ESTE BLOG NÃO POSSUI CONTEÚDO PORNOGRÁFICO

Desde o seu início em 2007, este blog evoluiu
e hoje, quase exclusivamente,
ocupa-se com a reflexão sobre a vida de um homossexual,
no contexto de sua fé católica.



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14 de dezembro de 2013

Adote um cachorro

Fonte: Deviantart

Retorno ao "Retorno (GAY)" (é o nome deste blog), após um período de férias. Mais uma vez fui à Europa, desliguei o celular e raramente abri qualquer página virtual. Uma pausa dessas, ainda que traga alguns problemas próprios, deve fazer a gente descansar, pensar e respirar em um ritmo diferente. O efeito colateral, ao menos no meu caso, é a demora em voltar à rotina. Ainda acordo antes da hora (deve ter sido o efeito do fuso horário diferente), ainda procuro palavras certas para falar e escrever e surpreendo-me com a camisa que me incomoda dentro de casa, recordando as 3-4 camadas de roupa usadas obrigatoriamente naquelas terras congeladas. Algumas ideias que, por lá, pareciam tão claras e fáceis em sua realização, aqui revelam-se, de novo, distantes e bem menos simples. Trata-se de umas mudanças bastante radicais, como a busca de um novo emprego (na verdade um novo estilo - ou status - de vida). Isso inclui a busca mais séria de mudança do meu estado civil (sério!). Falando nisso, sempre me reparo com as declarações daquele desejo fundamental (e bíblico) de não estar mais sozinho (pois não é bom: cf. Gn 2, 18), entretanto são pouquíssimas as pessoas que se decidem dar o próximo passo (inclusive eu). Será que já sonhamos tanto e acabamos criando um namorado imaginário tão perfeito que ninguém mais é capaz de corresponder àquele ideal? Eu sei que muita gente, simplesmente, não acredita no sucesso de um relacionamento estável, por outro lado, porém, não aceito a ideia de que os gays só procuram o sexo por aventura.
 
Foi neste contexto que, ao longo das minhas férias, inventei uma "cantada" esquisita. A lógica é seguinte: quantos anos, em média, vive um cachorro? Isso, é claro, depende da raça e de outros fatores, tais como a saúde, o modo de ser tratado, a alimentação e um monte de outras coisas. Afinal, assim acontece com qualquer ser vivo. Tendo em vista a minha idade atual (completei recentemente 48!) e - digamos - as estatísticas familiares, o tempo que me restou compara-se, de alguma maneira, à vida de um cão. Excluo aqui toda e qualquer conotação pejorativa e discriminatória que tal analogia possa evocar ("vida de cão", "quem nasce para cão, há de morrer latindo", "quem com cães se deita, com pulgas se levanta", "qão chupando manga", etc.). Refiro-me, antes, aos melhores exemplos de uma amizade que dura a vida toda e que pode ser chamada de relacionamento afetivo. Para ser ainda mais claro: não tem nada a ver com a zoofilia.
 
A estratégia seria essa: assistir com um candidato (ao namorado-marido-parceiro) um filme temático, por exemplo "Marley & eu", "Sempre ao seu lado", "Lassie", "K-9, um policial bom pra cachorro", "Iron Will", "Fluke: lembranças de outra vida", "Uma dupla quase perfeita", ou outro desse gênero e, no final, fazer o pedido: "[me] adote [como] um cachorro!". Eu sei que a ideia em si é um tanto bizarra, mas talvez a proposta de ficar junto "por resto da vida" possa assustar, enquanto não se tem a clareza quanto à duração daquele "resto". Faria sentido, então, dizer: fique comigo por até 15 anos, ou pelo menos 10?
 
...não sei, mas são essas coisas que trouxe das minhas férias...

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