href="http://espectivas.wordpress.com/2014/05/14/a-quem-o-papa-beija-as-mos/">aqui</a>): </div>
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<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><span style="color: purple;">A quem "o papa" beija as mãos? Na foto, vemos <b>o cardeal Bergoglio, também conhecido por "papa Francisco"</b>, a beijar as mãos de Michele de Paolis, um clérigo salesiano de 93 anos.</span> </i>(...)<span style="color: purple;"> <i>O beija-mão aconteceu no passado dia 6 de Maio depois de uma missa em Santa-Marta. O dito "papa" convidou Michele de Paolis para ler o Evangelho do dia. Depois da missa, o "papa" inclinou-se profundamente perante ele e beijou-lhe as mãos. </i></span>(...) <i><span style="color: purple;">Estará o leitor a imaginar o "papa" a beijar as mãos a um franciscano da Imaculada, ou a um qualquer membro da SSPX</span> </i>[Associação de São Pio X - veja <a href="http://sspx.org/">aqui</a>]<i><span style="color: purple;">? S</span></i><i><span style="color: purple;">e imagina, desiluda-se! O "papa" só demonstra a sua infinita humildade e beija as mãos a quem defende o "casamento" gay, o "casamento" gay entre sacerdotes da Igreja Católica</span> </i>[sic!]<i><span style="color: purple;">, a legalização da pedofilia </span></i><i><span style="color: purple;">e da eutanásia</span> </i>[sic! sic!]<span style="color: purple;"><i>. É desta gente que o "papa" gosta.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A verdadeira cusparada de desprezo (baseada em uma série de equívocos) encontrei na <a href="http://www.rainhamaria.com.br/Pagina/15812/Quando-o-demonio-faz-homilia-em-missa-concelebrada-pelo-Pontifice-no-Vaticano">página</a> <i>"Rainha Maria"</i> (olha o nome!). O autor do texto, Dilson Kutscher, publica uma foto e escreve a seguir:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxU4TsJuDxx-5l2hLfTsbLgfGFvEATCluOdJ_zL9s1f6D2XjlkqPeLJGJYn-zheGAPHCeTldCCSyFzfXFXNGxn2EuqNujCpvI9k0oXAzZgHRL7g_UPZXxEW0hCoZqCXW9OT9dqvPQGV_ga/s1600/13_05_2014__17_28_01330058248610732ae0086398c908be64076c3_640x480.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxU4TsJuDxx-5l2hLfTsbLgfGFvEATCluOdJ_zL9s1f6D2XjlkqPeLJGJYn-zheGAPHCeTldCCSyFzfXFXNGxn2EuqNujCpvI9k0oXAzZgHRL7g_UPZXxEW0hCoZqCXW9OT9dqvPQGV_ga/s1600/13_05_2014__17_28_01330058248610732ae0086398c908be64076c3_640x480.jpg" height="212" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><i><span style="color: purple;">Quando o demônio faz homilia em missa concelebrada pelo Pontífice no Vaticano</span></i></b> [é o título da matéria]. (...) <span style="color: purple;"><i>Padre Michele que apoia a ordenação de mulheres, o casamento gay, o fim do celibato, faz homilia em missa concelebrada pelo Pontífice (que festa para Satanás ver aquele que se diz servo de Cristo apoiar tais coisas e ainda fazer homilia numa missa concelebrada por um papa em pleno Vaticano). Dom</i> </span>[quer dizer, Padre] <i><span style="color: purple;">Michele concelebrou com o Papa argentino e <b>pregou, como mostra a imagem acima, a homilia</b> na Casa Santa Marta. Pelo visto, o Papa Francisco, ao permitir que este padre apóstata modernista, concelebre junto com ele e ainda faça a homilia, deve concordar em seu coração, com as mesmas posições apóstatas modernistas deste padre. Francisco concelebrando com este padre e permitindo que o mesmo faça a homilia, passa de forma sutil e indireta, uma mensagem de apoio à ordenação das mulheres, ao casamento gay e ao fim do celibato (as vezes os atos demonstram mais do que palavras escritas em documentos, declarações etc.).</span></i><br />
<i><span style="color: purple;"><br /></span></i>
Talvez não seja suficiente citar, mais uma vez, o relato do próprio Padre Michele que disse: <i><b>"Li o Evangelho"</b></i>, nem mesmo a afirmação do citado acima esquisitão que, mesmo tratando o Papa de <i>cardeal Bergoglio, também conhecido por 'papa Francisco'</i>, escreveu que o Padre foi convidado pelo Papa <b style="font-style: italic;">para ler o Evangelho do dia</b>. Recorrendo a mais uma fonte, o portal <a href="http://papa.cancaonova.com/">"Especial sobre o Papa"</a> da Comunidade Católica "Canção Nova", encontramos [<a href="http://papa.cancaonova.com/papa-ressalta-que-igreja-nao-e-universidade-de-religiao/"><b>AQUI</b></a>] o texto da <b>homilia proferida pelo próprio Santo Padre</b> no dia 06 de maio na capela da Casa da Santa Marta no Vaticano. Logo, dizer que<i> "o demônio faz homilia em missa concelebrada pelo Pontífice"</i>, é a prova não apenas de uma total incompetência jornalística, mas, antes de tudo, o sinal claro da falta de boa vontade e de compromisso com a verdade.<br />
<br />
O mesmo ponto de vista, privado de boa vontade e baseado na mentira, encontramos em outras páginas na internet, por exemplo:<br />
<br />
<a href="http://blogonicus.blogspot.com.br/2014/05/papa-francisco-beija-mao-de-sacerdote.html">"blogonicus"</a>: <span style="color: purple;">"Papa Francisco beija a mão de sacerdote anti-clerical (sic!) e gayzista"</span>. Aqui, o autor (Danilo) reproduz a matéria (e as inverdades) da página "Rainha Maria", acrescentando apenas o neologismo "gayzista" (criado provavelmente por Olavo de Carvalho e repetido pelo Padre Paulo Ricardo). A mesma matéria foi reproduzida pela página "<a href="http://www.sinaisdoreino.com.br/?cat=9&id=1753">Sinais do Reino</a>" (de uma autoria desconhecida).<br />
<br />
O portal "<a href="http://fratresinunum.com/2014/05/15/de-quem-o-papa-beija-a-mao/">Fratres in unum</a>", além de repudiar o encontro do Papa com o Padre Michele (e ironizar, especialmente a atitude do Santo Padre de beijar a mão do sacerdote), presta, de fato, um serviço à verdade, citando algumas <b><u>frases do Padre Michele</u></b> (sem mencionar as fontes):<br />
<br />
<span style="color: blue;"><i>Estou espantado com o fato de que muitos homens da Igreja (...) ignoram completamente o fenômeno da homossexualidade, que a ciência já esclareceu de modo inequívoco: a orientação homossexual não é escolhida livremente pela pessoa. O rapaz e a moça se descobrem dessa maneira: trata-se de uma abordagem profundamente enraizada na personalidade, que constitui um aspecto essencial da própria identidade: não é uma doença, não é uma perversão. O rapaz ou a moça homossexual podem dizer a Deus: "Você nos fez assim!".</i> </span><br />
<br />
<i><span style="color: blue;">Algumas pessoas de Igreja dizem: "Tudo bem ser homossexual, mas não deve ter relações sexuais, não podem amar uns aos outros!" Isso é a máxima hipocrisia. É como dizer a uma planta que cresce: "Você não deve florescer, não deve dar frutos!". Isso sim é contra a natureza.</span></i><br />
<br />
<i><span style="color: blue;">Confesso a vocês que no começo eu também tinha meus preconceitos. Então, estudei e consegui. Sucessivamente tentei entrar na lógica do Evangelho; eu queria olhar para as coisas da parte de Deus. Entendo que o Pai não exclui do seu amor nenhum de seus filhos e não julga a pessoa com base em seus impulsos sexuais, que são atribuições da natureza e não de uma escolha voluntária.</span></i></div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-42520666203224224892014-05-01T20:07:00.000-03:002014-05-01T20:07:13.434-03:00Novidades...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgghufAPG7haz1FpOs03_33yAf5LL68kFHHMETUnIIC2xGAvmfOJB4z6e-ostZfO-EJcPi2z0l1ng5zcrprLN7s5KnV8WJR3lyO1iRqIb9lDWKa_6T1wWfTrHVP-8ASwGXmT5mE9Cb_JoWg/s1600/564796_315840028502196_326173625_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgghufAPG7haz1FpOs03_33yAf5LL68kFHHMETUnIIC2xGAvmfOJB4z6e-ostZfO-EJcPi2z0l1ng5zcrprLN7s5KnV8WJR3lyO1iRqIb9lDWKa_6T1wWfTrHVP-8ASwGXmT5mE9Cb_JoWg/s1600/564796_315840028502196_326173625_n.jpg" height="320" width="212" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Realmente, abandonei um pouco este blog. Sinceramente, todo esse papo sobre a busca de diálogo entre o "mundo LGBT" e o "mundo católico", já conseguiu encher o meu saco (desculpem pela expressão!), embora tenha sido eu mesmo quem se comprometeu com esse assunto. A minha ausência - só para não ser totalmente injusto comigo mesmo - surgiu também devido às buscas em outras áreas, digamos, profissionais que, graças a Deus, ocupam uma parte do meu tempo (e da minha mente). Talvez, um dia, escreva sobre isso por aqui. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Isso foi uma tentativa de justificar a escassez das novas postagens no blog. E peço desculpas aos (eventuais) Leitores que, mesmo assim, procuram as novidades aqui. Eu realmente fico muito feliz com a presença e atenção de cada Leitor que o meu "contador de visitas" consiga detectar...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Um tanto <strike>desanimado</strike> distraído, encontrei hoje uma notícia interessante que gostaria de reproduzir aqui. Antes, queria dizer que percebo a diferença entre as opiniões pessoais de quem quer que seja (e por mais "católicas" que pareçam ser) e uma declaração oficial da Igreja, ou de uma instituição direta e legalmente ligada à Igreja. Ainda que as mais azedas declarações de um Padre Ricardo da vida tenham a grande influência na formação de mentes fanáticas de certos católicos, evidentemente, uma declaração clara (diria: feita com todas as letras) de uma instituição da Igreja católica tem - para mim - o peso e a importância muito maiores. E quando tal declaração é, finalmente, positiva e sensata, não posso não enxergar aqui um sinal de esperança dos tempos melhores. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Estou falando de uma nota oficial da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, publicada no perfil oficial da mesma no facebook (<a href="https://www.facebook.com/cjpsp.comissao">aqui</a>) e divulgada, também, pelo portal '<a href="http://www.brasilpost.com.br/2014/04/30/igreja-catolica-gays_n_5243298.html">brasilpost</a>'.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Parabenizo os membros da Comissão Justiça e Paz pela coragem e clareza de sua declaração!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Eis a nota:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<i style="line-height: 18px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></i></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: inherit;"><i>Nota
da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo</i></span></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: inherit;"><i>Fiel
à sua missão de anunciar e defender os valores evangélicos e
civilizatórios dos Direitos Humanos, a Comissão Justiça e Paz de
São Paulo (CJPSP) vem a público manifestar-se por ocasião da 18ª
Parada do Orgulho LGBT que se realiza na Av. Paulista no próximo
domingo, dia 04 de maio de 2014.</i></span></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: inherit;"><i>Nosso
posicionamento se fundamenta na Constituição Pastoral Gaudium et
Spes, aprovada pelo Concílio Vaticano II, que diz: “As alegrias e
esperanças, as tristezas e angústias dos homens de hoje, sobretudo
dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrais e
as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de
Cristo; e não há realidade verdadeiramente humana que não encontre
eco no seu coração.”</i></span></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: inherit;"><i>Assim,
a defesa da dignidade, da cidadania e da segurança das pessoas LGBT
– lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – é
imprescindível para a construção de uma sociedade fraterna e
justa. Por isso não podemos nos calar diante da realidade vivenciada
por esta população, que é alvo do preconceito e vítima da
violação sistemática de seus Direitos Fundamentais tais como a
saúde, a educação, o trabalho, a moradia, a cultura, entre outros.
Além disso, enfrentam diariamente insuportável violência verbal e
física, culminando em assassinatos, que são verdadeiros crimes de
ódio.</i></span></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: inherit;"><i>Diante
disso, convidamos as pessoas de boa vontade e, em particular, a todos
os cristãos, a refletirem sobre essa realidade profundamente injusta
das pessoas LGBT e a se empenharem ativamente na sua superação,
guiados pelo supremo princípio da dignidade humana.</i></span></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: black;"> </span>
</span></div>
<br />
<div style="background-color: transparent; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: inherit;"><i><span style="background-color: transparent;">São
Paulo, 30 de abril de 2014.</span></i></span></span></div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-12393758436193085442014-04-16T16:13:00.000-03:002014-04-16T16:13:27.141-03:00Paradigmas, preconceitos e novos céus<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">Reproduzo
aqui o excelente texto de David Santos, do seu blog “<a href="http://cultodiferente.blogspot.com.br/2014/03/paradigmas-preconceitos-e-novos-ceus.html">Culto diferente</a>”.</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY7AsvEJh9EWV4u1SWRjcVAMzuA1ApYeihabHw1GZ_SNW_f0AoQNzeWGM05LRsgaYWH6uw130BzpaZLXNoWkXGuouuGEk7MIFpvvSLH4l7PU_maPjLtiyAdEfF1i7p_T4u-pAc3jeqXfhW/s1600/aa11ffc25c44c00b2309ab04412d0976.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY7AsvEJh9EWV4u1SWRjcVAMzuA1ApYeihabHw1GZ_SNW_f0AoQNzeWGM05LRsgaYWH6uw130BzpaZLXNoWkXGuouuGEk7MIFpvvSLH4l7PU_maPjLtiyAdEfF1i7p_T4u-pAc3jeqXfhW/s1600/aa11ffc25c44c00b2309ab04412d0976.jpg" height="215" width="320" /></a></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 150%;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;">PARADIGMAS,
PRECONCEITOS E NOVOS CÉUS</span></div>
<br /><br />
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">O
preconceito é a atitude discriminatória, baseada em juízo
preconcebido de algo ou alguém que fere diretamente um modelo
estabelecido de mundo ideal e que outrora possa ter sido a solução
para dada situação ou momento, mas que perdeu a relação com
realidade. Logo o preconceito está diretamente ligado a paradigmas e
à manutenção do status quo. Sendo assim, o preconceito nada mais é
que a exteriorização violenta e amedrontada da nossa aversão a
mudanças.</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">Há
uma história bíblica que exemplifica bem a relação preconceito
<i>versus </i>paradigma:</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 150%; text-align: start;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="line-height: 150%; text-align: start;">Samuel o profeta, foi designado por Deus para ungir um Rei para Israel, enviado a casa de Jessé, fez passar diante de si todos os filhos deste: Eram homens fortes, bonitos, inteligentes, capazes de conduzir o povo diante das guerras intermináveis com os cananeus; Aos olhos de todos, reis em potencial. Por fim, Samuel questiona se não havia nenhum outro filho, porque Deus não o havia tocado a respeito dos que tinha visto. Sim, havia mais um filho, este, sem muita importância ficou esquecido no campo junto às ovelhas que cuidava.</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Davi
era pequeno, magro, ligado às artes, poeta e músico, de coração
sensível, estava mais para “bobo da corte” que para Rei.
Mandaram chamá-lo, e quando este chegou a Samuel, Deus disse: Este é
o Rei! [I Samuel 16]. Samuel então questiona a Deus, sobre o
“absurdo” que estava fazendo, ao que recebe de resposta: “O
Senhor não vê como o homem, o homem vê a aparência, mas o Senhor
vê o coração”.</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">O
que Samuel não percebeu é que Deus estava quebrando paradigmas e
com isso o preconceito que havia no coração do profeta e do povo.
Eles conheciam Saul, o atual Rei, que tinha tudo o que os reis dos
povos vizinhos tinham, era o estereótipo de rei bem-sucedido, o
modelo ideal, mas que representava um tempo passado, algo que para o
atual momento era antiquado e impedia-os de ter experiências mais
profundas com Deus.</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">E
assim, Deus estava dizendo a Israel, “vamos mudar as coisas por
aqui”, está na hora de viver coisas diferentes, experimentar o
novo, façamos loucuras em favor da vida abundante, “a virgem dará
luz a uma criança” e nunca mais o mundo será o mesmo. [Isaías
7:14; Isaías 43:19-21]</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">E
no decorrer da história, podem-se observar várias outras situações
parecidas, onde pela fé, homens e mulheres mudaram o status quo,
quebrando paradigmas em favor da vida e construindo um novo mundo
[Hebreus 11:32-40].</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">O
próprio Jesus era exímio em quebrar paradigmas, em mudar a ordem
das coisas, seu discurso era desafiador, dizia: “Ouviste o que foi
dito, mas eu, porém vos digo (...)”, por isso sofreu preconceito
por parte dos lideres religiosos da época, sendo perseguido e morto.</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">É
evidente que todos nós temos preconceitos, em maior ou menor
intensidade, vivemos envoltos em paradigmas. E quando o Apostolo
Paulo nos exorta a não julgarmos, ele o faz tendo em mente todas as
variáveis da vida, pois, nosso julgamento preconcebido, pode estar
intoxicado por um paradigma, que nem ao menos temos a noção de que
existe ou que esteja lá [Mateus 15: 19-20].</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">E
como podemos estreitar nossos afetos e relacionamentos, se estivermos
atormentados pelo preconceito?</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">O
preconceito tem origem no medo, o medo produz tormento, e
atormentados, teremos atitudes de defesa, agredindo o outro, agindo
pela lei do “olho por olho e dente por dente”, logo, não seremos
aperfeiçoados no amor [I João
4:18-21].</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">Quem
tem preconceito com negros, é infeliz porque eles deixaram de ser
escravos, acredita ainda que são pessoas inferiores e por isso devem
ficar excluídos da sociedade. Os homens tem medo da emancipação
das mulheres, temem que elas assumam o controle que eles acreditam
possuir, assim, se tornam machistas, na ânsia de defender o seu
lugar, diminuem, agridem, excluem. Temem que assegurando os direitos
civis aos homossexuais, de forma sobrenatural, todos os héteros se
transformem em gays, e assim, acabe a família, e toda a estrutura
social que conhecemos hoje. E a lista não termina: estrangeiros,
pessoas com deficiência, nativos de determinada região, gêneros
musicais, lembra-se do rock a “música
do diabo”, do axé, e do funk carioca, tão discriminado, hoje
música
de “elite”.</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">Também,
entre os próprios cristãos: católicos, protestantes históricos,
tradicionais, reformados, pentecostais, avivalistas, neopentecostais;
todos a seu modo, temem a mudança do status quo, temem a ruptura com
o paradigma que criaram, pois assim, podem perdem seu lugar de poder,
perdem sua hegemonia.</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">Logo,
precisamos de um novo discurso, sobretudo de uma nova práxis, para
um novo tempo. Um discurso que reconhece que a verdade nunca foi
absoluta, mas que dialoga com o tempo, cultura e experiências de
vida.</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">E
como conselho dado a crianças, exorto, tenha em ti o mesmo espírito
que houve em Cristo, enfrente seus medos, enfrente seus preconceitos,
quebre paradigmas, mude o estado das coisas: quebre o sábado, não
apedreje mesmo que a lei ordene isso, fuja da hipocrisia de uma
santidade fingida, para que o Reino seja estabelecido.</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">Este
é o novo de Deus, novos relacionamentos,
novos afetos. Não tema ser reconhecido como amigo dos pecadores, não
tema ser reconhecido como cristão, até que haja novos céus e nova
terra onde reine a justiça, a paz e a alegria.</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><em><span style="font-style: normal;">Este
texto foi escrito com base numa conversa realizada com os JBZL
(Jovens Betesda Zona Leste), sobre o tema: "Só os
preconceituosos herdarão o Reino de Deus" cap</span></em><em><span style="font-style: normal;">í</span></em><em><span style="font-style: normal;">tulo
do livro de Elienai Cabral Junior - “E se alguém acender a Luz”.</span></em></span></div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-91302797620460001272014-04-11T16:33:00.001-03:002014-04-11T16:33:36.654-03:00Uma parábola cinematográfica<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0C7iuqsx46hSITOvGyfplUjNOokAHlk6X9_1abras6lk7FDS7cYyXuMC-SvrHQJ9-IKQyrDLg0lBq5OPrKNQEHJSW6Qr61S6e3KdGJ9Z6lHmIq34UUQ91NOwOC7iOPE4OIW8HUkJfQAO9/s1600/love-all-you-need.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0C7iuqsx46hSITOvGyfplUjNOokAHlk6X9_1abras6lk7FDS7cYyXuMC-SvrHQJ9-IKQyrDLg0lBq5OPrKNQEHJSW6Qr61S6e3KdGJ9Z6lHmIq34UUQ91NOwOC7iOPE4OIW8HUkJfQAO9/s1600/love-all-you-need.jpg" height="297" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O filme "Heterofobia" é chocante. E "chocante", enquanto um termo, tem dois lados, assim como uma moeda. O filme é chocante de tão real. Um dos melhores métodos pedagógicos é fazer com que a pessoa se veja no lugar do outro. Somente assim tem a possibilidade real de conhecer e compreender o outro. O filme, de uma maneira inédita e nada banal, faz isso e alcança um nível que, lamentavelmente, muitos não alcançam. Basta ler os (mais de 2.500) comentários no <a href="https://www.facebook.com/photo.php?v=496549587086078&comment_id=3980240&offset=800&total_comments=2447">facebook</a>. É por isso, também, que o filme é chocante. Várias pessoas se manifestaram chocadas, a partir de uma perspectiva de quem não entendeu nada. Essas pessoas, certamente, nunca irão ler as obras de Kafka, nem apreciar a arte de Picasso, ou Salvador Dalí. O mesmo aconteceu com as parábolas de Jesus. Muitos não entenderam (e não entendem até hoje). Outros entenderam bem, mas foi por isso que o crucificaram... Recomendo o filme e continuo torcendo e orando que muitos consigam compreender a sua mensagem. E que surta efeitos!</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/YQewUi4dz5s?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-47591268020746800562014-03-29T00:42:00.000-03:002014-03-29T00:42:01.602-03:00Um "honesto" desonesto<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmcxmLHBylehBwrn23bLUTfMrjdhokJpwCAxea9VTOn6yUzE80Mt3g5vy1KJS67Y3MmY8AUbtHhDms94pda9zTggZH_WLqytf4Owpyesgyyl54F0DE-plTv_8BrldQMXxdLJja2rJCKLGp/s1600/Paulo+Vasconcelos+Jacobina.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmcxmLHBylehBwrn23bLUTfMrjdhokJpwCAxea9VTOn6yUzE80Mt3g5vy1KJS67Y3MmY8AUbtHhDms94pda9zTggZH_WLqytf4Owpyesgyyl54F0DE-plTv_8BrldQMXxdLJja2rJCKLGp/s1600/Paulo+Vasconcelos+Jacobina.jpg" height="252" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Foto [editada] do <a href="http://www.pgr.mpf.mp.br/conheca-o-mpf/visitacao-a-pgr/memorial-do-mpf/GaleriaVisit2010/VisitMar/Visit16/VisitMar16E/view">Portal</a></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">do Ministério Público Federal</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Paulo Vasconcelos Jacobina é Procurador Regional da República, Membro do Ministério Público, Bacharel em Direito e Mestre em Direito Econômico. É também autor de várias publicações profissionais e... religiosas. Em uma entrevista, concedida em 2012 ao portal "<a href="http://www.missaoelyon.com.br/noticias2.asp?codnot=100016">Missão Eylon</a>", Paulo conta um pouco da história de sua conversão ao catolicismo. A conversa foi realizada na ocasião do lançamento de um dos seus livros, "<a href="http://www.skoob.com.br/livro/328935-cartas_a_probo">Cartas a Probo</a>", apresentado como "uma conversa cristã cobre o espiritismo". O final da entrevista merece uma atenção especial:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- [representante não assinado do portal]: <i>Por que "Cartas a Probo"? Qual o significado do nome Probo?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- [Paulo Vasconcelos Jacobina]: <i>Probo significa honesto, leal, no sentido de que estas cartas representam uma busca honesta e leal da verdade: são dirigidas aos que estão buscando a verdade lealmente, mesmo que em caminhos diferentes dos nossos. São um verdadeiro voto de confiança no leitor: sejamos honestos, leais no caminho da busca, e certamente Deus não deixará de nos iluminar com a Sua verdade.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É difícil não ficar admirado com tamanha apologia da honestidade, uma virtude tão rara hoje em dia. Naturalmente, espera-se que todos os textos deste autor tenham a mesma marca. Infelizmente, a admiração inicial muda de conteúdo. Continua sendo uma admiração, mas o seu sentido é negativo, torna-se um espanto. A expectativa transforma-se em decepção. Basta ler o mais recente artigo de Paulo Vasconcelos Jacobina, publicado no portal católico de notícias "Zenit" (28 de março de 2014), "<a href="http://www.zenit.org/pt/articles/criminalizar-discordancias-majoritarias-sob-o-rotulo-de-fobia-nao-e-democratico">Criminalizar discordâncias majoritárias sob o rótulo de fobia não é democrático</a>".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda que consigamos engolir a sua argumentação sobre a democracia, bem como a comparação (tolerável, mesmo que distante) com a situação das minorias muçulmanas no ocidente, não há possibilidade alguma de considerar honesta a sua afirmação sobre as ambições dos ativistas de "certas minorias sexuais", no contexto da luta pelo Plano Nacional de Educação. A desonestidade consiste em atribuir a estes ativistas os objetivos que, de fato, não existem, denegrindo assim a sua imagem. Certamente, como um profissional de Direito, o Procurador Regional da República e membro do Ministério Público, o autor entende a natureza e o peso de <a href="http://www.advogado.adv.br/artigos/2000/barroso/caldifaminjuria.htm">calúnia, difamação e injúria</a>. Eis a sua tese:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Para essa militância radical, não somente a prática do incitamento a crimes contra homossexuais é considerado como "homofobia", mas qualquer posicionamento público, de cunho filosófico, científico ou religioso que não parta dos mesmos pressupostos que as minorias sexuais usam para ver-se e interpretar-se. Afirmar a possibilidade de que um ser humano controle seus impulsos sexuais, ou mesmo um simples chamado à castidade, à fidelidade, à responsabilidade com a prole e com o outro, a valorização da abertura à vida na conduta sexual, em nome de religião ou de aperfeiçoamento moral, ficariam classificados como "fala de ódio", "homofobia" e "intolerância" a serem combatidos e criminalizados pelo Estado.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isso não é verdade, caro Doutor Jacobina! Embora não faltem indivíduos promíscuos entre as pessoas homossexuais, assim como entre as heterossexuais, nós estamos falando sobre os seres humanos que levam a sério a sua vida e o seu compromisso com a sociedade. Muitos, inclusive, vivem séria e profundamente a sua relação com Deus e com a Igreja (apesar de toda falta de acolhimento por parte da comunidade eclesial). Embora, em outra parte de sua entrevista, o senhor tenha considerado<i> "democrático</i> (...) <i>aguentar não somente a discordância e até avacalhação humorística que deve ser resolvida no campo de debates francos"</i>, não tem nada de franco criar a imagem de pessoas homossexuais e de seus movimentos como inimigos de castidade, fidelidade e responsabilidade, ou como criaturas bizarras, movidas apenas por seus incontroláveis impulsos sexuais. Ainda que a nossa "conduta sexual" não possua uma natural abertura à vida (no sentido do ato de procriação), nós não desvalorizamos a própria abertura à vida, nem as pessoas que receberam este dom. Graças a Deus e graças aos avanços de democracia, os casais homoafetivos, em um número cada vez maior, têm a alegria de adotar os filhos. Posso lhe assegurar de que a responsabilidade pela prole nestas famílias supera a realidade de muitos casais heterossexuais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A distorção de uma realidade, só por falta de conhecimento, misturada com a autêntica fobia e com a "democrática avacalhação humorística", leva muitos fanáticos aos crimes de agressão verbal e física, não raramente ao homicídio. A discriminação das pessoas homossexuais, principalmente com a base das convicções religiosas, ainda é um triste fato que, apesar dos inquestionáveis avanços da verdadeira democracia que respeita os direitos humanos, é um câncer no tecido da sociedade. O que me entristece é que os que se apresentam como honestos e leais defensores da verdade (ainda em nome de Jesus), acabam recorrendo à desonestidade para que, através de sua eloquência e de seus títulos, implantar ainda mais intolerância naqueles que se deixam levar por este tipo de discursos.</div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: blue;"><b><strike>---------------------------------------------</strike></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<u><i><b>Observação</b></i></u>: Paulo Vasconcelos Jacobina, em seus artigos publicados no portal católico de notícias "Zenit", dedica-se quase exclusivamente aos assuntos ligados a pessoas homossexuais. Provavelmente não será um exagero imaginar o grau de sua "honestidade" ao abordar tal temática:</div>
<div style="text-align: justify;">
- "<a href="http://www.zenit.org/pt/articles/proibicao-de-fazer-qualquer-discriminacao-em-razao-da-orientacao-sexual-no-brasil">Proibição de fazer 'qualquer discriminação em razão da orientação sexual' no Brasil</a>" (26. 03. 2014)</div>
<div style="text-align: justify;">
- "<a href="http://www.zenit.org/pt/articles/ideologia-do-genero-no-plano-nacional-de-educacao-proibicao-de-discriminar-pessoas-por-sua">Ideologia do Gênero no Plano Nacional da Educação: Proibição de discriminar pessoas por sua 'orientação sexual</a>'" (24. 03. 2014)</div>
<div style="text-align: justify;">
- "<a href="http://www.zenit.org/pt/articles/a-protecao-constitucional-do-matrimonio-sacramental">A Proteção Constitucional do Matrimônio Sacramental</a>" (21. 01. 2014)</div>
<div style="text-align: justify;">
- "<a href="http://www.zenit.org/pt/articles/quando-o-pudor-e-a-castidade-podem-se-tornar-ilicitos-no-brasil">Quando o pudor e a castidade podem se tornar ilícitos no Brasil</a>" (20. 11. 2013)</div>
<div style="text-align: justify;">
- "<a href="http://www.zenit.org/pt/articles/mais-uma-tentativa-de-impor-o-casamento-homoafetivo-por-meios-antidemocraticos">Mais uma tentativa de impor o casamento homoafetivo por meios antidemocráticos</a>" (14. 05. 2013)</div>
<div style="text-align: justify;">
- "<a href="http://www.zenit.org/pt/articles/o-casamento-e-a-homoafetividade">O casamento e a homoafetividade</a>" (17. 04. 2013)</div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-68656899925466616812014-03-25T23:31:00.000-03:002014-03-25T23:31:04.612-03:00A orientação e os juristas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU0WiuzYVs8o5LX_OSLDW-MtszfkT6JOGAtbbJZow3D0nhnaAdMuBvAbT7MMUstCP33K0NFEc4J72FmphQBK4AGf6VgMEMRx9FFdv_2pnX427vMtLR-d_eaF_TSz0HYZh8jHpPQGbrPynb/s1600/homofobo1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU0WiuzYVs8o5LX_OSLDW-MtszfkT6JOGAtbbJZow3D0nhnaAdMuBvAbT7MMUstCP33K0NFEc4J72FmphQBK4AGf6VgMEMRx9FFdv_2pnX427vMtLR-d_eaF_TSz0HYZh8jHpPQGbrPynb/s1600/homofobo1.jpg" height="320" width="274" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O portal da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro divulgou uma <a href="http://arqrio.org/noticias/detalhes/1831/posicao-dos-juristas-catolicos-sobre-o-pne">nota</a> sobre a reunião plenária da União dos Juristas Católicos do Rio de Janeiro - UJURCAT-RJ. O texto traz a conclusão daquela reunião plenária:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>A União dos Juristas Católicos do Rio de Janeiro - UJURCAT-RJ em sua reunião plenária, realizada no dia 24 de março de 2014, com a presença de Sua Eminência Cardeal Dom Orani João Tempesta, digníssimo arcebispo metropolitano do Rio de Janeiro, aprovou por unanimidade posição contrária a inserção do termo 'gênero' e da expressão 'orientação sexual' como princípio e/ou diretriz do Plano Nacional de Educação - PNE. Trata-se de termo e de expressão carregados de ambiguidade e de ideologias, que não se prestam a definição de diretriz e de princípio. A propósito a referência à vedação de discriminação por motivo de sexo, prevista no Artigo 3°, inciso IV, da Constituição Federal, é adequada, consentânea e legítima e tem o apoio da UJURCAT.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não pretendo entrar em discussão sobre o primeiro dos termos, isto é, 'gênero' que, de fato, precisa de uma definição mais clara ou, ao menos, mais conhecida para deixar de ser "um termo carregado de ambiguidade". A meu ver, o problema não é a falta de definição, mas a existência de muitas definições. Escrevi sobre uma delas neste blog (<a href="http://teleny-retorno.blogspot.com.br/2013/10/nao-brigo-por-este-gender.html">aqui</a>).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que me deixou curioso é a "posição contrária" dos juristas católicos do Rio em relação à expressão "orientação sexual". Se não for a orientação, então, é o que? A opção? Gostaria muito de crer que não seja isso o que queriam dizer os juristas católicos do Rio! Qual, então, é o problema em usar a expressão "orientação sexual", se ela aparece, também, em alguns documentos oficiais da própria Igreja? Existe, aliás, certa inconsequência na linguagem, digamos, institucional, da Igreja Católica.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por um lado, o representante da Santa Sé na ONU, em dezembro de 2008, apresentou a posição da Igreja sobre a proposta da "Declaração sobre os direitos humanos, orientação sexual e identidade de gênero", com as seguintes <a href="http://www.vatican.va/roman_curia//secretariat_state/2008/documents/rc_seg-st_20081218_statement-sexual-orientation_po.html">afirmações</a>:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Em particular, as categorias "orientação sexual" e "identidade de gênero", usadas no texto, não encontram reconhecimento, nem clara e partilhada definição no direito internacional. Se elas tivessem que ser tomadas em consideração na proclamação e na tradução prática dos direitos fundamentais, seriam causa de uma grave incerteza jurídica, como também viriam a minar a habilidade dos Estados para aderir e pôr em prática convenções e padrões novos e já existentes sobre os direitos humanos.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Até aqui, a argumentação da UJURCAT-RJ está dentro do padrão. Será mesmo que existe um "padrão" no discurso oficial da Igreja? Em um outro documento que só aparentemente não tem nada a ver com as declarações do representante da Santa Sé na ONU, encontramos a mesma expressão "orientação sexual", porém, sem qualquer contestação da mesma:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Na avaliação da possibilidade em viver, na fidelidade e alegria, o carisma do celibato, como um dom total da própria vida à imagem de Cristo, Cabeça e Pastor da Igreja, tenha-se presente que não basta certificar-se da capacidade de abstinência do exercício da genitalidade, mas é necessário igualmente avaliar a orientação sexual segundo as indicações promulgadas por esta Congregação.</i> [Congregação para Educação Católica, <a href="http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccatheduc/documents/rc_con_ccatheduc_doc_20080628_orientamenti_po.html">Orientações</a> para a utilização das competências psicológicas na admissão e na formação dos candidatos ao sacerdócio; n. 8; Vaticano, 2008].</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O texto indica mais um documento: "<a href="http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccatheduc/documents/rc_con_ccatheduc_doc_20051104_istruzione_po.html">Instrução</a> sobre os critérios de discernimento vocacional acerca das pessoas com tendências homossexuais e da sua admissão ao seminário e às ordens sacras". Aqui, de fato, não encontramos a controversa expressão "orientação sexual", porque o texto insiste em repetir a fórmula <i>"tendências homossexuais profundamente radicadas"</i>, além de introduzir a teoria sobre as <i>"tendências homossexuais que sejam apenas expressão de um problema transitório como, por exemplo, o de uma adolescência ainda não completa"</i> e que <i>"devem ser claramente superadas, pelo menos três anos antes da Ordenação Diaconal"</i> [n. 2].</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em mais um documento, "<a href="http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19861001_homosexual-persons_po.html">Carta</a> aos bispos da Igreja Católica sobre o atendimento pastoral das pessoas homossexuais", a Igreja tenta explicar a sua postura em relação à expressão "orientação sexual":</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>A pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, não pode definir-se cabalmente por uma simples e redutiva referência à sua orientação sexual. Toda e qualquer pessoa que vive sobre a face da terra conhece problemas e dificuldades pessoais, mas possui também oportunidades de crescimento, recursos, talentos e dons próprios. A Igreja oferece ao</i> [talvez "no" - obs. minha] <i>atendimento da pessoas humana aquele contexto de que hoje se sente exigência extrema, e o faz exatamente quando se recusa a considerar a pessoa meramente como um "heterossexual" ou um "homossexual", sublinhando que todos têm uma mesma identidade fundamental: ser criatura e, pela graça, filho de Deus, herdeiro da vida eterna. </i>[n. 16] </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A mesma instituição (a Igreja católica), ainda que em um tom de crítica, não hesita ao usar a mesma expressão "orientação sexual". Em uma <a href="http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19920131_book-guindon_po.html">nota</a> sobre o livro de Pe. André Guindon, "The sexual creators. An ethical proposal for concerned christians" (1986), a Santa Sé diz:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Parece que ele</i> [Pe. André Guindon] <i>não reconhece muita liberdade às pessoas homossexuais, em relação com a orientação sexual das mesmas, nem a possibilidade de abstinência sexual.</i> (...) <i>A possibilidade de uma pessoa homossexual mudar para uma orientação heterossexual, mediante a psicoterapia </i>[sic!]<i>, é ridicularizada e rejeitada</i>. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Existe, portanto, algo chamado "orientação sexual"? Uma coisa semelhante afirmou o Beato João Paulo II, ainda no início de seu pontificado, quando <a href="http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/speeches/1979/october/documents/hf_jp-ii_spe_19791005_chicago-usa-bishops_po.html">elogiou</a> os bispos norte-americanos por terem escrito uma carta ao Povo de Deus:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Como homens que têm palavras de verdade e o poder de Deus (2 Cor 6, 7), como autênticos mestres da lei de Deus e pastores compadecidos, afirmastes também com justiça: "O comportamento homossexual... enquanto coisa distinta da orientação sexual, é moralmente desonesto". Na clareza</i> [sic!] <i>desta verdade, exemplificastes a caridade efetiva de Cristo: não traístes aqueles que, por causa da homossexualidade, se encontram perante problemas mais difíceis, como aconteceria se, em nome da compreensão e da compaixão, ou por qualquer outro motivo, tivésseis despertado uma falsa esperança a qualquer irmão ou irmã.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Percebe-se, então, que o termo "orientação sexual" tem conquistado o espaço na linguagem e no entendimento da Igreja, assim como (ou, ainda mais) na cultura da sociedade em geral. Notamos, ao mesmo tempo, uma constante tentativa de fuga desse assunto por parte da Igreja, enquanto instituição. As agremiações do tipo da UJURCAT, citada acima, podem contribuir melhor para a compreensão mais ampla de uma realidade que talvez nunca tenha a sua definição completa e absoluta, mas nem por isso deixa de fazer parte vital da nossa existência e da nossa convivência. Além disso, o termo "orientação" é muito mais correto do que a palavra "opção" que continua circulando por aí e ainda causa bastante confusão. Não canso de dizer que o fato de ser um homossexual não é a minha opção. Talvez seja a orientação e, sem dúvida, é a minha identidade.</div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-19778863658177095052014-03-16T15:58:00.001-03:002014-03-16T15:58:56.981-03:00A pobreza multifocal<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl-imU0M21o1bXYNp11wd9gV-DUNXb4VCjn8dWRr4fkib8rXLzmKH59VvXhNECTX0-NMnpGPRryyyK0nkSd41pQDH94ZCLROnzRLZ_nyZRLQwM6Yv_fk5e2b4iisLNBTVMcZMI3rk3qTMP/s1600/58857c533fffe2094f85869164805c5d.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl-imU0M21o1bXYNp11wd9gV-DUNXb4VCjn8dWRr4fkib8rXLzmKH59VvXhNECTX0-NMnpGPRryyyK0nkSd41pQDH94ZCLROnzRLZ_nyZRLQwM6Yv_fk5e2b4iisLNBTVMcZMI3rk3qTMP/s1600/58857c533fffe2094f85869164805c5d.jpg" height="200" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Confesso que nunca gostei da ideia de associar a Campanha da Fraternidade à Quaresma. A reflexão sobre os mais graves problemas sociais é, sem dúvida, muitíssimo importante, porém, a Quaresma em si, já traz tanto conteúdo que acrescentar mais um (por mais que se tente estabelecer analogias), só pode trazer prejuízo. É como acrescentar a água no feijão. A panela fica mais cheia, mas o sabor se perde, fica diluído. Ou, então, tendo no armário uma prateleira cheia e outra pela metade, mesmo assim, insistir em enfiar mais coisas, justamente naquela que está cheia. Será que não faria mais sentido, por exemplo, inaugurar a Campanha da Fraternidade naquele espaço entre o Natal e as Cinzas, prosseguindo, depois, ao longo do tempo comum? Do jeito como está, nem a Quaresma, nem a Campanha, conseguem penetrar suficientemente o coração do povo. Será que a superficialidade é proposital? Enfim... foi apenas um pequeno desabafo, à margem do tema principal. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Papa Francisco propõe uma reflexão para a Quaresma deste ano. É sobre Jesus que se fez pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9). Vale a pena ler a sua <a href="http://www.vatican.va/holy_father/francesco/messages/lent/documents/papa-francesco_20131226_messaggio-quaresima2014_po.html">mensagem</a>. Ciente da confusão cultural e linguística, o Papa procura explicar o verdadeiro sentido da pobreza, enquanto uma virtude. Nada de "coitadismo" e nada de limitação da pobreza à dimensão apenas material. Francisco fala, entre outras coisas, de pobreza moral e espiritual (além da material) e destaca a miséria como um grito dos sofredores que devemos ouvir e atender. A pobreza, em sua dimensão evangélica, é essencialmente uma vocação de cada cristão, chamado a imitar o Mestre Jesus que, através do despojamento por amor, redimiu a humanidade. Diz o Papa:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>A finalidade de Jesus se fazer pobre não foi a pobreza em si mesma, mas - como diz São Paulo - "para vos enriquecer com a sua pobreza". Não se trata de um jogo de palavras, de uma frase sensacional. Pelo contrário, é uma síntese da lógica de Deus: a lógica do amor, a lógica da Encarnação e da Cruz. Deus não fez cair do alto a salvação sobre nós, como a esmola de quem dá parte do próprio supérfluo com piedade filantrópica. Não é assim o amor de Cristo! </i>(...)<i> Em que consiste então esta pobreza com a qual Jesus nos liberta e torna ricos? É precisamente o seu modo de nos amar, o seu aproximar-se de nós como fez o Bom Samaritano com o homem abandonado meio morto na berma da estrada (cf. Lc 10, 25-37). Aquilo que nos dá verdadeira liberdade, verdadeira salvação e verdadeira felicidade é o seu amor de compaixão, de ternura e de partilha.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
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A lógica de Deus, da qual fala o Papa, é a lógica do amor. Quem já amou, sabe disso. De quantas coisas somos capazes de abrir mão, só para manifestar o nosso amor por aquela pessoa especial. E fazemos isso sem amargura. Pelo contrário, ficamos felizes (ricos em felicidade), ao ver a pessoa amada feliz. E isso acontece tanto entre as pessoas heterossexuais, quanto homossexuais. A experiência do amor não depende da orientação (identidade) sexual e não se limita com ela. Neste ponto tenho mais uma observação...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Muitos cristãos (talvez a sua maioria) associam as pessoas homossexuais ao pecado, à promiscuidade, à depravação... enfim, mandam-nos logo para o inferno. Até no mesmo texto da mensagem do Papa identificam-nos imediatamente com a "miséria moral". O Santo Padre diz:<i> "a miséria moral</i> (...)<i> consiste em tornar-se escravo do vício e do pecado. </i>(...) <i>Esta forma de miséria</i> (...) <i>anda sempre associada com a miséria espiritual, que nos atinge quando nos afastamos de Deus e recusamos o seu amor. Se julgamos não ter necessidade de Deus, que em Cristo nos dá a mão, porque nos consideramos auto-suficientes, vamos a caminho da falência.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
Ora, ser homossexual não equivale ao ser escravo do vício e do pecado. As crianças de 7-8 anos aprendem na catequese que o pecado é algo voluntário (além de consciente e contrário à vontade de Deus). Eu não sou gay porque quero ser gay. A homossexualidade nunca foi uma opção, apesar de tantos insistirem em usar tal termo. E tem mais: ser gay não significa necessariamente recusar o amor de Deus e considerar-se auto-suficiente a ponto de julgar não necessitar de Deus. Muito pelo contrário. Por isso acrescento à lista de misérias, proposta pelo Papa, a <b>miséria intelectual</b> de todos aqueles que, em nome de Jesus (ou por outra razão), rotulam as pessoas homossexuais (e as demais da diversidade LGBT) de "pobres pecadores" e tentam sentar-se no trono de Deus, o único Justo Juiz, prevendo para nós a condenação eterna e a exclusão social e eclesial até a morte (ou até o momento em que decidirmos abandonar a homossexualidade e abraçar a única forma "legítima" de sentir e de amar, isto é, a heterossexualidade).</div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-5567924574206558062014-03-04T16:46:00.001-04:002014-03-04T16:46:50.635-04:00O prelúdio do Sínodo<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2dx3Ahnq9B8ZjVv_LIGD5cpTP7ODXuPj5CQKKF12zojh-ot9mInrDyZ4C6U2N6oLNJnBuStj9dXlJCCjnLIlo9QF2MYgNUm_m7YwRTL-bvbZ74FnJTXGVK7UUrKXe4bSdq6jAHAtDOlD6/s1600/walter+kasper.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2dx3Ahnq9B8ZjVv_LIGD5cpTP7ODXuPj5CQKKF12zojh-ot9mInrDyZ4C6U2N6oLNJnBuStj9dXlJCCjnLIlo9QF2MYgNUm_m7YwRTL-bvbZ74FnJTXGVK7UUrKXe4bSdq6jAHAtDOlD6/s1600/walter+kasper.jpg" height="309" width="320" /></a></div>
<br />
O recente consistório (a reunião dos cardeais com o Papa) não faz parte do Sínodo dos Bispos, mesmo assim, ganhou o "sobrenome" de "Consistório da Família" e, com razão, a sua leitura está sendo feita, justamente, no contexto do Sínodo (previsto para o próximo mês de outubro). O portal <a href="http://ihu.unisinos/">ihu.unisinos</a> traz o longo texto do <a href="http://www.ihu.unisinos.br/noticias/528828-biblia-eros-e-familia-o-discurso-do-cardeal-walter-kasper">discurso</a>, feito durante o consistório pelo cardeal <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Walter_Kasper">Walter Kasper</a> a pedido do Papa Francisco e o comentário inicial da redação traz a expressão "ouverture", fazendo alusão à introdução a uma peça musical (assim mesmo como o título desta reflexão). Ainda dentro dessa analogia, posso dizer que a palestra do cardeal Kasper é uma "ópera" ou talvez "sinfonia" em favor da família e de sua forma bíblico-tradicional. Sim, temos algumas novidades, quase dissonâncias, quando se trata de propostas relacionadas à admissão de (algumas) pessoas divorciadas e recasadas aos sacramentos. De acordo com outro cardeal alemão, <a href="http://www.ihu.unisinos.br/noticias/528775-cardeal-marx-afirma-que-cardeal-kasper-sofreu-fortes-oposicoes-no-consistorio">Reinhard Marx</a>, o discurso de Kasper despertou fortes oposições por parte de muitos participantes do consistório.<br />
<br />
O texto é longo e requer (e, eu acho, merece) uma atenção redobrada. O meu contexto de leitura é a perspectiva LGBT e, por este ângulo, algumas afirmações destacam-se de maneira especial:<br />
<br />
<i>"A instituição da família é, embora com todas as diferenças particulares, a ordem original da cultura da humanidade. Não pode ter um bom sucesso estabelecer hoje uma nova definição da família, que contradiga ou mude a tradição cultural de toda a história da humanidade".</i><br />
<br />
<i>"Não nos tornamos homem ou mulher através da respectiva cultura, como afirmam algumas opiniões recentes. O ser homem e o ser mulher estão fundamentados ontologicamente na criação. A igual dignidade da sua diversidade explica a atração entre os dois, cantada nos mitos e nos grandes poemas da humanidade, assim como no Cântico dos Cânticos do Antigo Testamento. Querer torná-los iguais por ideologia destrói o amor erótico. A Bíblia entende esse amor como união para se tornar uma só carne, isto é, como uma comunidade de vida, que inclui sexo, eros, além da amizade humana ([Gn] 2, 14). Nesse sentido completo, o homem e a mulher foram criados pelo amor e são imagem de Deus, que é amor (1 J0 4, 8)".</i><br />
<br />
Enquanto todas as esperanças (de uma percepção nova do amor entre as pessoas do mesmo sexo) parecem mortas e sepultadas, brotam no mesmo texto - a meu ver - alguns modestos sinais positivos, ainda que de forma indireta. O primeiro deles é a antiga e clássica relação entre o matrimônio e o celibato. O cardeal Kasper lembra:<br />
<br />
<i>"Como o celibato livremente escolhido se torna uma situação sociologicamente reconhecida em si mesma, o matrimônio também, por causa dessa alternativa, não é mais uma obrigação social, mas sim uma livre escolha. Sobretudo as mulheres não casadas são agora reconhecidas mesmo sem um marido. Assim, o matrimônio e o celibato se valorizam e se sustentam mutuamente, ou ambos juntos entram em uma crise, como infelizmente estamos experimentando agora".</i><br />
<br />
Por analogia, podemos dizer que o casamento entre as pessoas do mesmo sexo que também já se tornou uma situação sociologicamente reconhecida em si mesma, faz com que a união matrimonial entre um homem e uma mulher, por causa dessa alternativa, não é mais uma obrigação social. Assim, o casamento heterossexual e a união homoafetiva se valorizam e se sustentam mutuamente. A visão do casamento igualitário como uma ameaça, ou um atentado contra a família tradicional, não tem mais razões para existir.<br />
<br />
O outro sinal de esperança, pequeno e indireto, vem da abordagem de uma das situações, tradicionalmente tidas como irregulares, agora, porém, apresentada em uma ótica diferente. É a questão daqueles que, tendo o seu primeiro matrimônio sacramental desfeito, estão vivendo a "segunda união", baseada no contrato civil. Em primeiro lugar, o palestrante refere-se, de maneira mais generalizada, às "famílias desagregadas" e diz:<br />
<br />
<i>"Não basta considerar o problema só do ponto de vista e da perspectiva da Igreja como instituição sacramental; precisamos de uma mudança de paradigma e devemos - como fez o bom samaritano (Lc 10, 29-37) - considerar a situação a partir da perspectiva de quem sofre e pede ajuda".</i><br />
<br />
Depois de recordar as antigas e clássicas tentativas de encontrar a solução, principalmente a avaliação das possibilidades de constatar a eventual nulidade do casamento religioso (e, consequentemente, promover a "santificação" da união existente), o cardeal Kasper lança uma nova proposta que diz respeito aos casais que não têm essa possibilidade, ou seja, àqueles que continuam sendo considerados "irregulares". Eu entro aqui, com a observação de que o meu casamento (caso exista um candidato que se aventure para tal façanha) também seria considerado irregular perante a Igreja (pois seria com um homem!) e sem chance de ser elevado ao nível do Sacramento do Matrimônio. Segundo os critérios propostos pelo cardeal, porém, nós dois, tendo cumprido certas condições, seríamos admitidos à Comunhão Eucarística, a não ser que a minha lógica esteja falhando.<br />
<br />
Antes de chegar aos pontos concretos, o cardeal Kasper polemizou com a ideia (sustentada, inclusive, pelo Papa Bento XVI) sobre a "comunhão espiritual" que - unicamente - seria acessível aos casais "irregulares":<br />
<br />
<i>"De fato, quem recebe a comunhão espiritual é uma coisa só com Jesus Cristo; como pode, então, estar em contradição com o mandamento de Cristo? Por que, portanto, não pode receber também a comunhão sacramental? Se excluímos os cristãos divorciados em segunda união que estão dispostos a se aproximar deles</i> [sacramentos]<i> e os encaminhamos à vida de salvação extrassacramental </i>[sic!]<i>, talvez não colocamos em discussão a estrutura fundamental sacramental da Igreja? Então, de que servem a Igreja e os sacramentos? Não pagamos um preço alto demais com essa resposta? Alguns defendem que justamente a não participação na comunhão é um sinal da sacralidade do sacramento. A pergunta que se coloca em resposta é: não seria talvez uma instrumentalização da pessoa que sofre e pede ajuda se fazemos dela um sinal e uma advertência para os outros? Deixamo-la sacramentalmente morrer de fome para que os outros vivam?".</i><br />
<br />
Após essa premissa dramática, o palestrante passou para os pormenores da proposta:<br />
<br />
<i>"Um divorciado em segunda união:</i><br />
<i>1) se se arrepende do seu fracasso no primeiro matrimônio;</i><br />
<i>2) se esclareceu as obrigações do primeiro matrimônio, se definitivamente excluiu que volte atrás;</i><br />
<i>3) se não pode abandonar sem outras culpas os compromissos assumidos com o novo matrimônio civil;</i><br />
<i>4) se, porém, se esforça para viver no melhor das suas possibilidades o segundo matrimônio a partir da fé e para educar os próprios filhos na fé;</i><br />
<i>5) se tem o desejo dos sacramentos como fonte de força na sua situação,</i><br />
<i>- devemos ou podemos negar-lhe, depois de um tempo de nova orientação (metanoia), o sacramento da penitência e depois da comunhão?"</i><br />
<br />
Entro aqui, de novo, com as minhas analogias:<br />
<br />
Uma pessoa homossexual:<br />
1) se se arrepende do seu fracasso nas tentativas de estabelecer uma união heterossexual, ou até mesmo se arrepende por ser homossexual, ou seja, admite o fato de que tal condição não depende de sua vontade livre (tipo: "ah, como seria mais fácil, eu ser uma pessoa heterossexual, mas, infelizmente, isso não depende de mim");<br />
2) se esclareceu as obrigações do casamento com uma pessoa do sexo oposto e se excluiu definitivamente a possibilidade de tal casamento;<br />
3) se não pode abandonar sem outras culpas os compromissos assumidos com a união homoafetiva;<br />
4) se, porém, se esforça para viver no melhor das suas possibilidades a união homoafetiva a partir da fé e para educar na fé os filhos que adotou;<br />
5) se tem o desejo dos sacramentos como fonte de força na sua situação,<br />
- a Igreja deve ou pode negar-lhe, depois de um tempo de nova orientação (metanoia), o sacramento da penitência e depois da comunhão?<br />
<br />
O cardeal parece ler os meus devaneios e logo acrescenta uma misteriosa advertência:<br />
<br />
<i>"Um casamento civil como descrito com critérios claros deve ser diferenciado de outras formas de convivência 'irregular' como os casamentos clandestinos, os casais de fato, sobretudo a fornicação e os chamados casamentos selvagens</i> [sic!]. <i>A vida não é só branco e preto; de fato, há muitas nuances".</i> Bem, fiquei na dúvida: onde é que eu me encaixo?<br />
<br />
Enfim, uma das considerações finais feita pelo cardeal Kasper, vejo também como um pequeno e indireto sinal positivo:<br />
<br />
<i>"Não podemos limitar o debate à situação dos divorciados em segunda união e a muitas outras situações pastorais difíceis que não foram mencionadas no presente contexto. Devemos tomar um ponto de partida positivo e redescobrir e anunciar o Evangelho da família em toda a sua beleza. A verdade convence mediante a sua beleza. Devemos contribuir, com as palavras e os fatos, para fazer com que as pessoas encontrem a felicidade na família e, de tal modo, possam dar às outras famílias testemunho dessa sua alegria. Devemos entender novamente a família como Igreja doméstica, torná-la a via privilegiada da nova evangelização e da renovação da Igreja, uma Igreja que está a caminho junto às pessoas e com as pessoas".</i><br />
<br />
Só espero que a Igreja esteja, também, a caminho junto às pessoas homossexuais...</div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-80991664860563702802014-03-01T14:17:00.001-04:002014-03-01T14:17:55.227-04:00Meu carnaval permanente<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzRsVwuJZRykfGVsZnC6tiw5Q5GgJaXLJFJVMtJdaNErJXlz0MToDVxeU3d2SUTSxWhxMU2u8Gz_ktZxOYuzpQKuaM65NvyBkHiXFWkISkDs-nO_BYP5pM8uA08PwuuzNOwN23pgmlHu_p/s1600/carnaval.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzRsVwuJZRykfGVsZnC6tiw5Q5GgJaXLJFJVMtJdaNErJXlz0MToDVxeU3d2SUTSxWhxMU2u8Gz_ktZxOYuzpQKuaM65NvyBkHiXFWkISkDs-nO_BYP5pM8uA08PwuuzNOwN23pgmlHu_p/s1600/carnaval.jpg" /></a></div>
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<br /></div>
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Os dias de carnaval, pelo menos aqui, no Brasil, criam uma sensação de estarmos em algum tipo de universo paralelo. As leis, os costumes e... os problemas, em sua maioria, ficam suspensos. Nada mais é estranho, ou melhor, o mais estranho é normal. É fácil despir-se de pudores para se revestir de fantasias. É a fantasia que reina e ninguém quer saber quem é quem. Não importa. É o teatro popular, um fenômeno vivido pela humanidade desde as suas origens, com a edição talvez mais clássica, lá na Grécia antiga. A hipocrisia perde a sua conotação pejorativa, retornando aos primórdios em que colocar uma máscara era apenas a nobreza da arte, ou seja, era uma mentira autorizada e consagrada. Por aqui, depois de alguns dias, irão sobrar as toneladas de lixo, as fantasias serão guardadas para o ano que vem e a vida, aos poucos, voltará à seriedade de sempre. As pessoas voltarão a mostrar as suas caras e as suas identidades...</div>
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<br /></div>
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O meu carnaval, entretanto, não termina na quarta-feira de cinzas. Eu continuarei usando a minha fantasia. É uma máscara do homem politicamente correto, talvez um pouquinho rebelde, tipo pirracento, mesmo assim, gentil e educado, bom (ou, pelo menos, médio) cristão, um cara que se veste sem extravagância, um tanto caladão, tímido, rotineiro, previsível. E, principalmente, um sujeito assexuado, supostamente heterossexual, por ser mais óbvio e porque ninguém toca nesse assunto. Até mesmo por não ter motivo para tocar. Sim, a minha fantasia de um carnaval permanente, pode ser chamada de... armário. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Bem, falando com sinceridade, eu já tirei a minha fantasia. Foi diante de algumas pessoas e entre elas, umas quatro, que me viram não somente sem a fantasia, mas também sem a roupa (e não estou falando de médicos). Algumas outras pessoas conseguiram enxergar através da minha fantasia e, de alguma maneira, descobriram que sou gay. Mas também não tocamos muito nesse assunto. Tipo: "sabe-se, mas não se fala".</div>
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<br /></div>
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Sinceramente, não sei até quando vou viver este carnaval. Algumas vezes já tive vontade de "chutar o pau da barraca". Outras vezes fiz ou falei coisas para provocar, mas foi como brincar com a própria máscara, fingindo querer tirá-la. E não tirei e ninguém conseguiu arrancá-la de mim.</div>
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<br /></div>
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Mas o carnaval é uma ótima oportunidade para esse tipo de reflexão.</div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-38291275948674827442014-02-25T22:44:00.000-04:002014-02-25T22:44:16.947-04:00O Papa e as famílias<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEKJG5WpaQ8we2HAIbmgSRqMtr_y2Vx8CAWhYVutTmhQZTuga_4I9OO_1NY_6fkuvtGbYvbP98eGGbLLRv13sltQk99gNRAsgzWTpkTJyqcoVWSWq8UhkQUcCvRKmdn4g1np0oQUpjCfM7/s1600/14dez2013---crianca-tira-o-solideu-do-papa-francisco-durante-reuniao-com-criancas-e-voluntarios-no-institutio-santa-marta-no-vaticano-1387039745441_441x500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEKJG5WpaQ8we2HAIbmgSRqMtr_y2Vx8CAWhYVutTmhQZTuga_4I9OO_1NY_6fkuvtGbYvbP98eGGbLLRv13sltQk99gNRAsgzWTpkTJyqcoVWSWq8UhkQUcCvRKmdn4g1np0oQUpjCfM7/s1600/14dez2013---crianca-tira-o-solideu-do-papa-francisco-durante-reuniao-com-criancas-e-voluntarios-no-institutio-santa-marta-no-vaticano-1387039745441_441x500.jpg" height="320" width="282" /></a></div>
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<br /></div>
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A Santa Sé divulgou hoje, 25 de fevereiro, a <a href="http://www.cnbb.org.br/imprensa-1/internacional/13714-em-carta-papa-francisco-pede-que-familias-rezem-pelo-sinodo">Carta às Famílias</a>, escrita pelo Papa Francisco. O texto, como tudo do Papa Francisco, é simples, objetivo e cheio de carinho. Eu leio a "Carta" com bastante esperança, lembrando de uma atenção nova e diferente da Igreja, voltada aos casais formados pelas pessoas do mesmo sexo. Talvez tenha chegado a hora de corrigir as afirmações anteriores, baseados nitidamente no medo perante o desconhecido que definiam como sendo abominável a "equiparação" das uniões homossexuais ao matrimônio e à família (escrevi sobre isso, p.ex. <a href="http://teleny-retorno.blogspot.com.br/2011/05/equiparacao.html">aqui</a>). Como sabemos, o <a href="http://teleny-retorno.blogspot.com.br/2013/11/preparando-o-sinodo.html">questionário</a>, elaborado pelo Vaticano e enviado aos quatro cantos do mundo, aborda também o tema das uniões de pessoas do mesmo sexo, como um dos temas do próximo Sínodo dos Bispos. Falando, justamente do Sínodo, cujo tema será "Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização", o Papa Francisco faz um pedido importante: "(...) <i>unamo-nos todos em oração para que a Igreja realize</i> (...) <i>um verdadeiro caminho de discernimento e adote os meios pastorais adequados para ajudarem as famílias a enfrentar os desafios atuais com a luz e a força que provêm do Evangelho</i>". No início da "Carta", o Papa coloca-se, literalmente, à porta da casa de cada família, para conversar. Não é difícil imaginar este homem, entrando no lar formado por dois homens ou duas mulheres, assim como à mais humilde casa de uma mãe solteira ou mesmo de um casal heterossexual que vive sem o vinculo sacramental do Matrimônio. O Papa diz a cada uma dessas famílias: "<i>Efetivamente, hoje, a Igreja é chamada a anunciar o Evangelho, enfrentando também as novas urgências pastorais que dizem respeito à família</i>". E acrescenta: "[<i>Jesus</i>] <i>é a fonte inesgotável daquele amor que vence todo o isolamento, toda a solidão, toda a tristeza</i>". No final ainda diz: "<i>Queridas famílias, a vossa oração pelo Sínodo dos Bispos será o tesouro precioso que enriquecerá a Igreja</i>".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há quem diga que não faz bem criar as expectativas, afinal trata-se de um sínodo, isto é, de uma reunião de trabalho que reunirá muitos bispos do mundo inteiro e que, em sua grande maioria, não têm a mente tão aberta quanto o Papa. Por outro lado, como <a href="http://www.zenit.org/pt/articles/card-kasper-expus-alguns-questionamentos-refletiremos-e-o-papa-decidira">disse</a> o cardeal alemão Walter Kasper, "<i>a Igreja não é uma democracia</i> (...), <i>porque, no final, quem decide é o Papa</i>". Temos ainda outros sinais de esperança. É o pronunciamento do Secretário do Sínodo dos Bispos, o cardeal Lorenzo Baldisseri que, entre outras coisas, <a href="http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=99200">disse</a>: "<i>As respostas</i> [ao questionário enviado pela Santa Sé aos católicos do mundo inteiro] <i>apresentam muito sofrimento, sobretudo da parte dos que se sentem excluídos ou abandonados pela Igreja, por se encontrarem num estado de vida que não corresponde à sua doutrina e à sua disciplina</i>". O mesmo cardeal afirmou ainda que as respostas ao questionário que já chegaram ao Vaticano (em aproximadamente 80% do total esperado), sublinham "<i>a urgência de tomar consciência das realidades vividas pelas pessoas, de retomar o diálogo pastoral com as pessoas que se afastaram, por várias razões</i>". E acrescenta: "<i>A figura do Papa Francisco comprova, dia após dia, uma nova abordagem humana e cristã que faz vibrar as pessoas, dispondo-as à escuta e ao acolhimento daquilo que é bom para elas, mesmo quando há sofrimento</i>".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Finalizo a reflexão com as <a href="http://www.vatican.va/holy_father/francesco/speeches/2014/february/documents/papa-francesco_20140220_concistoro-straordinario_po.html">palavras</a> do próprio Papa, pronunciadas no início do recente "Consistório sobre a família", no dia 20 de fevereiro. Podemos notar facilmente que tanto o otimismo exagerado, quanto o pessimismo desesperado, não deve nos acompanhar. Antes, o realismo...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu diria que são dois lados da mesma moeda...</div>
<div style="text-align: justify;">
De um lado: "<i>Nestes dias, refletiremos especialmente sobre a família que é a célula fundamental da sociedade humana. Desde o início, o Criador colocou a sua bênção sobre o homem e a mulher, para que fossem fecundos e se multiplicassem sobre a terra; e assim a família torna presente, no mundo, como que o reflexo de Deus, Uno e Trino</i>".</div>
<div style="text-align: justify;">
Do outro lado: "<i>Procuraremos aprofundar a teologia da família e a pastoral que devemos implementar nas condições atuais. Façamo-lo com profundidade e sem cairmos na 'casuística', porque decairia, inevitavelmente, o nível do nosso trabalho. Hoje, a família é desprezada, é maltratada, pelo que nos é pedido para reconhecermos como é belo, verdadeiro e bom, formar uma família, ser família hoje; reconhecermos como isso é indispensável para a vida do mundo, para o futuro da humanidade</i>".</div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-72368565714665030932014-02-25T01:28:00.002-04:002014-02-25T13:57:25.522-04:00Uganda<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2E8y-cLJcugxrK86WliNCJ_tUqlnwJUSZ9FgQumuEdOgFuK61f1GpVLTtG1dFpYI86TKo1HY9Erq7W2FIBS1snlQIBDClwI-L7xQ2cpB-uXxyxZHadWqfxM383eSedoYqnCjcVcTv9r8C/s1600/uganda.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2E8y-cLJcugxrK86WliNCJ_tUqlnwJUSZ9FgQumuEdOgFuK61f1GpVLTtG1dFpYI86TKo1HY9Erq7W2FIBS1snlQIBDClwI-L7xQ2cpB-uXxyxZHadWqfxM383eSedoYqnCjcVcTv9r8C/s1600/uganda.jpg" height="203" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dizer que a humanidade é uma grande família é repetir aquela linda teoria que não tem muito a ver com a realidade. No mesmo dia em que a presidente Dilma tinha afirmado que <i>faz parte do bom senso não se meter nos negócios de outros países e que o que importa é que sejam reconhecidas as coquistas sociais na Venezuela</i> (certamente, a vida que perderam os manifestantes, executados pelo regime do Maduro imaturo, não se enquadram nessas conquistas), um outro presidente, chamado Yoveri Museveni, lá em Uganda, disse:<i> "Os estrangeiros não podem nos dar ordens. É nosso país. Eles devem nos apoiar, ou senão guardar sua ajuda. Eu aconselho aos amigos ocidentais que não façam deste assunto um problema, porque eles têm muito a perder"</i>. Será que ele se inspirou na "presidenta"? É claro, não podia faltar as referências religiosas. O deputado David Bahati, que promoveu a lei, considerou que esse<i> "voto contra o demônio"</i> é <i>"uma vitória para a Uganda"</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O primeiro pensamento que surgiu na minha mente foi: <i>"Graças a Deus que eu não moro em Uganda"</i>... O segundo (ainda no mesmo espírito mesquinho e egoísta) dizia: <i>"Graças a Deus que Uganda não é uma potência, ou referência mundial, semelhante aos Estados Unidos"</i>. Mas, quando respirei um pouco e permiti que a notícia tocasse nas camadas um pouco mais nobres da minha humanidade, refleti: <i>"Meu Deus! E os homossexuais de Uganda? Como agora será a vida deles?!"</i>...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A lei prevê a sentença de prisão perpétua no caso de reincidência, criminaliza qualquer tipo de "promoção" da homossexualidade e obriga os cidadãos (certamente punindo qualquer desobediência nesse caso) a denunciarem qualquer pessoa que se identifique como homossexual. A pressão internacional obteve a correção do projeto original que incluía a pena da morte para quem fosse flagrado pela segunda vez realizando um ato homossexual. Como se sabe, porém, cada lei tem também uma dimensão educativa, portanto não serão muito surpreendentes os atos de "julgamento popular", com o direito ao linchamento dos acusados (se presenciamos isso no Brasil, imaginem em Uganda!)...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Só nos resta pedir a misericórdia de Deus e, com a mesma insistência, levantar a nossa voz em protesto, inclusive em campanhas de coleta de assinaturas e outras formas de apelos às autoridades do mundo todo. Ainda que tenhamos - como eu tive - os impulsos bastante mesquinhos e egoístas, tentemos pensar nos outros que, de fato, são nossos irmãos, apesar de morarem em um lugar tão distante e desconhecido.<br />
<br />
<span style="color: red;"><b>PEÇA QUE OS LÍDERES DE UGANDA E DO MUNDO TODO PROTEJAM AS PESSOAS LGBT EM UGANDA. ASSINE A PETIÇÃO <u><a href="https://www.allout.org/pt/actions/kill-the-bill">AQUI</a></u>! </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
-----------------------------------------</div>
<div style="text-align: justify;">
Obs. 1.: As informações obtive na página "<a href="http://www.homorrealidade.com.br/2014/02/uganda-promulga-lei-que-pune.html">Homorrealidade</a>" e sobre a campanha de assinaturas, no facebook.</div>
<div style="text-align: justify;">
Obs. 2.: Achei curioso o fato de que, ao transmitir a mesma notícia nos telejornais da TV Globo, o apresentador William Bonner usou o termo <i>"homossexualidade"</i> e - mais tarde - outro apresentador, William Waack, a palavra <i>"homossexualismo"</i>...<br />
Obs, 3.: Leia também, no Blog "Diversidade Católica", sobre o mesmo assunto: "<i><a href="http://diversidadecatolica.blogspot.com.br/2013/12/o-nuncio-apostolico-em-uganda-contra.html">O Núncio Apostólico em Uganda contra a nova lei anti-gay</a></i>" e "<i><a href="http://diversidadecatolica.blogspot.com.br/2014/01/a-mare-esta-virando-contra-homofobia.html">A maré está virando contra a homofobia</a></i>"</div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-79253181685767051092014-02-20T00:31:00.001-04:002014-02-20T00:31:29.556-04:00Os namorados em Roma<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBZx6RH161ezHj9ezkMjoY-Urgv2dE3wU68u5Z8zT0Mh6aPsIngILwf7ee1xAIDRA3uPUOulhtxtBWzkwknQPLnVQqIc9MfE5H3lPbTf1zo8VzAgfUIt1c6Y21X48TkQl0fpcm3M6snIpX/s1600/epa_papiez_franciszek_600.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBZx6RH161ezHj9ezkMjoY-Urgv2dE3wU68u5Z8zT0Mh6aPsIngILwf7ee1xAIDRA3uPUOulhtxtBWzkwknQPLnVQqIc9MfE5H3lPbTf1zo8VzAgfUIt1c6Y21X48TkQl0fpcm3M6snIpX/s1600/epa_papiez_franciszek_600.jpg" height="232" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não sei se entre aqueles milhares de namorados (noivos), reunidos com o Papa na Praça de São Pedro no último dia 14 de fevereiro (em vários lugares celebrado como o Dia dos Namorados - "Valentine's-Day"), estava algum casal homoafetivo. Juro que eu estaria lá, caso tivesse um namorado e estivesse em Roma. Os textos principais deste encontro, a saber: <a href="http://papa.cancaonova.com/dialogo-do-papa-francisco-com-os-noivos-140214/">Diálogo do Papa</a> com os casais e a <a href="http://www.aleteia.org/pt/religiao/noticias/oracao-dos-namorados-6345784853266432">Oração dos namorados</a>, não tinham nada a ver com a condenação de "formas alternativas do amor humano" (que poderíamos esperar na época de Bento XVI), mas trouxeram a serenidade e o júbilo de um relacionamento projetado para "até que a morte os separe". Evidentemente, havia referências diretas e indiretas ao relacionamento tradicional, consagrado e sacramentado, isto é, heterossexual. Não se ouviu, portanto, qualquer menção "revolucionária" ao namoro gay (também seria difícil esperar, eu acho). Porém, os casais homoafetivos, a meu ver, podem fazer um excelente proveito com essas reflexões. </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
As pessoas homossexuais que acreditam em Cristo e - de alguma maneira - identificam-se com a Igreja (neste caso, católica), têm alguns desafios a mais, em comparação com outras pessoas, por exemplo, os heterossexuais, os ateus/agnósticos e os seguidores de outras doutrinas (não vou detalhar aqui as diferenças entre as religiões). Em primeiro lugar aparece o desafio, talvez maior entre todos, que consiste em reconciliar em si mesmo as duas dimensões da própria identidade, quer dizer, a homossexualidade e a fé. O caminho não é curto nem fácil, porém possível. Aliás, é necessário para quem não se vê capaz de abrir mão de nenhuma dessas dimensões. A maior parte do trabalho a ser feito resume-se em superação (redefinição) de conceitos, opiniões, pontos de vista que tentam (com muito sucesso, infelizmente) apresentar as duas coisas, justamente, como irreconciliáveis, tipo água-fogo, água-óleo etc. A superação dessa visão do inferno é libertadora e não é nenhuma blasfêmia ou heresia. É uma descoberta, é uma ressurreição. Depois dese primeiro (mais longo, mais profundo e mais importante) passo, vêm outros, como a recuperação da alegria de um relacionamento com Deus-Amor, o novo gosto pela oração e a repensada, criativa e não menos alegre leitura da Palavra de Deus. A partir desta perspectiva, fica possível e muito útil, tomar nas mãos o texto da pequena oração dos namorados, composta especialmente para o encontro com o Papa:</div>
<br />
<i>Deus Pai, fonte de amor,</i><br />
<i>abre nossos corações e nossas mentes</i><br />
<i>para reconhecer em Ti</i><br />
<i>a origem e a meta</i><br />
<i>do nosso caminho de namorados.</i><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Sim, sim! Ele é a origem e a meta do caminho de namorados que se entregam um ao outro no amor, cheio de confiança, dedicação, carinho, diálogo e tantos outros atributos, capazes de elevar uma relação interpessoal bem acima de um mero desejo carnal que (não esquecido nem ignorado) é muito mais uma consequência do que o motivo e a finalidade máxima dos dois. Dois rapazes e duas moças que creem em Deus Pai, podem conseguir enxergar nele a fonte do amor que os/as une, por mais que o seu relacionamento tenha sido taxado de diabólico ou antinatural. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Jesus Cristo, esposo amado,</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>ensina-nos a vida de fidelidade e do respeito,</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>mostra-nos a verdade de nossos sentimentos,</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>faz-nos disponíveis ao dom da vida.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Embora essa parte da oração faça alusão direta à procriação, podemos entender que a disponibilidade ao dom da vida vai muito além desse significado restrito. Quanto mais sou capaz de reconhecer a minha vida e a vida do meu amado como um dom de Deus, haverá mais firmeza, zelo, cuidado e respeito pelo próprio relacionamento. E, se Deus permitir, a mesma disponibilidade ao dom da vida, levará à experiência da vocação à paternidade (maternidade), ainda que por meio de uma adoção. Além disso, a visão da vida como o dom, será suficiente para encarar, com fé e aceitação, a chegada da morte...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Espírito Santo, fogo do amor,</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>acende em nós a paixão pelo Reino,</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>a valentia para assumir</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>decisões grandes e responsáveis,</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>a sabedoria da ternura e do perdão.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sem dúvida, os homossexuais batizados podem contribuir para a construção do Reino de Deus. Podem e devem, afinal, este Reino é de amor, de acolhimento, de louvor ao Criador, de libertação dos cativos e de cura dos feridos. E nem precisa dizer de quanta valentia se exige das pessoas homossexuais que levam a sério a sua própria visibilidade e a decisão de compartilhar sua vida com alguém. Tampouco é necessário frisar a importância da sabedoria da ternura e do perdão em um relacionamento de pessoas do mesmo sexo, pois neste ponto não há diferença entre as sexualidades.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Deus, Trindade do Amor,</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>guia os nossos passos.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Amém.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As mesmas linhas de pensamento encontramos nas respostas do Papa aos representantes dos casais reunidos na Praça de São Pedro. As três perguntas perfeitamente dizem respeito às nossas inquietações:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>1) Santidade, muitos, hoje, pensam que prometer fidelidade para toda a vida é um compromisso muito difícil. Muitos sentem que o desafio de viver juntos para sempre é bonito, fascinante, mas muito exigente, quase impossível. Pedimos que sua palavra possa nos iluminar sobre esse aspecto.</i> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se os namorados (noivos) heterossexuais têm essa preocupação, imagine-se os homossexuais. Além da onipresente "cultura do descartável", da qual o Papa fala com frequência, acrescenta-se a pressão interna e externa, experimentada por todos "não-heterossexuais" que têm muito mais dificuldades em acreditar que "isso pode dar certo". O Papa dá dicas simples e concretas que, de novo, servem muitíssimo bem às pessoas do mesmo sexo que queiram levar a vida em comum (leia <a href="http://papa.cancaonova.com/dialogo-do-papa-francisco-com-os-noivos-140214/">aqui</a>). Em resumo, trata-se de uma construção, dia após dia e não apenas sobre a base de sentimentos. O Papa recomenda também a oração pelo relacionamento: <i>"Senhor, dá-nos hoje, o nosso amor cotidiano".</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>2) Santidade, viver juntos todos os dias é belo, dá alegria, sustenta. Mas é um desafio a ser enfrentado. Acreditamos que devemos aprender a nos amar. Há um "estilo" de vida conjugal, uma espiritualidade do cotidiano que queremos aprender. O Senhor pode nos ajudar nisso, Santo Padre?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
Aqui a resposta do Papa é ainda mais simples e bastante prática. É a capacidade de usar, conscientemente, os termos (ou melhor, as posturas): <i>"Posso?", "Obrigado!" e "Desculpe!"</i>. Nada de invadir, com as "botas de montanha", a vida e a intimidade do outro. Nada de ingratidão, mas muita sensibilidade e reconhecimento. Finalmente, a sincera humildade em admitir os próprios erros e pedir o perdão por eles. Literalmente o Papa disse (entre outras coisas): <i>"A gentileza preserva o amor"; 'É necessário saber dizer 'obrigado' para caminhar bem juntos"; "Jesus, que nos conhece bem, nos ensinou um segredo: nunca terminar um dia sem pedir perdão...". </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>3) Santidade, nestes meses, estamos nos preparativos para o nosso casamento. O Senhor pode nos dar algum conselho para celebrar bem o nosso matrimônio?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
Bem... No momento, esta é a questão que preocupa exclusivamente os casais heterossexuais, sobretudo no contexto do Sacramento do Matrimônio. Caberia aqui a pergunta sobre a celebração de uma bênção nupcial para os casais homoafetivos (enquanto o Sacramento está fora de qualquer cogitação). Mas, a resposta do Papa vai além e é, de fato, a continuação do tema de um "estilo de vida conjugal", mencionado anteriormente. O Papa Francisco disse (aqui vai a resposta inteira):</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: none; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; padding: 0cm;">
<span style="color: black; font-family: inherit;"><i>Façam
de um modo que seja uma verdadeira festa, uma festa cristã, não uma
festa social! A razão mais profunda da alegria desse dia nos indica
o Evangelho de João: vocês se recordam do milagre nas bodas de
Caná? Em um certo momento, o vinho faltou e a festa parecia
arruinada. Por sugestão de Maria, naquele momento, Jesus se revela
pela primeira vez e realiza um sinal: transforma a água em vinho e,
assim, salva a festa de núpcias.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: none; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; padding: 0cm;">
<span style="color: black; font-family: inherit;"><i>O
que aconteceu em Caná há dois mil anos acontece, na realidade, em
cada festa de núpcias: o que fará pleno e profundamente verdadeiro
o matrimônio de vocês será a presença do Senhor que se revela e
dá a sua graça. É a sua presença que oferece o “vinho bom”, é
Ele o segredo da alegria plena, que realmente aquece o coração.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border: none; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; padding: 0cm;">
<span style="color: black; font-family: inherit;"><i>Ao
mesmo tempo, no entanto, é bom que o matrimônio de vocês seja
sóbrio e faça sobressair o que é realmente importante. Alguns
estão mais preocupados com os sinais exteriores, com o banquete,
fotografias, roupas e flores… São coisas importantes em uma festa,
mas somente se forem capazes de apontar o verdadeiro motivo da
alegria de vocês: a bênção do Senhor sobre o amor de vocês.
Façam de modo que, como o vinho em Caná, os sinais exteriores da
festa revelem a presença do Senhor e recorde a vocês e a todos os
presentes a origem e o motivo de vossa alegria.</i></span></div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-91107429772462012482014-02-19T00:24:00.001-04:002014-02-19T00:24:59.521-04:00A pedagogia televisiva<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTTevvFcb7xRAuUq6WNG7HewyiRD-XrdcIM-luN1Ojn56tZP8JlfuDQhS9w9eU1rGB7_rL0m6Wr_uLyobScuAaYlsSZQ_12uRPzgSVRtnXGnMw5_f7Nctf5lDRod1j_v2b-SMFGPhdR1jt/s1600/RTEmagicC_df447d325d.jpg.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTTevvFcb7xRAuUq6WNG7HewyiRD-XrdcIM-luN1Ojn56tZP8JlfuDQhS9w9eU1rGB7_rL0m6Wr_uLyobScuAaYlsSZQ_12uRPzgSVRtnXGnMw5_f7Nctf5lDRod1j_v2b-SMFGPhdR1jt/s1600/RTEmagicC_df447d325d.jpg.jpg" height="205" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A telenovela, enquanto um dos gêneros da arte cinematográfica, tem recebido muito mais críticas do que elogios. Basta lembrar as discussões, ou melhor, verdadeiras batalhas verbais (com o direito a xingamentos e anátemas em nome de Jesus), depois do último capítulo da obra, exibida recentemente pela TV Globo, "Amor à vida". Eu acredito, porém, que uma reflexão mais serena pode nos levar a outras conclusões, mais objetivas e, sobretudo, construtivas. Em primeiro lugar, vale a pena analisar um pouco o próprio estilo desse trabalho. É como a leitura de um livro, misturada com a peça teatral (ou, talvez, várias peças entrelaçadas). A própria dinâmica de capítulos faz com que o telespectador assimile sem pressa o conteúdo da obra. Não preciso dizer que é, justamente, essa dinâmica da telenovela que se torna o alvo de críticas daqueles que enxergam ali a "destruição da família cristã e dos mais nobres valores morais da sociedade". Lembro-me de um padre que, alguns anos atrás, dizia "Dessa vez eles acertaram com o título da novela: 'Suave veneno'! Toda novela é esse veneno que eles suavemente injetam na alma do nosso povo!"...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Volto à serenidade como o atributo necessário em cada conversa sensata e racional. Deixo de lado as "teorias de conspiração" de todo tipo (a "Nova Ordem Mundial" e até a "obra do maligno") que tanta gente consegue enxergar nas telenovelas. Tampouco pretendo, por outro lado, fazer aqui a ingênua apologia desse fenômeno. Apenas gostaria de apontar algumas questões. As estatísticas, bem como a simples observação pessoal do cotidiano, mostram que uma enorme parte da sociedade, de fato, acompanha as telenovelas, principalmente as da TV Globo. Podemos afirmar, com toda honestidade, que as histórias retratadas nessas tramas não se distanciam tanto da vida real, a não ser pelo acúmulo (necessário para os fins artísticos) de personagens, ou personalidades, fortes e situações encharcadas de emoções. O encontro da ficção com a realidade torna a telenovela, de um lado, mais próxima ao telespectador e por outro lado, mais suportável. Quem sabe, um dia alguém tenha a ideia de retratar apenas a vida real, sem um pingo de fantasia, tendo por exemplo, alguns capítulos dedicados a um dos personagens dentro do ônibus municipal, e ao outro fazendo compras no supermercado (e tudo isso em tempo real). Pode até ser uma ideia legal, mas por enquanto temos essa mistura. Uma outra questão é o nível profissional dos atores e atrizes que conseguem, com frequência, estragar as mais belas ideias do autor (neste momento não vou perder o meu tempo para isso)...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vivemos, graças a Deus, nos tempos em que não é mais tão fácil negar a existência das pessoas não heterossexuais. Há quem diga que a telenovela também "entrou na onda da moda", ao que eu respondo que - na minha opinião - este tipo de arte retrata mais do que influencia a vida. E aqui está o grande mérito da telenovela. Exatamente através de sua dosagem lenta e duradoura, a telenovela é capaz de não apenas sinalizar a existência de um fenômeno ignorado (neste caso, o amor entre as pessoas do mesmo sexo), mas, de fato, <b>retratar</b>, passo a passo. Simplesmente dizer: "É assim que funciona". "Sim, a pessoa se apaixona de forma muito parecida como no caso de um casal heterossexual". Para mim e para vários Leitores deste blog, é a coisa mais óbvia na face da terra. Mas, para muita gente, não é. Por isso mostrar um ser humano, cheio de dilemas, mas também capaz de amar, com todo o seu ser e não apenas procurar o sexo, é tão importante. Essas cenas de ternura e de aflição revelam algo inédito para muitos: a homossexualidade não é luxúria desnaturada, mas é um mistério de emoções, sonhos, conquistas e realizações. É uma realidade tão profunda e tão humana ao mesmo tempo que pode, ao ser assistido com um pingo de boa vontade, curar de preconceitos e ensinar a olhar às pessoas diferentes em sua sexualidade, com mais compreensão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi neste contexto que fiquei muito feliz com as cenas na nova telenovela da TV Globo "Em família" que mostraram (e prometem continuar mostrando) o surgimento de uma "química" entre duas mulheres, Marina (Tainá Müller) e Clara (Giovanna Antonelli). Para mim foi fabulosa a frase da Marina que disse: <i>"Eu acho que estou me apaixonando por ela. Não sei se vai dar certo..."</i>. Repito: quem de nós, LGBT, já não experimentou esse tipo de coisa? Mas para uma mãe de homossexual, de travesti, de transgênero etc., assistir tal cena pode ser uma verdadeira revelação, uma descoberta que beneficiará, em geral, todos os relacionamentos dentro da própria família. Sei que não estou inventando, pois até hoje podem ser encontrados os testemunhos daqueles que experimentaram verdadeiros milagres em casa, na hora do beijo de Félix e Niko.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Deixo aqui, portanto, os meus parabéns, para todos os autores, diretores, atrizes e atores que abraçam o desafio e procuram retratar, por meio de sua arte, a nossa realidade - tão próxima e ainda tão distante - do resto da sociedade!</div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-67102201104655153362014-02-12T21:57:00.000-04:002014-02-12T21:57:09.390-04:00Sonhando com a casa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKUM1zoWLLbWwuKRVwL6NGd8zUMTlsOyycddE04r58KN3rGl7nKfsbxvl7MleZKQDHqgOI18pd_pvKCv1-GPcYiGP1PAftnOkmEP_38zt3xOqu-dx6_gOC_wpoN1MUEWmTTvlyb4vHqmrn/s1600/casal-gay-homem-com-homem-cor1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKUM1zoWLLbWwuKRVwL6NGd8zUMTlsOyycddE04r58KN3rGl7nKfsbxvl7MleZKQDHqgOI18pd_pvKCv1-GPcYiGP1PAftnOkmEP_38zt3xOqu-dx6_gOC_wpoN1MUEWmTTvlyb4vHqmrn/s1600/casal-gay-homem-com-homem-cor1.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O meu sonho associa-se a uma casa. Não necessariamente no sentido arquitetônico. Pode ser um apartamento, inclusive bem pequeno. Digo "casa", pensando em uma morada, um lar. E, principalmente, em uma vida compartilhada. A casa é algo de casal e o casal é algo (melhor: é tudo) de amor. Um amor que evolui e, ao mesmo tempo, cultiva algum tipo de rotina própria. É um clima, um espírito, um ritmo. Neste sentido, a rotina não precisa ser o sinônimo de estagnação. Antes, é o sinal de uma profunda sintonia entre dois seres humanos que se conhecem a ponto de prever, intuir, o próximo passo do outro. Essa intuição, um dos principais frutos do amor, não aprisiona. Eu posso prever que o meu amado está prestes a me fazer uma surpresa, mesmo sem saber qual. Vou saber, porém, que aquela surpresa foi preparada para mim. Eu também faria surpresas. A vida pode ser intensa e, ao mesmo tempo, serena. Existe uma diferença fundamental entre os aborrecimentos, diferenças de opinião, correções - coisas mais naturais entre duas pessoas - quando se baseiam, ou não, em uma neurose. Os relacionamentos neuróticos vivem sacudidos por ciumes, cobranças e mentiras. A raiz, mais que provavelmente, situa-se em algum tipo de insegurança. Os estudiosos e os experientes afirmam que é a baixa autoestima que gera dúvidas em relação ao amor do outro. O medo e amar e o medo de não ser amado andam de mãos dadas, enquanto são as pessoas que deveriam andar assim. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As cenas mais preciosas de uma vida conjugal não vêm das memórias da minha própria família. Pelo menos, não no sentido clássico e estrito da palavra. Os meus pais se separaram quando eu ainda era pequeno. Lembro-me de algumas brigas entre eles e daqueles períodos em que não se falavam direito. Lembro-me de ausências prolongadas do meu pai e de olhar amargurado da minha mãe. Até que essa ausência e essa amargura se tornarem permanentes. Ele saiu definitivamente de casa. Ela, com o tempo, aceitou a nova situação e conseguiu amenizar a sua amargura. Eu e o meu irmão mais velho, ambos pré-adolescentes na época, descobrimos, aos poucos, que a vida assumiu as formas diferentes. Ele nos visitava com frequência, mais tarde começou a nos levar para acamparmos juntos, até chegou a hora em que - por meio de uns esforços diplomáticos com a nossa mãe que só poderíamos imaginar - promoveu o nosso encontro com a nova esposa dele. Havia a questão da forma de chamá-la. Sem dúvida, não seria "mãe", nem "madrasta", ou "tia". Foi ela que deu a proposta de chamá-la, simplesmente, pelo nome. Confesso que nunca consegui, o que resultou em uma espécie de ginástica mental para poder conversar com ela de curiosa forma impessoal. Não vou tentar explicar isso aqui para não fugir do assunto principal. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não tenho como e também não pretendo fazer aqui as comparações e - ainda menos - qualquer tipo de julgamento. Digo apenas que nunca (antes e depois) e em nenhum outro lugar vi algo que, de fato, pode ser chamado "casa", um lar fantástico, para não dizer "perfeito". Vi e vivi na casa deles. Não, eles não eram perfeitos, mas o que os unia beirava a perfeição, ou melhor, uma incrível sintonia, uma confidencialidade, uma paz. Foi assim até a morte do meu pai. E eu, assim como o meu irmão, visitávamos aquela casa e, depois, aquela mulher, já sozinha, com bastante frequência. Ela sempre foi a "gerente" da casa e ele, a cabeça. Ela administrava o dinheiro, as compras e as contas, mas a verdadeira paixão dela (além do meu pai, é claro) era a própria casa que, em cada detalhe, levava a sua marca. Cozinheira talentosa e carinhosa e decoradora nata, mesmo sem ser profissional do ramo. Notava-se, a todo momento, o profundo e sincero respeito entre eles. Eu diria, uma reverência. Os dois se revezavam nas advertências dadas a mim e ao meu irmão: "Fala mais baixo! Ele está trabalhando agora e não gosta de ser interrompido" (meu pai era um jornalista e foi em casa que ele dava aquele último toque aos seus textos). Ou então: "Arruma a mesa! Ela não gosta de bagunça... E na próxima vez vê se traz algumas flores para ela!".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Bem... Eu não convivi com eles o tempo todo, mas também não acredito que tenha sido um teatro, feito por eles, só para criar uma aparência hipócrita de harmonia, diante dos nossos olhos. Aquela compreensão sem precisar explicar as coisas, o respeitoso e profundo conhecimento mútuo de costumes e gostos pessoais, a sintonia, a paz. Eles falavam com a mesma voz quando nos orientavam ou cobravam algo da gente. Eles se divertiam. Sim, as vezes um chamava atenção do outro, mas nem por isso o clima entre eles ficava alterado. As diferenças que cada um deles trazia, só serviam para completar o outro. Ele era bem mais velho, havia diferenças intelectuais e as histórias familiares distintas. Nada disso atrapalhava a sua união. Passavam muito tempo juntos, mas não se via aquele jeitão grudento que muitos casais apresentam. Finalmente, quando chegou a hora, foi ela quem cuidou dele, até o último suspiro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando, então, fico sonhando com a minha casa, com o meu casamento... penso neles. Um relacionamento lindo, posso dizer perfeito, sem deixar de ser profunda e autenticamente humano.</div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-85450893634083874692014-02-07T15:52:00.002-04:002014-02-07T15:52:43.095-04:00Deixar lesbianismo?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlY5H6x0WpRy_qqIp3AsnvjSlhnHzfZ0R59GhGoe20A5cpjvIAN0J7XrcbmqlByz4WCPplDLHNvITtXtx5ixFi2ce1Og2MpukUs5hSKRde0ni4RKnNrFz5VaXEKsLe7weKajYgokzGKmVE/s1600/1395976_1423608394534685_943254178_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlY5H6x0WpRy_qqIp3AsnvjSlhnHzfZ0R59GhGoe20A5cpjvIAN0J7XrcbmqlByz4WCPplDLHNvITtXtx5ixFi2ce1Og2MpukUs5hSKRde0ni4RKnNrFz5VaXEKsLe7weKajYgokzGKmVE/s1600/1395976_1423608394534685_943254178_n.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A frase acima [o título] parece estar incompleta. É a minha reação espontânea que faz acrescentar ali as palavras que faltavam. Seria assim: "Deixar <u>de usar o termo</u> 'lesbianismo', bem como 'homossexualismo' e 'gayzismo' - este último que nem existe nos dicionários legítimos e sérios, pois é uma debochada criação de Olavo de Carvalho [o ex-mago] e repetida pelo seu discípulo, padre Paulo Ricardo, seguido pelos milhares católicos homofóbicos". Tudo bem, a "minha frase" ficou mais longa e distante da "revelação" feita pelo portal "<a href="http://novaguia.org/atriz-global-claudia-jimenez-deixa-lesbianismo/">nova guia</a>". O título original da matéria é: <i>"Atriz global Claudia Jimenez deixa lesbianismo"</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O título é como a chave de uma fechadura. Se estiver enferrujada, não vai funcionar bem. Não preciso ser um profissional de jornalismo para detectar os erros grosseiros, pelo menos dois, na abertura da matéria. Não sei de onde surgiu a mania de chamar atores e atrizes da Rede Globo de Televisão de "globais", se 99% deles não passam de nacionais. É quase como atribuir aos atores da Band o apelido de bandidos. Mas isso é de menos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que é que queria dizer a expressão "deixar lesbianismo"? Será que a pessoa que fez esse "anúncio de um milagre" ouviu falar de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Bissexualidade">bissexualidade</a>? De fato, vivemos numa época de notícias igualmente rápidas e superficiais. Isto é, uma época da difusão de burrices, a verdadeira epidemia de palavras sem conteúdo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O próprio artigo cita os desabafos da atriz que disse, por exemplo: <i>"Não tinha sensualidade, era muito mais gorda do que sou hoje. Não tinha forma nem vaidade. Achava que não tinha cacife para seduzir um homem. Como tinha de ser amada, me joguei nas mulheres"</i>. Tirando a curiosa ingenuidade da atriz, ao considerar mais fácil encontrar (sim, seduzir) alguém dentro de uma minoria, parece ser uma enorme arrogância afirmar que para se relacionar, ou - usando a sua expressão - se jogar nos braços de uma mulher, não precisava de sensualidade, forma e vaidade. Por que? Porque o relacionamento homoafetivo é um vaso sanitário?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A matéria fornece várias "pérolas" que seriam cômicas se não fossem trágicas: <i>"As declarações da atriz, que não associa homossexualidade a algo inato à pessoa e sim como comportamento que pode ser superado, deixou a militância LGBT do país em polvorosa"</i>; <i>"Claudia deixou nas entrelinhas que sua opção pelo lesbianismo se deveu a diversos fatores externos como trauma de infância, rejeição e carência afetiva"</i>. No cotexto da última frase, acho interessante mencionar aqui o título da entrevista, concedida pela atriz ao jornal "<a href="http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2011/03/887398-claudia-jimenez-diz-que-rejeicao-fez-aflorar-seu-lado-comico.shtml">Folha de São Paulo</a>" (que, aliás, é a única fonte devidamente citada no artigo): <i>"Claudia Jimenez diz que rejeição fez florescer seu lado cômico"</i>. Coerência jornalística? Que nada!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando a gente pensa que uma tese bizarra já tenha sido superada, neste caso de "cura gay", de repente aparece alguém que lança uma declaração brilhante, como esta: <i>"Que outros sigam o exemplo de Claudia. Há saída para o comportamento homossexual"</i>. Só faltou o final lógico da frase: "...no caso de pessoas bissexuais".</div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-82624293038305052392014-02-05T00:15:00.000-04:002014-02-05T00:15:04.886-04:00Bonança após a tempestade?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdd5HnNo4wnpj7vQEb3ZH2iVx12e9YA-83gumZyFMcLyJeBxR-RIwedCV9pdkVlFYibQUKq_Wgd8IexzHmalDpxPkHBC2GvUVnAe9RUOaV5eH1JbTISAgRk-IpD4UKpSuQXnXdbtoldMGr/s1600/rysblog6a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdd5HnNo4wnpj7vQEb3ZH2iVx12e9YA-83gumZyFMcLyJeBxR-RIwedCV9pdkVlFYibQUKq_Wgd8IexzHmalDpxPkHBC2GvUVnAe9RUOaV5eH1JbTISAgRk-IpD4UKpSuQXnXdbtoldMGr/s1600/rysblog6a.jpg" height="320" width="296" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O título faz alusão ao texto do Livro de Tobias: <i>Porque vós não vos comprazeis em nossa perda: após a tempestade, mandais a bonança; depois das lágrimas e dos gemidos, derramais a alegria </i>(Tb 3, 22). Preciso acrescentar aqui que a frase acima localizei apenas na <i>Bíblia "Ave Maria"</i> e constatei a ausência desta e de várias outras frases nas demais edições da Bíblia (<i>CNBB, Jerusalém etc</i>.), além de não encontrar - evidentemente - o próprio Livro de Tobias nas edições não-católicas. Não é este, entretanto, o assunto de hoje. Seja qual for a fonte dessa intuição sobre os fenômenos da natureza (transferidos de certa forma à convivência humana), parece óbvio que depois de algum tempo de agitação, venha um pouco de paz. É assim que tudo funciona, desde os microscópicos organismos, até às galáxias mais distantes. Ou melhor, desde o palpitar do nosso coração, através da respiração, até ao sexo, tudo tem que ter o ritmo, tem que ser um ciclo, uma onda, com altos e baixos. Nós temos isso no sangue. Está gravado na nossa natureza. É muito provável que seja por isso que sentimos, intuímos, as pulsações da terra, do mar e do ar. E da história, por que não? Sabemos que após a tempestade vem a bonança. Ou, pelo menos, deveria vir.</div>
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<br /></div>
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Desde a última sexta-feira vivemos uma espécie de tempestade, causada pelo "beijo gay" que tenha sido exibido no último capítulo da telenovela da Globo, o <i>"Amor à vida"</i>. Estou falando, principalmente, sobre a tempestade que explodiu no microcosmo (ou, talvez, macro-), chamado pomposamente de "redes sociais" que, como todo mundo sabe, se concentram sobretudo no <i>facebook</i>. Temos, é claro, os reflexos no twitter, nos blog's e nos portais que representam este ou aquele lado do palco ideológico-doutrinal da comunicação social. Muitos comemoraram. Muitos se lamentaram. Não tive a menor vontade de calcular as proporções...</div>
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<br /></div>
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Juro que não vou reproduzir aqui, nem em parte, aquelas grandiosas batalhas cibernéticas ou os tratados teológico-pedagógico-jurídicas, contra ou a favor do beijo gay em si, ou da novela, ou da própria Rede Globo em geral. Já escrevi, já fui criticado, já excluí gente da minha lista de contatos, enfim... A tempestade está dando a impressão de querer ir embora, ainda que com alguns trovões e relâmpagos em forma de um "até logo!". O sossego vai durar até a próxima oportunidade. Exatamente assim, como acontece na própria natureza. Digamos, em nosso contexto (LGBT), tivemos a tempestade do Bolsonaro, mais tarde aquela do Feliciano e agora essa do casal Félix e Niko. Os meteorólogos também dão nomes aos tufões e ciclones. Nada original... </div>
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<br /></div>
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O que me trouxe aqui é a pergunta: será que depois de uma tempestade, realmente vem a bonança?</div>
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<br /></div>
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As redes sociais têm a sua dinâmica própria que em parte demonstra a evolução da mentalidade humana. Tirando uma margem que a tela de um computador proporciona, isto é, aquela diferença entre as coisas que se tem a coragem de escrever, mas nunca se diria na cara do outro, em sua grande parte, a discussão tão acalorada como essa, mostrou o crescimento vertiginoso de posicionamentos radicais. O que mais chamou a minha atenção foi o fato de observar isso principalmente entre os <b>jovens</b>. Eu sei que a juventude é radical (OK, digamos: idealista) por natureza e que a moderação (no bom e no mau sentido) ocorre com o tempo, através de choques com a realidade, de decepções, de cansaço e de comodismo, bem como através de estudo e de um amadurecimento em geral. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A humanidade apresenta a mesma dinâmica de forma ainda mais clara. É uma interminável conquista, é a descoberta, é o avanço constante. Sem dúvida, como em cada caminhada, houve tropeços, capazes até de travar por algum tempo o natural progresso da civilização. Tais tropeços tornaram-se, no entanto, uma fonte de sabedoria e enriqueceram a consciência coletiva do gênero humano, passando de uma geração para outra. E é, justamente, neste fluxo de gerações que a gente deposita a expectativa dos tempos melhores. Repete-se, de certa forma, a experiência do povo de Israel que, no final de sua longa peregrinação rumo à terra prometida, constatou que era preciso que morresse aquela geração e surgisse a outra, para obter a vitória definitiva (cf. Jos 5, 6-7). É tão natural a suposição - quase automática - de que cada nova geração supere em suas qualidades a geração anterior.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A impressão que tenho, após a leitura das berrantes declarações homofóbicas daqueles que representam a <b>Igreja Católica Apostólica Furiosa</b>, é que as coisas irão piorar. Essas pessoas, ainda que confusas em sua argumentação e apresentando as falhas graves na compreensão e no uso da língua portuguesa, estão profundamente convencidas quanto à razão exclusiva e absoluta daqueles princípios que nós tão bem conhecemos e que tanto mal já nos fizeram. É como a <i>"Fúria Jovem"</i> da torcida de um clube esportivo. Pior... É como a "<a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Juventude_Hitlerista">Juventude Hitlerista</a>" (<i>Hitlerjugend</i>). Esta analogia pode parecer drástica demais, porém, trata-se de uma lógica semelhante: ainda que por motivos diferentes, o braço jovem de cada uma dessas instituições conhece bem o atalho que reduz ao mínimo a distância entre a ideia e o ato. A crueldade das declarações verbais anuncia uma nova, maior onda da homofobia, com a base no cego fundamentalismo cristão. Lamentavelmente...</div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-36217344846830192732014-01-29T22:09:00.000-04:002014-02-05T00:16:29.459-04:00Vox populi...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYGp7U-BGsENrC2BWfMWIGHquhSckPXnfb_baYZw_jhqnAh5rKvU3RrQBAA7Iw0feDBy9d6DJUk0tTndLNMdBWrBWB-tFpNncdpwjRA8xIxgC76Vu7vBOpNpd-a_JQE5TNMcsCNnNVe0Xk/s1600/vox+populi.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYGp7U-BGsENrC2BWfMWIGHquhSckPXnfb_baYZw_jhqnAh5rKvU3RrQBAA7Iw0feDBy9d6DJUk0tTndLNMdBWrBWB-tFpNncdpwjRA8xIxgC76Vu7vBOpNpd-a_JQE5TNMcsCNnNVe0Xk/s1600/vox+populi.jpg" height="241" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;">(A foto de um dos participantes das manifestações em Kiev, capital da Ucrânia.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;">O texto, em ucraniano, diz: <b>"Pela voz do povo fala Deus"</b>.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;">Pouco tempo depois, o mesmo manifestante foi encontrado morto</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;">nas imediações da Praça da Independência.)</span></div>
<div style="text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>"A voz do povo é a voz de Deus"</b>, diziam os antigos. Ainda que a Igreja nunca tenha-se declarado democrática (e sim, "teocrática"), tal conceito já possuía o espaço maior ao longo de sua história. Basta lembrar das canonizações feitas antigamente pela aclamação (o que não teve vez no funeral de João Paulo II, acompanhado pelo grito popular "Santo subito!"), bem como em algumas eleições papais, ocorridas (também antigamente) através da mesma dinâmica. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">A Igreja, enquanto instituição, ao longo dos séculos, elaborou uma linguagem (palavras, gestos, símbolos, rituais etc.) que, além de pretender transmitir a doutrina, serviu para instalar e expandir o seu sistema monárquico (que, aliás, tornou-se parte integral da própria doutrina). Os pastores distanciaram-se do rebanho o que podemos alegoricamente expressar com a frase: "Preferiram megafone em vez de telefone". Optaram por falar e não por ouvir, mas, para qualquer eventualidade, tinham na ponta da língua a resposta pronta: <i>"Nós escutamos o povo! Até fizemos uma lei que define isso como uma obrigação!"</i>. É claro que escutavam, enquanto o povo ficava de joelhos. Os príncipes ouviam a sua confissão de culpa para, logo depois, repreender o povo e sentenciar a sua penitência. Tinham, igualmente (e ainda têm!), o outro argumento "teológico": <i>se a voz do povo realmente fosse a voz de Deus, Jesus não seria crucificado, pois foi o povo que gritava "Crucifica-o!".</i> A interpretação de algumas passagens bíblicas, cuidadosamente escolhidas, sempre foi o trunfo na manga do clero.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Foi, no entanto, o próprio Jesus que disse aos fariseus que queriam calar a voz do povo: <i>"Se eles se calarem, as pedras gritarão"</i> (cf. Lc 19, 40). Entendeu isso muito bem o Papa João XXIII que nunca tinha perdido (nem negado) a sua alma de camponês. Com a intenção de aproximar a Igreja ao mundo, ou melhor, unir a Igreja-instituição (leia-se "o clero") à Igreja-povo, o Papa Roncalli convocou o Concílio Ecumênico Vaticano II. Como diz o monge beneditino espanhol <a href="http://www.ihu.unisinos.br/noticias/505603-a-solidao-institucional-de-joao-xxiii">Hilari Raguer Suñer</a>: <i>Seu projeto se deparou com a resistência cerrada da maioria do entorno curial, mas o mantiveram firme a certeza de que Deus o queria e também o entusiasmo que o anúncio do Concílio suscitou no povo de Deus (vox populi- vox Dei) e até mesmo, além das fronteiras da Igreja, em todos os "homens de boa vontade"</i>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Foi o Concílio Vaticano II que declarou, entre outras coisas: <i>Nenhuma ambição terrestre move a Igreja. Com efeito, guiada pelo Espírito Santo ela pretende somente uma coisa: continuar a obra do próprio Cristo que veio ao mundo para dar testemunho da verdade, para salvar e não para condenar, para servir e não para ser servido. Para desempenhar tal missão, a Igreja, a todo momento, tem o dever de perscrutar os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho, de tal modo que possa responder, de maneira adaptada a cada geração, às interrogações eternas sobre o significado da vida presente e futura e de suas relações mútuas. É necessário, por conseguinte, conhecer e entender o mundo no qual vivemos, suas esperanças, suas aspirações e sua índole frequentemente dramática</i> (Gaudium et Spes, 3-4).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Vivemos, há quase um ano, uma nova esperança. É a era do Papa Francisco. No último domingo ouvimos as suas afirmações (vale muito a pena ler o <a href="http://papa.cancaonova.com/angelus-com-o-papa-francisco-260114/">texto na íntegra</a>!): <i>O Evangelho deste domingo conta o início da vida pública de Jesus nas cidades e nos vilarejos da Galileia. A sua missão não parte de Jerusalém, isto é, do centro religioso, centro também social e político, mas parte de uma zona periférica, uma zona desprezada pelos judeus mais observadores </i>[ortodoxos]<i>, por motivo da presença naquela região de diversas populações estrangeiras </i>(...).<i> Partindo da Galileia, Jesus nos ensina que ninguém é excluído da salvação de Deus, antes, que Deus prefere partir da periferia, dos últimos, para alcançar todos. </i>(...)<i> Jesus começa a sua missão não somente de um lugar descentralizado, mas por homens que se diriam, assim, "de baixo perfil". Para escolher os seus primeiros discípulos e futuros apóstolos, não se dirige às escolas dos escribas e dos doutores da Lei, mas às pessoas humildes e simples </i>(...).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Embora o adágio <i>"vox populi-vox Dei"</i> não esteja (de forma literal) na Bíblia, o mesmo sentido podemos detectar na advertência de Jesus sobre os <i>"sinais dos tempos"</i> (mencionados acima, no texto do Concílio). Os nossos tempos têm mostrado muitos sinais, entre os quais, em diversas dimensões, destaca-se a voz do povo. Queira Deus que ela seja ouvida! </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Leia também a reflexão de Pe. Vitor Gonçalves <i>"Da periferia ao centro"</i>, no blog <a href="http://diversidadecatolica.blogspot.com.br/2014/01/da-periferia-ao-centro.html">Diversidade Católica</a> ou no blog <a href="http://rumosnovos-ghc.blogs.sapo.pt/da-periferia-ao-centro-50967">Rumos Novos</a>.</span></div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-87597679246328034192014-01-27T13:56:00.001-04:002014-01-27T13:56:49.962-04:00Paixonite<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYThh-2fga-2Vww1EUgvgkHQ6qwzuuqIIQOMlFhSGpAKOcC8iPWn1ydrxVvLLv1Y7Rc4wnHM_V3eH-1xY4O3T-j3krQ4b_-XQ5xGBFqSDESH3-SMxvg_mc-D03bwCVaHI1h4Jd6StZGJkR/s1600/dance.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYThh-2fga-2Vww1EUgvgkHQ6qwzuuqIIQOMlFhSGpAKOcC8iPWn1ydrxVvLLv1Y7Rc4wnHM_V3eH-1xY4O3T-j3krQ4b_-XQ5xGBFqSDESH3-SMxvg_mc-D03bwCVaHI1h4Jd6StZGJkR/s1600/dance.jpg" height="320" width="217" /></a></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><i><span style="color: black;"><b><br /></b></span></i></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><i><span style="color: black;"><b>Limerência
</b></span><span style="color: black;">é
um estado cognitivo e emocional involuntário que resulta de um
desejo romântico por outra pessoa (</span><span style="color: black;">objeto
da limerência</span><span style="color: black;">)
combinado por uma intensa, avassaladora e obsessiva necessidade de se
ter o sentimento correspondido. O termo foi cunhado em 1979 pela
psicóloga e escritora norte-americana Dorothy Tennov para descrever
o conceito que havia surgido em suas pesquisas em meados dos anos 60,
quando entrevistou mais de 500 pessoas sobre o amor. A palavra, que
apareceu pela primeira vez no ano de 1979 livro "Love and
Limerence: The Experience of Being in Love" (Amor e Limerência:
A Experiência de Estar Apaixonado, em tradução livre).</span></i></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><i><span style="color: black;">Mais
recentemente, a limerência foi definida em relação ao </span><span style="color: black;">transtorno
obsessivo-compulsivo </span><span style="color: black;">como
“um estado interpessoal involuntário que envolve pensamentos,
sentimentos e comportamentos intrusivos, obsessivos e compulsivos que
são contingentes e dependem da percepção de reciprocidade
emocional da parte do objeto de interesse”.</span></i></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><i><span style="color: black;">Limerência
também foi definida em termos de seus efeitos potencialmente
inspiradoras e de sua relação com a </span><span style="color: black;">teoria
do apego</span><span style="color: black;">,
que não é exclusivamente sexual, como sendo "um estado
involuntário potencialmente inspirador de adoração e de apego a um
objeto da limerência envolvendo pensamentos, sentimentos e
comportamentos intrusivos e obsessivos que vão da euforia ao
desespero, a depender da reciprocidade emocional percebida”.</span></i></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><i><span style="color: black;">A
</span><span style="color: black;">teoria
do apego </span><span style="color: black;">enfatiza
que "muitas das mais intensas emoções surgem durante a
formação, manutenção, interrupção e renovação dos primeiros
laços afetivos". Sugere-se que "o estado de limerência é
a experiência consciente da motivação do incentivo sexual"
durante a formação de um vínculo: "uma espécie de
experiência subjetiva da motivação do incentivo sexual"
durante o "intensivo... estágio de formação de pares" do
vínculo afetivo humano.</span></i></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: inherit;"><i>A
limerência pode durar dias, meses, anos, ou até mesmo pelo resto da
vida da pessoa afetada. Na linguagem popular, é conhecida como
Síndrome de <b>Paixonite Aguda</b>. </i>(<a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Limer%C3%AAncia">Wikipédia</a>)</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="color: black; font-family: inherit;">_____ </span><span style="line-height: 150%;">♂♂☼♥♥♪♪☺☺♪♪♥♥☼♂♂ _____</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: inherit;">Na prática, as coisas acontecem da seguinte maneira: ele está ao meu lado quase o tempo todo. Juntos assistimos e comentamos os programas da televisão, rimos das mesmas burrices e nos emocionamos com as mesmas cenas. Passeamos, fazemos compras, tomamos sorvete. Conversamos longamente sobre vários assuntos, contamos os nossos segredos do passado, relatamos aquilo que marcou a nossa vida e descrevemos os nossos familiares. Sim, dormimos juntos, mas (ainda ) não fizemos sexo. No momento, o mais importante é dormir "de conchinha". Já nos tornamos muito íntimos, o nosso olhar é apaixonado. Quando tomamos coragem para revelar algum defeito particular, uma mania ou vício, o carinho mútuo cresce ainda mais. Na presença de outras pessoas comunicamo-nos com caretas e olhares que só nós entendemos. Fazemos planos para o futuro e o que mais desejamos é viajar. Sonhamos em nos casar um dia (no futuro não muito distante) e morar junto pelo resto da vida. Não há ciumes, desentendimentos, neuroses. Também não ficamos exageradamente grudados. Eu gosto de ver quando ele escreve, passa a roupa ou faz qualquer outra coisa. As vezes ele sai e eu fico esperando pelo seu retorno. Quando isso acontece, percebo que ele sentiu saudade, assim como eu. Enfim, estamos muito felizes...</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: inherit;">Um detalhe: tudo isso acontece dentro da minha cabeça. Se eu, um dia, tivesse a ocasião de encontrá-lo pessoalmente (sim, sim, ele é real), muito provavelmente eu confundiria o real com o imaginário. Ficaria decepcionado se ele não atendesse ao meu carinho ou não compreendesse as minhas piadas. O rapaz, certamente, ficaria espantado com o meu entusiasmo e - por me considerar um maluco - nunca mais teria vontade de me ver. Digo isso, porque já experimentei essas situações. A minha paixonite não é apenas aguda, mas se repete com bastante frequência. A única solução seria encontrar uma pessoa real, antes que surja o seu "substituto" imaginário...</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: inherit;">Tive três namorados reais, cinco ficantes e, talvez, uns cinquenta casos de paixonite. Quase sempre separadamente, ou seja, uma pessoa de cada vez. Em sua grande maioria, essas paixonites não saíram da minha cabeça. E, em poucos casos, ao saírem, as minhas tentativas (de me aproximar, de "abrir o jogo" ou até de "dar em cima") tinham sido frustradas. Algumas pessoas, diga-se de passagem, deixaram de falar comigo. Tudo isso parece ser suficiente para nunca mais me deixar levar por esse tipo de coisa. Acredite quem quiser... Estou, no momento, de uma paixonite nova...</span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: inherit;">Eu sei que as desilusões fazem parte da vida e por mais dolorosas que sejam, são saudáveis. Até agora, tirando os três relacionamentos felizes [enquanto duravam], todo o resto não passou de ilusão. Seria querer e pedir demais, que a desilusão se limite apenas às qualidades da pessoa (afinal, só Deus é perfeito) e não à possibilidade real de tal pessoa namorar comigo?</span></div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-72296599459887411072014-01-25T13:13:00.000-04:002014-01-25T13:13:19.790-04:00Café com leite<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOJwa1oN9uIe9Z9WM6N5ss7j8iNFxvaFQPOJG8SCSEwu61W8SLiOTT36SkfOWNnBUQ7dwZ4Nb__ee1bYBBSf3L6gwpT8awCc6n-xuCAkZtTYRVYAcaoxqAXvOh74mvU0zvQ4p0hojRDtxB/s1600/cafecomleite.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOJwa1oN9uIe9Z9WM6N5ss7j8iNFxvaFQPOJG8SCSEwu61W8SLiOTT36SkfOWNnBUQ7dwZ4Nb__ee1bYBBSf3L6gwpT8awCc6n-xuCAkZtTYRVYAcaoxqAXvOh74mvU0zvQ4p0hojRDtxB/s1600/cafecomleite.jpg" height="121" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Queridos ouvintes, dentro de alguns instantes vai começar a cerimônia do casamento. O clima é festivo, mas também sente-se no ar um pouco de tensão. Afinal, não é todo dia que acontece uma coisa dessas. Os noivos são muito diferentes e há quem diga que esta união não vai dar certo. Entre os convidados as opiniões se dividem entre a comoção e a indignação. Para entendermos melhor as razões que levaram esses dois a tomarem uma decisão tão radical e definitiva, vamos conversar com os próprios noivos que não escondem a felicidade tão esperada. Vou começar pelo senhor Leite que acaba de conversar com seus familiares que, aliás, são a maioria dos convidados à festa, em comparação com um número visivelmente menor de parentes do outro noivo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Bom dia! Em primeiro lugar, os meus parabéns antecipados! Os nossos ouvintes gostariam de saber o que levou o senhor a decisão tão corajosa que, segundo alguns dos seus convidados, é uma renúncia da própria identidade, quase uma traição dos milenares costumes da tribo?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Bem, eu poderia responder com apenas uma palavra: o amor. No entanto, gostaria de acrescentar mais algumas coisas. A mais importante tradição da nossa família e a mais autêntica identidade é a entrega, a generosidade, a doação. Nós existimos para dar a vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Ah, que bonito! Mas, numa união dessas que paradoxalmente chama-se indissolúvel, não acontece justamente o contrário, quer dizer, o senhor fica diluído? Muita gente, aqui mesmo, diz que o senhor vai perder a sua pureza, a sua brancura, o seu sabor e o aroma? Para ser mais exato, o senhor vai perder até o seu nome que passará a funcionar como secundário...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Na verdade, tudo depende da ótica. Dizem que vou perder tudo isso, enquanto, de fato, eu estou entregando o que tenho de melhor. Ao mesmo tempo vou ganhar uma cor nova, um sabor e aroma também novos. Não concordo quando as pessoas dizem que o branco é a mesma coisa que incolor, mas a nova cor que irei ganhar acho mais interessante. Pelo menos vou perder a minha palidez que, para mim, é o sinônimo da solidão. Mal posso esperar!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- O senhor tem uma família muito grande, mas fiquei sabendo que nem todos compareceram no seu casamento...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- É verdade. Uma irmã minha não veio porque, como disse, ela se derrete no calor das emoções. A outra irmã minha, a mais velha, ela é meio esnobe e se acha nobre demais para se misturar com os pobres [risos]. É a nata da família, muito conservadora, coitada. Mas, olha aqui os meus primos coloridos. Todos já se casaram: um ficou vermelho, outro cor-de-rosa e assim por diante. Para eles, o meu casamento é a coisa mais normal na face da terra. Alguns parentes vieram até do exterior. Já viu aquele esquisitão que parece estragado? O cheiro dele também não é dos melhores, mas dizem que ele é muito caro lá, onde mora. Enfim, a questão de cor não é mais um problema na nossa família, acabamos com este preconceito. E tem outra coisa, inclusive confirmada pelos cientistas. Sim, sim, eu li muito sobre isso. Nesta nova união, nenhuma das minhas propriedades se perde, além das coisas exteriores. Pelo contrário! Além de ganhar algumas novas, aquelas que tenho ficam ainda mais refinadas, agradáveis e até assimilam-se melhor. Com outras palavras, será uma fusão, mas não confusão. Eu entrego e não perco a minha vida para ganhar outra, nova, diferente. Alguns dizem que vou sofrer alterações. Mas, para que usar o termo "sofrer" em vez de "conquistar"? Sofre-se uma derrota e aquilo que estou vivendo não é uma derrota. É uma vitória e a vitória se conquista. Ah, sim, o sofrimento também faz parte do processo, é inevitável, porém, não essencial. Vou deixar de ser apenas eu para me tornar a metade de um "nós" que, neste caso, é mais um singular do que um plural. Como dizem os jovens: "É nós". Se quiser saber, isso vem da Bíblia que diz que "não serão mais dois, mas uma só carne". Não é maravilhoso?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Bem, só posso agradecer pela sua atenção e desejar muita felicidade. E aproveito aqui a presença do outro noivo que ouviu toda a nossa conversa, sem esconder a emoção. Reitero as minhas felicitações também para o senhor e gostaria de perguntar se a sua opinião é semelhante. Não posso deixar de notar o fato de serem pouquíssimos os seus familiares, presentes no casamento...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Ah, sim, é verdade. A minha família é bem menor do que a do meu noivo. E também tem gente reclamando, mas eu não ligo. Um irmão meu, o Expresso, me chamou de vacilão, mas ele é assim mesmo, tem um temperamento forte e esquenta com cada coisa. Eu, porém, prefiro a ideia do meu noivo e concordo com cada palavra dele, embora a nossa história tenha sido diferente. Por exemplo, aquilo que ele falou sobre a cor. Nossa! Eu já passei por tanta coisa! Nasci verde, virei vermelho e agora estou marrom quase preto. Primeiro me regaram, depois arrancaram, descascaram, queimaram, trituraram... enfim. Tive uma vida cheia de contradições. A água me deu a vida, mas fiquei desidratado, sequinho mesmo e ainda trancado hermeticamente, só para não pegar a umidade. Depois me afogaram na água fervente para que ficasse assim como está me vendo agora. Falando verdade, fiquei muito amargurado com tudo isso, mas agora isso vai mudar, graças a Deus e graças ao meu noivo. Para quem fala sobre as perdas, respondo: já pensou que, para mim, a escuridão é o mesmo que a solidão? O resto é a mesma coisa que ele disse: não perco nada e ganho tudo, torno-me mais suave. Estou muito feliz com esta mudança e se quiser saber, é por todo o resto da minha vida. Aliás, da nossa vida. Ah, lembrei! Em relação ao nome... Foi ele que pediu para colocar o meu na frente...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Ai, que bonitinho! Parabéns então, de coração mesmo. E uma última palavra: vocês têm planos para a lua de mel e para depois?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Temos sim, inclusive a sua dica sobre o mel é interessante. Por enquanto pensávamos apenas no açúcar, mas podemos testar outros adoçantes. Além de umas pitadas de canela e de sal. É sério! Muita gente não sabe, mas uma pitada de sal faz com que o sabor fique ainda mais refinado, só não se pode exagerar [risos]. E vamos viajar pelo mundo inteiro, de caneca, de copo e de xícara... Temos tantas possibilidades! E vamos testar novas proporções, novas cores e novos sabores. Vai ser um espetáculo! Agora precisamos pedir licença, porque a cerimônia vai começar...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
----------------------------------------------------------------------</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Obs.: O vídeo não é exatamente sobre a história relatada acima, mas não deixa de ter algo a ver com ela.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/VjSVkcAWaA0?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-12090668470744816882014-01-24T14:28:00.002-04:002014-01-24T14:28:39.559-04:00Reencontros e desencontros<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXNj_rk-yhtbgNb9sQvC58FnyiMPUuuPjVgpfQ8Q38pLoH9tld8Yf222TitZGKHEe__LsZk97qKcnowIdwqeLk1H-C-StUInfYe9Fvego_1_g-Yhom7xvRkrVn2l5Kqk_Z612yaTRNgQFz/s1600/looking1amoravida.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXNj_rk-yhtbgNb9sQvC58FnyiMPUuuPjVgpfQ8Q38pLoH9tld8Yf222TitZGKHEe__LsZk97qKcnowIdwqeLk1H-C-StUInfYe9Fvego_1_g-Yhom7xvRkrVn2l5Kqk_Z612yaTRNgQFz/s1600/looking1amoravida.jpg" height="320" width="254" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pelo menos umas 2-3 vezes por ano participo de um encontro que para muita gente pode parecer algo impossível, ou uma loucura. Para mim não é... Para ser mais exato, trata-se de um reencontro que, desta vez, foi ainda mais especial. Acredite ou não, mas mantenho o contato frequente com o meu último ex-namorado (vou chamá-lo aqui de "L.") e mesmo tendo encerrado o relacionamento que durou uns três anos, hoje em dia somos melhores amigos. O penúltimo namorado meu (vou chamá-lo aqui de "M"), também é um bom amigo, embora os nossos encontros sejam menos frequentes por ele estar morando atualmente em São Paulo. Ele não é amigo apenas meu, mas também daquele que ocupou o seu lugar. Resumindo: nós três (eu e os meus dois últimos ex-namorados) cultivamos a amizade recíproca e sempre quando o "paulistano" vem ao Rio, procuramos nos encontrar e passamos pelo menos uma ótima tarde juntos. Em meados deste mês almoçamos juntos (na casa do "L") e o resto foi uma deliciosa tarde de altos papos e muitas gargalhadas. Houve, também, alguns desabafos particulares "nos bastidores". O "L" continua, há mais de um ano, em seu lindo e sereno relacionamento (se não me engano, o terceiro depois do nosso), está super feliz e eu compartilho a sua felicidade, torcendo que dure para sempre. Tive a oportunidade de conhecer o namorado dele e tenho certeza de que os dois formam um belíssimo casal. Quem me surpreendeu e deixou preocupado foi o "M". Primeiro, ele me lembrou que já se passaram 10 anos desde o momento em que terminamos (eu sempre fui péssimo em lembrar de datas e quaisquer números em geral). Ao me lembrar daquele tempo em que ele tinha sido trocado pelo "L" (sim, sim, o mesmo), ele me disse (com uma cara que eu não conhecia): "Você quer comemorar?". Entendi imediatamente, mas a surpresa me fez perguntar: "Comemorar, comemorar? Como assim?". - "Ah, não me diga que você se esqueceu de como se faz isso!". Confesso que fiquei sem resposta, tentei fazer piada e acabei mudando de assunto. Mais tarde ele me disse apenas: "Então... Entendi que a sua resposta é 'não', certo?". Certo. Não que eu tenha perdido a atração que sentia por ele. É que eu compreendo o sexo de outra maneira. Para mim é a consequência e a expressão de um relacionamento amoroso (pois é, sou careta mesmo). E eu não acredito muito no "relacionamento à distância" (como disse antes, ele mora atualmente em São Paulo). O que me preocupou, porém, foi a outra declaração dele: "Pense em sexo casual... Sou eu!". O "M", depois de terminarmos, ficou algum tempo sozinho e depois viveu um relacionamento de três anos (acho interessante essa sequência de triênios, diga-se de passagem), em seguida, passou um tempo fora do país e ao retornar, começou a "caça". Disse que já perdeu a conta, mas trata-de de "uns 30 caras", na maioria desconhecidos (alguns até de nome), de lugares inusitados e situações perigosas. Enfim... fiquei bastante preocupado e confesso que me senti um tanto culpado (afinal, mais que provavelmente, fui eu quem o introduziu a "essa vida"). Conversei depois com o "L" que discordou da minha sensação de culpa e decidiu dar uma bronca ao "M". O nível da nossa amizade atual permitiu que tal bronca não se baseasse na minha "fofoca". O próprio "M" contou a mesma história ao "L" e só depois levou a prometida bronca que, de fato, expressava a mais autêntica preocupação e um conselho: "Vê se arruma um namorado! É muito melhor e mais seguro".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Existe uma analogia entre os pais e os ex-namorados (pelo menos no nosso caso). Assim como muitos pais têm dificuldade de admitir que os filhos, um dia, deixam de ser crianças, assim eu pensei que o rapaz com quem terminei há 10 anos, fosse o mesmo também hoje. As pessoas evoluem. As vezes na direção previsível e outras vezes não...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Os nossos relacionamentos fazem parte do passado, mas o amor continua. Não é mais o amor de intimidade sexual, mas o mais sincero desejo de felicidade para cada um, junto com o respeito pelo espaço particular do outro, não deixam de significar um amor verdadeiro. Há coisas que só compartilho com eles e não conheço ninguém que consiga me compreender como eles. Por isso mesmo detesto os slogans do tipo: <i>"Se ex-namorado fosse bom, não seria ex"</i>, <i>"Ex-namorados são como vestidos velhos. Você vê um retrato antigo e diz: como um dia tive coragem de sair com aquilo?"</i>, <i>"Não derrame lágrimas pelo 'ex'! Derrama logo gasolina e taca fogo"</i>. As frases desse gênero, criadas por uma mente mesquinha e retardada, mostram a total ausência de amor. E não apenas depois de um relacionamento rompido, mas principalmente enquanto ele durava. É o mesmo nível de idiotice que ouvimos todos os dias no insistente e irritante lançamento de um CD na TV globo: <i>Tá duvidando, é? Cuidado que eu te esqueço e você cai do cavalo. Tá se achando, é? Aproveita que um dia eu te esqueço na gaveta!</i> (Fernando e Sorocaba, "Gaveta").</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">_________________________________________</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: inherit;"><i>Obs.: A foto acima remete a dois fenômenos da atualidade televisiva (o seriado "Looking", estreado recentemente na HBO e a novela da globo "Amor à vida"). Nenhuma dessas histórias retrata a nossa, embora existam alguns elementos um tanto parecidos... </i></span></div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-24598041968543772162014-01-22T19:26:00.000-04:002014-01-22T19:35:13.926-04:00Jurisprudência divina<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXq7VJwkqwLgYv99OYlxwQJi-u3LYGFKNyLEB8DqnM1KdmDhJtTIlxtp1iYZW3oxj1QKd6Awu_O3ddAoMNJMmnKuiT91NvmHpXYHodJgHIVgLP8xuwj_u7RozpWYnetxhPpc5aLMvCmUcs/s1600/rei.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXq7VJwkqwLgYv99OYlxwQJi-u3LYGFKNyLEB8DqnM1KdmDhJtTIlxtp1iYZW3oxj1QKd6Awu_O3ddAoMNJMmnKuiT91NvmHpXYHodJgHIVgLP8xuwj_u7RozpWYnetxhPpc5aLMvCmUcs/s1600/rei.JPG" height="320" width="186" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black; font-family: inherit;">A
jurisprudência é o conjunto das soluções dadas pelos tribunais às
questões de Direito. A sua função principal é a adaptação da
lei às ideias e aos costumes contemporâneos. A jurisprudência
nasceu com o <i>Common law </i>inglês, no qual o direito é criado e
aperfeiçoado pelos juízes. Uma decisão a ser tomada num caso
depende das decisões adotadas nos casos anteriores e afeta o direito
que será aplicado em casos futuros. A cinematografia
norte-americana, com certa frequência, ajuda-nos a compreender
melhor como funciona o <i>Common law</i>. São aqueles advogados
que desesperadamente estudam os processos antigos para encontrar a
solução de um caso de outrora que seja útil aos seus clientes. O
argumento que diz "uma vez, o caso semelhante, foi resolvido
assim", é capaz de convencer o juiz.</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Será
que o Rei dos reis e Juiz dos juízes segue, também, algum tipo de
jurisprudência? Segue, sim e podemos dizer que ela é, no mínimo,
bastante curiosa. As leituras litúrgicas de ontem fornecem para nós
alguns dos inúmeros exemplos bíblicos. Refiro-me aos textos da
terça-feira da 2ª semana do tempo comum (1Sm 16, 1-13; Sl 88; Mc 2,
23-28). No primeiro texto temos o profeta Samuel que vem transmitir a
voz de Deus, portanto, a sua ordem e a sua lei. Um detalhe chamou a
minha atenção. Antes de tudo, Deus orientou assim o seu servo: </span><i style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Eu
te mostrarei o que deves fazer e tu ungirás a quem eu te
designar</i><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"> (v. 2). Depois Samuel </span><i style="font-family: inherit; line-height: 150%;">purificou Jessé e
seus filhos e convidou-os para o sacrifício</i><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"> (v. 5). Como se
sabe, o ritual de mais diversas purificações e associado a ele
conceito da impureza fazem parte da cultura e da mentalidade do povo
de Israel, inclusive de sua legislação. Uma sociedade teocrática
não distingue muito claramente a origem das leis vigentes e, para
facilitar as coisas, justifica os seus comportamentos com a ideia da
obediência a Deus, ainda que nem sempre tenha acertado o seu
discernimento. Mostram isso as precipitações mentais de Samuel que,
como um escolhido do Senhor, vivia ouvindo a voz de Deus. Percebemos,
porém, que ele escutava igualmente as dicas de sua lógica humana.
Em alguns momentos parecia até um duelo de vozes: </span><i style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Certamente
é este o ungido do Senhor! - Não! Não é este! </i><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Quando
acabou a fila dos candidatos, surgiu uma questão óbvia: </span><i style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Estão
aqui todos os teus filhos?</i><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"> Pois é, havia mais um, mas quem
teria a ideia de imaginar o caçula como o futuro rei de Israel? E o
Senhor que acabava de dizer a Samuel para não se deixar enganar pela
aparência, desta vez faz questão de notar que Davi </span><i style="font-family: inherit; line-height: 150%;">era
ruivo, de belos olhos e formosa aparência</i><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;">. Quando chegou, então,
o bonitinho, Deus disse ao profeta: </span><i style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Levanta-te, unge-o: é
este!</i><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"> Samuel, é claro, obedeceu na mesma hora e nem teve a
ousadia de questionar: </span><i style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Uê, Senhor, e a purificação? Ele
teria que ser purificado antes, porque é assim que manda a Tua
lei!</i><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"> Se tivesse tal coragem, certamente teria recebido a
mesma resposta que ouviu, séculos mais tarde, não menos ungido
Apóstolo Pedro: </span><i style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Não chames de impuro o que Deus tornou
puro!</i><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"> (At 10, 15).</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;">O
mesmo elemento da jurisprudência de Deus, isto é, a exceção
(ou a suspensão), percebemos ainda mais nitidamente no texto do
Evangelho proposto para o mesmo dia. É o típico exemplo do </span><i style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Common
law</i><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;">, aplicado pelo próprio Jesus. Caminhando por uns campos de
trigo, os discípulos de Jesus arrancaram algumas espigas para comer,
o que não seria tão grave se não fosse o dia de sábado. De um
lado, a lei de Deus obrigava os camponeses a deixarem um feixe de
trigo "esquecido" no campo durante a colheita, para que os
transeuntes necessitados pudessem comer (cf. Dt 24, 19). Afinal, Deus
é Amor e se preocupa com os pobres. Por outro lado, no sábado não
se podia fazer trabalho algum. Os fariseus, membros ilustres da elite
religiosa do povo, lembraram-se, obviamente, da proibição e não do
amor, o que observamos igualmente em todas as discussões travadas
por eles com Jesus: </span><i style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Por que eles fazem em dia de sábado o
que não é permitido?</i><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"> (Mc 2, 24). Jesus recorre a um
precedente (exatamente como os advogados que usam a lógica do </span><i style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Common
law</i><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;">): </span><i style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus
companheiros fizeram quando passaram a necessidade e tiveram fome?
Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo
sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus e os deu também aos seus
companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses
pães.</i><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"> (v. 25-26)</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Mais
ou menos neste sentido podemos dizer: Por acaso nunca lestes o que
Jesus fez quando um centurião romano o pediu para curar seu servo
que muito provavelmente era, também, o seu amante? Como o Senhor não
somente curou o doente sem questionar a relação dos dois, mas ainda
elogiou a fé daquele centurião? (cf. Mt 8, 5-13 e Lc 7, 1-10). Ou,
quando Filipe, um dos sete diáconos, anunciou a fé ao eunuco etíope
e, sem questionar a sua condição de esterilidade (ou, quem sabe,
homossexualidade, o que era bastante comum nos haréns da época e
nos palácios de rainhas), ministrou-lhe o Sacramento do Batismo?
(cf. At 8, 29-39). Ou, então, quando já mencionado aqui Pedro, o
primeiro Papa (talvez ante-Papa, sem confundir com qualquer
anti-Papa, mas tendo em vista que os Papas são seus sucessores),
chegou à conclusão definitiva: </span><i style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Deus me mostrou que não se
deve dizer que algum homem é profano ou impuro.</i><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"> (At 10, 28)</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;">A
"jurisprudência" de Deus baseia-se no amor. Os teólogos e
a doutrina oficial da Igreja afirmam que Deus é imutável, mas
também que é insondável. Quando, então, alguém afirma que isso
ou aquilo é assim e não pode ser diferente, pois provém da lei de
Deus, nem sempre tem razão. Não valeu a pena brigar (em nome de
Deus) com os cientistas (e queimar alguns deles na fogueira), só
porque afirmavam que a Terra é redonda. Em um contexto mais amplo
resume esta verdade a jornalista e escritora Martha Medeiros:</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<i style="font-family: inherit; line-height: 150%;"><br /></i></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<i style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Somos
vigorosamente contra ou a favor, como se de nossas posições
dependesse nossa vida. E chegam a ser inocentes nossas tentativas de
compreender a nós mesmos e ao mundo. Particularmente, gosto muito
dessa busca, mas sem perder a consciência de que, onde quer que eu
chegue, ainda estarei a milhões de anos-luz da compreensão
absoluta. Ainda bem. O que viria depois da compreensão
absoluta? </i><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;">("Causa e efeito" em Revista O Globo,
22. 12. 2013; p. 14).</span></div>
</div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-24344281271707422852014-01-21T01:30:00.000-04:002014-01-20T23:28:14.343-04:00Ações essenciais<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFmZd4bXOJnPo3LSaDza8WIS9ZrnHrNbOXWg1439WcPE8YxYVj_R-bCLrMIRF9FMqE4-rULBc6vhxMMv_2Eei3v9MHwn6nWeFETtsPTRoWkPjV4WppUjpBbhIO64ufjbVuL8gpJLGzUx2M/s1600/523271_548272231864089_1733326347_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFmZd4bXOJnPo3LSaDza8WIS9ZrnHrNbOXWg1439WcPE8YxYVj_R-bCLrMIRF9FMqE4-rULBc6vhxMMv_2Eei3v9MHwn6nWeFETtsPTRoWkPjV4WppUjpBbhIO64ufjbVuL8gpJLGzUx2M/s1600/523271_548272231864089_1733326347_n.jpg" height="221" width="320" /></a></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><br /></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<span style="color: black; font-family: inherit;">Há
um ano, o Governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral sancionou a <a href="http://myrianrios.com.br/blog/programa-de-resgate-de-valores-morais-sociais-eticos-e-espirituais-2/">Lei
N° 6394</a> de autoria da deputada estadual do Rio, Myrian Rios
(PSD). A lei institui o "Programa de resgate de valores morais,
sociais, éticos e espirituais" no âmbito do Estado do Rio de
Janeiro. O texto parece um conto de fadas e certamente tem como anexo (?) a regulamentação bem precisa por parte da Secretaria Estadual de
Assistência Social e Direitos Humanos. Afinal, alguns termos carecem
de uma definição mais detalhada, por exemplo:</span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<i style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></i></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<span style="font-family: inherit;"><i style="line-height: 150%;"><span style="color: blue;">Parágrafo
Único - O Programa deverá envolver diretamente a comunidade
escolar, a família, lideranças comunitárias, empresas públicas e
privadas, meios de comunicação, autoridades locais e estaduais e as
organizações não governamentais e comunidades religiosas, por meio
de atividades culturais, esportivas, literárias, mídia, entre
outras, que visem a reflexão sobre a necessidade da revisão sobre
os valores morais, sociais, éticos e espirituais</span> </i><span style="line-height: 150%;">(Deixando de
lado as imperfeições gramáticas, pergunto: “a reflexão sobre a
necessidade da revisão dos valores morais, sociais, éticos e
espirituais” precisa de uma lei? E se alguém não quiser refletir?
Será multado ou preso? Isso, sem dúvida precisa ser
regulamentado...)</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<i style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></i></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<span style="font-family: inherit;"><i style="line-height: 150%;"><span style="color: blue;">Art.
2º- O Poder Executivo deverá firmar convênios e parcerias
articuladas e significativas, com prefeituras municipais e sociedade
civil, no sentido de possibilitar a execução do cumprimento ao
disposto nesta Lei, com os seguintes objetivos: I – promover o
resgate da cidadania; II – fortalecer as relações humanas; III –
valorizar a família, a escola e a comunidade como um todo.</span> </i><span style="line-height: 150%;">(Qual
é o conceito da família? A legislação estadual obedece a nacional
que define a família como “comunidade formada por indivíduos que
são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por
afinidade ou por vontade expressa; independentemente de orientação
sexual” [Lei nº 11.340; art. 5º, inciso II, e parágrafo único]?)</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<span style="color: black; line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;"><i><br /></i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 150%;"><i><span style="color: blue;">Parágrafo
Único - Serão desenvolvidas ações essenciais que contribuam para
uma convivência saudável entre pessoas, estabelecendo relações de
confiança e respeito mutuo, alicerçada em valores éticos, morais,
sociais, afetivos e espirituais, como instrumento capaz de prevenir e
combater diversas formas de violência.</span> </i></span><span style="color: black; line-height: 150%;">(Qual
é o significado do termo “ações essenciais”? O "Programa
de resgate de valores morais, sociais, éticos e espirituais"
prevê, também, as ações essenciais para combater a homofobia,
estabelecendo relações de confiança e respeito mútuo entre as
pessoas heterossexuais e homossexuais? Ou os valores éticos, morais,
sociais, afetivos e espirituais não permitem isso? Em que baseiam-se
esses valores? Na doutrina católica? A deputada, em outro momento,
descreve-se <a href="http://myrianrios.com.br/blog/por-ele-mudei/">assim</a>:
</span><span style="line-height: 150%;"><span style="color: blue;"><i>Em
2003, cheguei à Comunidade Canção Nova e lá eu me restaurei.
Encontrei na fé um alicerce e recebi forças de Deus para me tornar
uma nova mulher. Naquele momento, o meu maior desejo era ser
totalmente de Deus e, por Ele, eu mudei.</i></span></span><span style="color: black; line-height: 150%;">)</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<i style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></i></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<span style="font-family: inherit;"><i style="line-height: 150%;"><span style="color: blue;">Justificativa
- Infelizmente, a sociedade de uma maneira geral vem cada dia mais se
desvencilhando dos valores morais, sociais, éticos e espirituais.
Valores esses que são de extrema importância para que nossa
sociedade caminhe para o crescimento. Sem esse tipo de valor, tudo é
permitido, se perde o conceito do bom e ruim, do certo e errado.
Perde-se o critério do que se pode e deve fazer ou o que não se
pode. Estamos vivendo em um mundo onde o egoísmo e a ganância são
predominantes. </span></i><span style="line-height: 150%;">(É uma impressão minha, ou as afirmações acima
realmente fazem alusão aos costumes e comportamentos, vistos como
errados pelos católicos fundamentalistas?)</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<i style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></i></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<span style="font-family: inherit;"><i style="line-height: 150%;"><span style="color: blue;">Justificativa</span>
</i><span style="line-height: 150%;">[continuação] <span style="color: blue;">- </span></span><i style="line-height: 150%;"><span style="color: blue;">Na busca de um mundo melhor o programa,
descrito nesse projeto, objetiva formular proposta de ações
educativas e sugestivas, direcionadas a criança, jovens e adultos
despertando uma grande mudança na sociedade fluminense.Diante dessa
realidade, a criação do programa supracitado, que tem como objetivo
principal conscientizar e reinserir valores de suma importância para
que possamos construir um futuro melhor, onde haja principalmente
respeito pelo próximo.</span> </i><span style="line-height: 150%;">(Como neste contexto fica, por exemplo, a
manifestação pública de afeto entre as pessoas do mesmo sexo, tal
como o beijo, considerado por muitos católicos e evangélicos uma
falta de respeito?)</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 150%;">A
deputada mantêm um </span><a href="http://myrianrios.com.br/blog/" style="line-height: 150%;">blog</a><span style="line-height: 150%;">
(ou mantinha, pois as últimas postagens são do ano passado). Lá
mesmo, além de publicar a lei em questão, divulgou uma </span><a href="http://myrianrios.com.br/blog/esclarecimento-sobre-programa-de-resgate-de-valores-morais-sociais-eticos-e-espirituais/" style="line-height: 150%;">nota</a><span style="line-height: 150%;">
esclarecedora:</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<i style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></i></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">
<i style="line-height: 150%;"><span style="color: blue; font-family: inherit;">Gostaria
de conversar com vocês sobre algumas polêmicas que vêm sendo
questionadas a respeito da aprovação do Projeto de Lei de minha
autoria, que institui o Programa de Resgate de Valores Morais,
Sociais, Éticos e Espirituais.</span></i></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: blue; font-family: inherit;"><i>Para
esclarecer algumas informações erradas que estão circulando na
mídia, eu não sou ex-atriz, sou e sempre serei atriz, pois sou
apaixonada pela arte da interpretação.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: blue; font-family: inherit;"><i>Também
gostaria de corrigir a matéria que divulgou que faço parte da
bancada evangélica da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Respeito todas as religiões, mas sou missionária consagrada da
comunidade católica Canção Nova.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: blue; font-family: inherit;"><i>Esse
projeto foi feito com a intenção de fazer mudanças positivas na
nossa sociedade, e não tem como propósito atacar ninguém por
motivo algum.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black; font-family: inherit; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;"><a href="http://www.cartamaior.com.br/?/Opiniao/Programa-de-Resgate-de-Valores-Morais-Sociais-/27490">Jacques
Gruman</a> procura respostas ao questionamento parecido com o meu:
</span><span style="line-height: 150%;"><i><span style="color: purple;">Afinal
de contas, existirá definição universal para valorização da
família ? E para alicerces espirituais? Quem vai fazer a lista dos
“valores morais” sugeridos pela lei?</span> </i></span><span style="color: black; line-height: 150%;">E
acrescenta: </span><span style="line-height: 150%;"><span style="color: purple;"><i>A
autora do projeto de lei, que vive às custas dos nossos impostos, é
a senhora Myrian Rios, ex-atriz, missionária católica conservadora.
Como muitos de seus pares, faz carreira confundindo púlpito com
tribuna, defendendo propostas “cristãs” arcaicas e destilando um
preconceito raivoso contra os homossexuais. Chegou a fazer campanha
contra o sexo anal (!). Não compreende e se revolta com as profundas
mudanças comportamentais das últimas décadas, que se refletem em
indivíduos e famílias, regurgita conceitos que não se sustentam
nas mais elementares evidências científicas e, presa a um
maniqueísmo pueril, nos ameaça com leis absurdas.</i></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" style="background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;">Repito:
a Lei Estadual N° 6394 vigora no Estado do Rio de Janeiro há um
ano. Em lugar algum consegui encontrar as notícias sobre a
regulamentação e a execução desta lei...</span></div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4373001129317620043.post-9099943001883194022014-01-20T12:56:00.000-04:002014-01-20T13:15:43.772-04:00Homofobia - palavra estranha<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHtKgRRLqNkFkz0X6WIMFiPK68mEB64ypunWqqNx-GsEaa4caZUCLRd3rzMCPhzCnv2IDc9_3lPQ0Ew4JWj4Fhhlh18_0MTbK2xOtWwKrM2_vp7zls_ntKYZ2jYNnAXKiqzDrv5j0jq5a6/s1600/estranho1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHtKgRRLqNkFkz0X6WIMFiPK68mEB64ypunWqqNx-GsEaa4caZUCLRd3rzMCPhzCnv2IDc9_3lPQ0Ew4JWj4Fhhlh18_0MTbK2xOtWwKrM2_vp7zls_ntKYZ2jYNnAXKiqzDrv5j0jq5a6/s1600/estranho1.jpg" height="320" width="243" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">Escrevi <a href="http://teleny-retorno.blogspot.com.br/2014/01/ser-homossexual-ou-gay.html"><span style="text-decoration: none;">recentemente</span></a> que
- em certo sentido - concordo com a<a href="http://destrave.cancaonova.com/entrevista-uma-pessoa-com-tendencia-homossexual-pode-ser-santa/http:/destrave.cancaonova.com/entrevista-uma-pessoa-com-tendencia-homossexual-pode-ser-santa/"><span style="text-decoration: none;">afirmação</span></a> usada
pelo padre Paulo Ricardo: "Não existe nenhuma homofobia".
Para ser mais exato, o padre disse: "Não existe nenhuma
homofobia em considerarmos a estrutura do mundo real". De fato,
a polêmica mais importante seria sobre o conceito do "mundo
real", mas o início daquela frase despertou na minha memória o
questionamento de outro tipo. Quando usei a expressão "em certo
sentido", fiz referência, de fato, a um e único sentido.
Enquanto a homofobia - como a entendemos - lamentavelmente continua
existindo e até parece aumentar, o próprio termo não me deixa
sossegado. O que quero dizer é que não existe a homofobia do ponto
de vista linguístico (etimológico, fraseológico etc.). O que, de
fato, existe e tanto nos atormenta é uma "heterofobia".</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">Analisemos um pouco
a história:</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: black;"><i>A
palavra </i></span><span style="color: black;"><i><b>homossexual</b></i></span><span style="color: black;"><i> é
um híbrido do grego e do latim com o primeiro
elemento derivado do </i></span><span style="color: black;"><i><u>grego</u></i></span><span style="color: black;"><i> </i></span><span style="color: black;"><i><b>homos</b></i></span><span style="color: black;"><i>, </i></span><span style="color: black;"><i><b>'mesmo'</b></i></span><span style="color: black;"><i> e
o segundo elemento derivado do </i></span><span style="color: black;"><i><u>latim</u></i></span><span style="color: black;"><i> </i></span><span style="color: black;"><i><b>sexus</b></i></span><span style="color: black;"><i>, </i></span><span style="color: black;"><i><b>'sexo'</b></i></span><span style="color: black;"><i>,
conotando portanto, atos sexuais e afetivos entre pessoas do mesmo
sexo. Especialistas em literatura psiquiátrica concordam em
posicionar o surgimento do termo homossexualismo no século XIX, por
volta da década de 1860 ou 1870, criado pelo discurso médico para
identificar o sujeito homossexual. A primeira aparição conhecida do
termo homossexual na impressão foi encontrada em um panfleto de
1869, publicado anonimamente, pelo romancista alemão nascido
na Áustria, Karl-Maria Kertbeny. </i></span><span style="color: black;">[</span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Homossexualidade"><span style="color: blue; text-decoration: none;">fonte</span></a><span style="color: black;">]</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: black;"><i>A </i></span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Homofobia"><span style="color: blue; text-decoration: none;"><i>palavra</i></span></a><span style="color: black;"><i> </i></span><span style="color: black;"><i><b>homofobia</b></i></span><span style="color: black;"><i> é
um neologismo criado pelo psicólogo George Weinberg, em 1971, numa
obra impressa, combinando a palavra </i></span><span style="color: black;"><i><u>grega</u></i></span><span style="color: black;"><i> </i></span><span style="color: black;"><i><b>phobos</b></i></span><span style="color: black;"><i> ("fobia"),
com o prefixo </i></span><span style="color: black;"><i><b>homo</b></i></span><span style="color: black;"><i>-,
como remissão à palavra "homossexual". </i></span><span style="color: black;">O
problema é que tal prefixo ('homo') é também uma palavra completa
(como vimos acima) e a mencionada remissão à palavra 'homossexual'
não parece tão óbvia. Se, portanto, a palavra 'fobia' - "medo,
aversão irreprimível" (do grego antigo φόβος)
associarmos ao termo 'homo' (também do grego antigo </span><span style="color: black;"><i>ὁμός
- 'mesmo, igual'</i></span><span style="color: black;">),
vamos descrever o "medo do igual" o que não é o caso da
homofobia real, cujos tristes efeitos sofremos diariamente na própria
pele. O medo, a aversão irreprimível, a agressão irracional...
tudo isso dirige-se a nós, justamente por sermos diferentes. Na
língua grega existe o termo 'heteros' (ετερός) que quer dizer
'diferente'. Por analogia (e, segundo os estudiosos, como a resposta
à criação do termo "homossexual") surgiu a palavra
"heterossexual", com a mesma lógica de associar um
elemento derivado do grego ('heteros' - 'outro, diferente') e o
outro, derivado do latim ('sexus' - 'sexo'), para indicar atos
sexuais e afetivos entre pessoas de sexos opostos. Logo, o mencionado
acima "medo causado pelas pessoas diferentes (no contexto
sexual)" seria 'heterofobia' e não 'homofobia'.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">Vale mencionar aqui
mais um termo, desta vez composto de duas palavras gregas e que
descreve a realidade muito próxima à homofobia. É
a <b>xenofobia</b> <i>(do </i><i><u>grego</u></i><i> </i><b>ξένος</b><i>, </i><i><b>xénos</b></i> <i>-</i><i><b>'estrangeiro'</b></i> <i>e </i><b>φόβος</b><i>, </i><i><b>phóbos</b></i><i> - </i><i><b>'medo'</b></i><i>)
é o medo, aversão ou a profunda antipatia em relação aos
estrangeiros, a desconfiança em relação a pessoas estranhas ao
meio daquele que as julga ou que vêm de fora do seu país. A
xenofobia pode manifestar-se de várias formas, incluindo o medo de
perda de identidade, suspeição acerca de suas atividades, agressão
e desejo de eliminar a sua presença para assegurar uma suposta
pureza.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: black;"><i>A
xenofobia pode ter como alvo não apenas pessoas de outros países,
mas de outras culturas, subculturas ou sistemas de crenças. </i></span><span style="color: black;"><i><b>O
medo do desconhecido pode ser mascarado no indivíduo como aversão
ou ódio, gerando preconceitos</b></i></span><span style="color: black;"><i>.
Em senso mais restrito, </i></span><span style="color: black;"><i><b>xenofobia
é o medo excessivo e descontrolado do desconhecido</b></i></span><span style="color: black;"><i>.
Neste sentido, </i></span><span style="color: black;"><i><b>é
umadoença</b></i></span><span style="color: black;"><i> e
insere-se no grupo das </i></span><span style="color: black;"><i><b>perturbações
fóbicas</b></i></span><span style="color: black;"><i>,caracterizadas
por ansiedade clinicamente significativa, provocada pela exposição
a uma situação ou objeto temido. Para o tratamento da xenofobia são
normalmente utilizados os métodos da </i></span><span style="color: black;"><i><b>terapia
comportamental</b></i></span><span style="color: black;"><i>.
Em alguns casos mais graves é habitual a administração
de </i></span><span style="color: black;"><i><b>medicamentos</b></i></span><span style="color: black;"> </span><span style="color: black;"><i>que
tenham por objetivo principal a diminuição da ansiedade extrema,
uma vez que esta impede que se realizem as sessões terapêuticas de
uma forma eficaz. Em outros casos, pode-se desenvolver </i></span><span style="color: black;"><i><b>crenças
irracionais (geralmente preconceituosas)</b></i></span><span style="color: black;"><i>,
pelo que também é recomendado que se busquem estratégias
cognitivas que trabalhem tais crenças.</i></span><span style="color: black;">[</span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Xenofobia"><span style="color: blue; text-decoration: none;">fonte</span></a><span style="color: black;">]</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;">Bem... Não pretendo
promover aqui uma revolução linguística ou a nova reforma
ortográfica/etimológica etc. Procuro apenas analisar os termos que
usamos.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">O
verdadeiro problema começa quando alguém insiste em negar a
existência de algo real. É o caso de "homoafetividade"
que, enquanto um termo, não deixa tantas dúvidas, porém é
questionada como a mais autêntica experiência vivida pelas pessoas
homossexuais. O "filósofo" Olavo de Carvalho, em um dos
seus discursos, exibidos no YouTube, disse literalmente: </span><em><span style="color: black;"><span style="font-style: normal;">Vamos
falar o português claro: no que consiste a homoafetividade
masculina, né? Consiste um comer o cu do outro, meu filho. Consiste
na boa e velha sodomia, você tá entendendo? </span></span></em><span style="color: black;">(Leia </span><span style="text-decoration: none;"><a href="http://teleny-retorno.blogspot.com.br/2013/09/olavo-de-carvalho.html"><span style="color: blue;">aqui</span></a> </span><span style="color: black;">e,
se realmente quiser, assista os vídeos no mesmo link).</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Terminando
as minhas divagações sobre os termos e as expressões (com seus
respectivos significados), gostaria de afirmar com a mais triste
veemência: a homofobia existe, sim... A página virtual "</span><a href="http://homofobiamata.wordpress.com/"><span style="color: blue; text-decoration: none;">Homofobia
mata</span></a><span style="color: black;">"
é um dos veículos que comprovam i documentam esse trágico
fenômeno.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: black;">Para
finalizar, recorro ao texto do Deputado Federal Jean Wyllys,
publicado na "</span><a href="http://www.cartacapital.com.br/sociedade/de-quantos-mortos-precisa-o-brasil-para-reagir-contra-a-homofobia-865.html"><span style="color: blue; text-decoration: none;">Carta
Capital</span></a><span style="color: black;">":</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><i>Eu já disse uma
vez e vou repetir. Cada uma dessas vítimas tem um algoz material —
o assassino, aquele que enfia a faca, que puxa o gatilho, que "desce
o pau", como o pastor Malafaia pediu numa de suas famosas
declarações televisivas. Mas há outros algozes, que também têm
sangue nas mãos. São aqueles que, no Congresso, no governo e nas
igrejas fundamentalistas, promovem, festejam, incitam ou fecham os
olhos, por conveniência, oportunismo, poder e dinheiro, cada vez que
mais um Kaique é morto. Eles também são assassinos.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: inherit;"><i>Como deputado
federal, mas também como cidadão gay desse país, e antes disso
tudo, como ser humano não consegue conviver com a violência e o
ódio como se fossem naturais, ficarei à disposição da família e
dos amigos de Kaique e farei tudo o que puder para que esse e outros
crimes sejam esclarecidos e não fiquem impunes. Como dizia o poeta
Pablo Neruda, chileno como Daniel Zamudio, "por esses mortos,
nossos mortos, eu peço castigo".</i></span></div>
telenyhttp://www.blogger.com/profile/17270495766012802060noreply@blogger.com0